O fim de ano de 2014 parecia inaugurar uma nova era no mundo dos jogos de corrida com os lançamentos de Forza Horizon 2, Next Car Game, Driveclub e The Crew. Infelizmente, o que aconteceu foi meio que um desastre, com dois dos jogos sendo adiados e um deles tendo um lançamento totalmente fracassado. Um dos atrasos, foi The Crew, que chegou duas semanas depois prometendo uma experiência bem diferente no mundo das corridas. Será que ele entrega? É o que vamos descobrir.
Em The Crew, você vive a história de Alex Taylor, um jovem corredor do 5-10, um grupo que faz rachas nas ruas. O 5-10 era controlado pelo irmão de Alex, que logo no começo é morto. Quem recebe a culpa pela morte dele? Alex, é claro. Cinco anos depois, ele recebe uma oferta do FBI para receber ficha limpa e ir atrás dos criminosos que mataram o irmão dele, que agora estão dominando o 5-10, e é assim que começa, de fato, a aventura.
Apesar de The Crew se apresentar como um “MMO com carros”, o jogo funciona basicamente como qualquer outro jogo de corrida. Você corre (não brinca) e tem que chegar em primeiro, senão você tem que correr de novo. Na maioria das missões, é basicamente isso o que você vai ter que fazer, apostar corridas com outros adversários, ou ainda fugir da polícia (afinal rachas meio que são ilegais nos EUA) ou destruir um carro de algum adversário para mata-lo.
A parte do MMO em si entra no fato de você poder jogar com outros jogadores convidado-os para as missões. Aqui, eu notei um sério problema: se o dono da partida decide reiniciar porque ele está indo mal, azar o dos outros jogadores, a partida vai reiniciar. É tipo aquela velha metáfora da criança com a bola, se ela não marca gol, não tem jogo e você não tem como reclamar. Teve uma partida que eu joguei onde, sem brincadeira, o host reiniciou 7 vezes até eu encher o saco e sair (não me passou pelo momento a ideia de procurar o meu headset e mandar ele tomar naquele lugar, infelizmente, teria funcionado também).
Outro ponto do MMO é que você encontra outros jogadores no meio do mapa, semelhante ao que acontece em Destiny, ou seja, você está andando por aí e vê o carro de FluaninhoX no meio da rua. O que você faz? Corre a toda velocidade para atropelar o carro do outro jogador e atira-lo pra fora da estrada, de preferência. E aqui acaba o componente social do jogo.
Agora vamos à parte “RPG” de The Crew. A ideia do jogo é que você compre um carro e vá fazendo modificações nele. A cada corrida, você ganha uma peça nova para melhorar o seu carro (eu não imaginava que haviam tantas peças assim no mundo). A cada peça ganha, seu carro sobe de nível. A cada nível que você sobe, seu carro também sobe de nível. A cada novo panda que morre na terra, seu carro também sobe de nível. E isso pouco muda nele, pra falar a verdade.
Ok, seu carro vai melhorando em características como manejo e tudo mais, mas a melhora é tão sutil que eu realmente me pergunto se essa novidade introduzida no jogo valeu o tempo gasto desenvolvendo-a, no fim das contas, é bem possível vencer um carro 10 níveis mais alto que o seu. Se duvidar, é possível vencer um carro 20 níveis mais alto até, ou seja, você evolui milhares e milhares de níveis durante o jogo enquanto se ultra personaliza e pouca coisa realmente muda. Caso você seja preguiçoso, dá pra desembolsar dinheiro de verdade e comprar peças com uma moeda premium também.
Além do nível do seu carro, seu personagem também dá level up e desbloqueia vantagens, que melhoram suas características de motorista em incríveis 1 ou 2% em coisas como frenagem, chance de ganhar mais um ponto de vantagem e assim por diante. Mas, novamente, nada que faça muita diferença, eu botei todos os meus pontos na habilidade de sorte e continuo sendo o rei das ruas.
Além disso, há a parte de “mundo aberto” do jogo onde você dirige dum canto pro outro do mapa enquanto faz as missões. A ideia do jogo é que você dirija pelos Estados Unidos inteiro enquanto vai subindo no ranking do 5-10 e fazendo as missões, mas sei lá, pelo menos eu achei isso meio chato na minha primeira viagem interestadual. É meio sacal ficar um tempão correndo na tela duma missão pra outra. Pra completar, o jogo ainda tem a maldita síndrome de Destiny de te tirar do jogo caso a sua conexão com o servidor seja perdida e não, não tem como joga-lo offline.
O jogo até tenta colocar algumas distrações no meio da estrada (como se o desenvolvedor tivesse ficado entediado durante a corrida e pensasse “ok, vou ficar ziguezagueando os postes só porque sim) que também rendem novas peças para você, mas mesmo esses desafios são pouco variados, há 3 ou 4 deles nos mais diferentes níveis de “dificuldade”. Chegando na cidade, você tem que ir atrás de uma torre de controle (tipo as de Assassin’s Creed, ou Far Cry, ou ainda Watch Dogs, ou seja, dos outros jogos da Ubisoft) para liberar o mapa do território e as viagens rápidas, mas no fim fica aquela sensação de que tudo isso foram coisas colocadas pelos desenvolvedores só pro jogador fazer outras coisas antes de poder fazer a missão de fato. Aqui, a busca pela torre é um pouco diferente, já que ela não aparece no mapa diretamente, você tem que brincar de “tá quente, tá frio” com o jogo até achar a maldita da torre. E eu já falei que você vai ter que fazer isso em todas as fases do jogo? Pois é, imagine a minha preguiça de repetir isso pela décima terceira vez.
Graficamente, The Crew é um belo jogo. Os carros são bem detalhados, os cenários bem construídos e, no geral, tudo é bem bonito. A versão do jogo usada nesse review foi a do Xbox One (cedida pela Ubisoft) e eu não encontrei nenhum travamento ou algo que chegasse a ser feito. A única coisa que realmente foi meio estranho foram os erros de física que volta e meia acontecem, tipo quando eu bati num carro e continuei acelerando só pra ver o que acontecia. Resultado? O carro foi projetado pra cima.
No departamento sonoro, The Crew apresenta uma boa trilha sonora com uma seleção de músicas bem legal. O jogo não é dublado em português, mas tem legendas no nosso idioma.
Review elaborado usando a cópia de Xbox One do jogo. Cópia fornecida pela Ubisoft
Resumo para os preguiçosos
The Crew é um “MMO com carros” que tem uma parte social bem rasa, uma história tão original quanto as de Velozes e Furiosos e um sistema de customização e personalização que não influencia tanto assim no jogo. No fim das contas, é um jogo de corrida que não inova e que traz pouca rotatividade dos desafios que apresenta.
Prós
- Bons gráficos
- Bom sistema de corridas
Contras
- Repetitivo pra caramba
- Não inova em nada
- Coloca obstáculos na frente do jogador pra fazer o jogo render mais tempo
- Sem possibilidade de ser jogado offline
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