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The Deadly Tower of Monsters – Review

O mundo do cinema não foi sempre como vemos hoje. Antigamente eram poucos os filmes que recebiam quantias astronômicas de patrocinadores para sair do papel e os que não recebiam eram classificados como filmes “b”. Tratando de ficção científica podemos citar clássicos como Planeta dos Macacos, Flash Gordon, King Kong, Perdidos no Espaço e O Planeta Proibido. E sabe o que estes filmes têm em comum além da temática sci-fi? Todos são homenageados por The Deadly Tower of Monsters, novo jogo do ACE Team.

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O Ace Team sempre teve como principal característica a aposta em conteúdo extremamente original, que tivesse um contexto único e brincasse com a história. Foi assim com Abyss Odyssey, Rock of Ages e Zeno Clash e é claro que com The Deadly Tower of Monsters não foi diferente. O novo game é um jogo de ação e aventura que faz piadas com todos os clichês do cinema e dos videogames que na verdade é o re-lançamento de um filme que saiu originalmente em VHS em 1970 e agora está vindo para DVD.

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Como todo bom DVD, este filme/jogo tem uma versão comentada pelo diretor, que é a que jogamos. Durante quase toda nossa aventura o diretor Dan Smith faz comentários sobre o filme, o visual, os personagens, curiosidades sobre as gravações, discute com seu estagiário Patrick e fala mais um monte de asneiras. O modelo de narração dinâmica que conheci em Bastion foi feito aqui de maneira completamente diferente, pois ao invés de explicar o enredo ou o que aconteceu antes de tudo ela é apenas uma diversão extra ao jogador que proporciona boas risadas.

Ah sim, o jogo. Mesmo com a narração roubando a cena, temos um jogo. A história de The Deadly Tower of Monsters trata-se da aventura do explorador espacial Dick Starspeed cuja nave cai num planeta misterioso chamado Gravoria. Sem nave e com seu parceiro e co-piloto, Robô, perdido por aí, Dick é obrigado a explorar o planeta sem nenhum motivo aparente.

Em meio as suas batalhas, Dick encontra Scarlet Nova, filha do Imperador, o tirano que domina todo o planeta. Scarlet conta a Dick todas as atrocidades que seu pai faz e o convence a ajudá-la a derrotá-lo e restaurar a paz em Gravoria. Mais pra frente os dois finalmente se encontram com Robô (isso não é um spoiler) e assim o trio está finalmente pronto para escalar a TORRE MORTAL DOS MONSTROS (tradução livre)!

Cada um dos personagens tem habilidades únicas que servem para ultrapassar obstáculos específicos e vencer inimigos que aparecem enquanto subimos pela torre. Só podemos controlar um deles por vez e os outros tem de ser deixados dormindo em câmaras. Eles compartilham dos mesmos itens que podem ser divididos entre curto alcance, que pode ser um bastão, um tridente do diabo ou um sabre de luz; e longo alcance, que são armas que tem efeitos variados como raios que eletrocutam mais de um inimigo, lança-foguetes e até pistolas que criam buracos negros.

Cada arma tem uma característica única que pode ser alcance, peso ou tempo de recarga, o que é muito legal já que o jogador as escolhe de acordo com o seu gosto e não porque uma é extremamente melhor que a outra. (Eu até tentei trocar, mas não tem coisa mais sensacional do que controlar um robô que usa o tridente do diabo e uma arma que cria buracos negros, simplesmente não tem, então esse acabou seu o meu conjunto padrão).

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Estas armas podem ser melhoradas em outras câmaras que geralmente encontramos em checkpoints, só que para poder melhorá-las temos que ter uma certa quantidade de coletáveis que são divididos em bronze, prata e ouro e que estão espalhados por Gravoria. Para coletá-los é necessário dominar tudo o que o jogo ensina, arriscar a vida e quase sempre fazer o improvável, aliás, se tem uma coisa em que The Deadly Tower of Monsters é bom é em colocar o improvável diante de nós.

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Armas prontas, agora podemos enfrentar os pavorosos monstros que vivem em Gravoria. Estes que podem ser desde macacos albinos, abomináveis homens das neves, dinossauros, formigas gigantes, vermes, caracóis, aliens, morcegos, olhos gigantes ou qualquer outra coisa que você possa imaginar, têm um visual bem bacana e o jeito que eles se movimentam é uma das coisas mais sensacionais que eu já vi, já que eles se movem como num filme stop-motion.

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Além destes inimigos do djabo, temos também os chefes que mudam o jeito como jogamos. Como são sempre gigantescos, eles escalam a torre destruindo tudo e cabe a nós apenas fugir e chegar ao ponto estratégico de “luta contra o chefe”. Essas lutas me deixaram de certa forma decepcionado, já que se trata apenas da mecânica já conhecida de acertar o ponto fraco e derrubá-lo do precipício. Esta mesmice só consegue ser quebrada durante a queda já que eles sempre nos puxam e somos obrigados a terminar a luta em queda livre.

Durante nossa aventura nos deparamos com diversas referências aos filmes “b” sci-fi que fizeram muito sucesso. Um planeta cheio de macacos, uma companhia Robô, uma torre cheia de monstros e mutantes, um gorila gigante, um vilão tirano e implacável. Não é necessário ser um fã de filmes “b”, ficção científica ou até de cinema para entendê-las e rir delas, estas referências funcionam bem até para quem nunca as viu na vida, mas dá um sentimento especial a aqueles que cresceram as acompanhando.

A graça de The Deadly Tower of Monsters está em poder brincar com o que é ruim e ser bom sendo ruim, mas mesmo que tudo pareça ser ruim de propósito, não há como negar que a câmera poderia ter sido muito melhor trabalhada. Não, ela não apenas incomoda, a câmera é simplesmente horrível. Como no jogo utilizamos duas formas de direcionamento – uma para movimentar o personagem e a outra para posicionar a mira – a câmera isométrica simplesmente não bate. Além disso, a mudança de perspectiva consegue deixar qualquer um com tontura, principalmente em cenas em que temos que cair propositalmente.

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Não fosse a câmera, essas cenas de queda livre seriam inesquecíveis. O jogo tem um detalhe bem divertido que é poder pular de qualquer ponto da torre e durante a queda alcançar coletáveis, atirar em inimigos ou alvos e até lutar contra chefes. Para sobreviver a essa queda temos a opção de usar o jetpack segundos antes de chegar ao chão ou nos teletransportar de volta ao lugar que estávamos antes de pular, o que é muito útil já que pode ser usado quando um inimigo nos derruba da torre.

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O jogo não é exatamente linear, já que possibilita que o jogador explore todo o planeta e acesse áreas antes inacessíveis utilizando as habilidades adquiridas. Apesar de isso ser bom, o jogo não explica bem como retornar ao ponto inicial e continuar com a missão principal, o que me fez re-escalar a torre duas vezes só para então perceber que eu podia me teletransportar ao meu último checkpoint. Aliás, para os amantes de exploração, temos algumas áreas que não fazem parte do jogo principal e estão ali apenas para dar mais jogo para quem jogar e introduzir novos inimigos.

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Com exceção deste detalhe que me confundiu, o jogo não tem muito o que se explicar, sua jogabilidade é bem simples, e é por isso que a narração do diretor é tão preciosa. Como não precisamos prestar realmente atenção ao jogo em si, apenas nos divertir com ele, Dan Smith nos entretém falando sobre as gravações do filme e sobre as pessoas que trabalharam nele.

Os relatos do diretor são ótimos e se encaixam completamente com o clima do jogo. Segundo Dan, os macacos usados no filme/jogo eram macacos de verdade inicialmente, mas descobriram que além deles serem péssimos atores o cheiro do cocô deles impregnava os estúdios, o que fez os atores boicotarem a participação deles e no lugar foram colocados os sobrinhos dos membros da equipe.

O jogo brinca com clichês do cinema como uma mulher salvando um homem, coisa que não acontecia, e ao invés de explicar porque Dick Starspeed se uniu a Scarlet Nova, o que temos é um erro de gravação que “acidentalmente” pula essa parte. Em certo ponto o jogo fica completamente em preto e branco e Dan nos explica que neste ponto da gravação o orçamento ficou apertado. Eles ainda reutilizaram sets de outros filmes para gravar este, usaram os cães do pessoal da equipe para criar mais monstros e fizeram mais um monte de besteiras. Os relatos do diretor são uma história à parte até melhor do que a do jogo e o mais interessante é como as duas histórias se unem causando um dos maiores plot-twists que eu já vi em um jogo.

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Mas o melhor de todos os detalhes aparece quando morremos. Tecnicamente The Deadly Tower of Monsters é um filme, e como todo filme dos anos 50 os mocinhos vencem. Então se um dos personagens morre durante a aventura o que significa? Que o estagiário colocou a cena errada no lugar! Toda vez que morremos Dan e Patrick têm uma discussão diferente sobre o porquê de tantas cenas que não foram usadas terem sido gravadas e por que diabos o estagiário segue colocando-as no filme.

O visual do jogo é muito bom sendo que todos os personagens e inimigos têm características únicas que agradam aos olhos do jogador. Além dos movimentos em stop-motion, efeitos em preto e branco e os “erros de gravação”, o jogo também possibilita que o jogador altere entre o modo DVD e VHS, e enquanto o primeiro dá uma qualidade mais nítida ao jogo, o VHS adiciona todos os efeitos que víamos nas fitas dos nossos velhos videocassetes como chiados, borrões e efeito de rebobinar.

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A trilha sonora do jogo é muito boa, apesar de não contar com nenhuma faixa que fique na mente. O trabalho de dublagem dos atores é muito bom, sendo que todos carregam o estilo de atuação pastelão que vemos nos filmes dos anos 50 que soam extremamente teatrais. As vozes de Dan e Patrick são o que há de mais marcante no trabalho sonoro e suas piadas e interações, essas sim ficam na mente. Entender inglês é minimamente necessário já que a narração é acompanhada apenas por legendas também em inglês.

A performance do jogo é muito boa, sendo que raramente me deparei com algum bug ou glitch. O fps é bem sólido, por mais que o efeito VHS e o stop-motion façam tudo parecer meio travado. Um problema que encontrei e que consegui resolver olhando o fórum do jogo no Steam é que em notebooks que possuem placas Nvidia e processadores Intel o jogo é injogável, isso porque ele utiliza por padrão a Intel Graphics ao invés da placa Nvidia. Apenas um minuto no painel de controle da Nvidia resolve este problema.

No fim, The Deadly Tower of Monsters mostrou-se uma grande surpresa para mim. Eu como sempre fui fã de filmes antigos, apesar de odiar algumas encenações, aproveitei cada referência do jogo e aprendi bastante sobre a indústria do cinema da década de 50 (quem diria). O jogo é indispensável para aqueles que são fãs de filmes de ficção científica e se você não é um deles mas gosta de games engraçados, The Deadly Tower of Monsters é uma bela aposta.

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Review elaborado com uma cópia do jogo para PC fornecido pela desenvolvedora.

Resumo para os preguiçosos

The Deadly Tower of Monsters é um jogo de ação e aventura com câmera isométrica que faz uma sátira com filmes “b” de ficção científica como Planeta dos Macacos, Flash Gordon e O Planeta Proibido. O jogo é tecnicamente um filme que está sendo relançado em DVD e que conta com comentários do diretor, Dan Smith, que fala sobre o jogo e as gravações e interage com seu estagiário Patrick. O enredo do jogo é uma história à parte da história do diretor. O jogo conta com efeitos muito bem produzidos como chiados de VHS, movimento em stop-motion e falhas de gravação que nos fazem pensar que se trata realmente de um filme sendo relançado. Efeitos visuais e sonoros são muito fiéis ao material satirizado e torna o jogo um must pra qualquer fã de filmes de ficção científica e de jogos engraçados.

Nota final

80
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Narração engraçada
  • Boa interação entre a história e o diretor
  • Personagens com características únicas
  • Ótimas referências
  • Grande variedade de armas e sistema de skills
  • Grande variedade de inimigos
  • Mundo aberto que possibilita a exploração
  • Enredo completamente impossível e surpreendente
  • Inimigos se movimentam como filmes em stop-motion
  • Trabalho visual e sonoro extremamente fiel aos filmes sci-fi antigos

Contras

  • Péssima câmera
  • Lutas com chefes são sempre mais do mesmo
  • Jogo não explica tudo muito bem
  • Problema com placas Nvidia de notebooks deixa o jogo injogável
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Rafael Oliveira
Rafael Oliveirahttp://criticalhits.com.br
Rafael Oliveira faz análise de jogos, filmes e séries regularmente para o Critical Hits, além de postar notícias e artigos esporadicamente. Acha que Shadow of the Colossus é o melhor jogo já feito, é fanboy de Steins;Gate e tem um lugar especial no coração para Platformers, RPGs e Metroidvanias.