No dia 14 de Fevereiro de 2013, em comemoração aos 16 anos da febre que tomou o mundo no início dos anos noventa, a Bandai lançou oficialmente no Google Play norte-americano o app Tamagotchi L.i.f.e. ( “Love is fun everywhere”, talvez o acrônimo mais whatever da história. ).
Pra ser sincero, eu nunca toquei em nenhum dos infinitos bichinhos virtuais, como costumamos apelidar os tamagotchis, genéricos do market androidiano ( hatchi, droidpet, Petball, androgotchi, etc, estou falando com vocês). Talvez por não ter mesmo considerado a ideia já que os tamagotchis já estavam perdidos na minha memória infantil.
Mas quando a Bandai, a criadora dos Tamagotchis originais anunciou o lançamento de um app que prometia transferir toda a nostalgia dos pequenos ovos de plástico onde habitavam os nossos animaizinhos de circuito, eu não resisti e corri pra pegar o meu.
Passado alguns inconvenientes para obter o aplicativo, lançado somente para os EUA e Canadá, instalei o app no meu Galaxy SII Lite e rodou limpeza, o que é um bom sinal já que o meu aparelho é diferente dos listados na tabela de compatibilidade. O aplicativo é pequeno, cerca de 15 MB, e instalou sem maiores problemas.
Não me contive e iniciei imediatamente, sendo surpreendido pela músiquinha do game, que veio no máximo da caixinha de som do smartphone. E ela é bem chatinha depois dos primeiros vinte minutos. Mas nada que uma puladinha nas configurações não resolvesse. E então eu finalmente comecei minha nova saga de amor e cuidado com um pet virtual. E à princípio, é tudo do jeito que a gente esperava.
Assim que você abre o game, dá de cara com um autêntico tamagotchi, exatamente igual com o que nos lembramos daqueles de R$1,99 que comprávamos aos montes. Um ovo colorido, com três teclas coloridas e uma tela ‘fundo-verde’, com um ovo prontinho para virar o seu mais novo amigo.
Essa não é minha mão
A jogabilidade e funçõs nesse modo são idênticas ao do Tamagotchi original, sem tirar nem por. Dar comida, brincar, limpar e educar, como já temos feito há quase vinte anos. E é incrível como, o eu estou nostálgico e hipster pra cacete, ou o negócio não fica velho nunca.
Mas você pode clicar na lupa e entrar no “modo touch”, e aí é que o app brilha de verdade e mostra o excelente serviço da Bandai em fazer um upgrade da própria criação.
Você perde a “caixinha” do tamagotchi, mas ganha cores e modos novos, além do bichinho ficar razoavelmente maior e a jogabilidade infinitamente mais amigável, já que no modo original você tinha que ficar apertando os botões para navegar e no modo touch, as opções ficam disponíveis o tempo todo, esperando um toque para serem iniciadas.
E não só isso, o modo touch apresenta um jogo diferente para você divertir seu bichinho de estimação virtual. Sai o clássico onde você tinha de adivinhar pra onde o bicho ia se virar e entra um divertido jokenpô – ou pedra-papel-e-tesoura – que também é particularmente difícil, já que empates são do pet. Mas como o objetivo é deixar o bicho feliz, não me importei em tomar surras homéricas na disputa que é um “melhor de 5”. Além do mais, a cara de alegria que eles fazem quando vencem é impagável.
Um outro ponto divertido, ou não, dependendo do seu ponto de vista, são as notificações. Afinal, você não fica o tempo inteiro cuidado do seu tamagotchi e pode esquecer de limpar ou alimentar ele, o que é uma sacanagem. Pra evitar isso, eles te chamam na barra de notificações do aparelho, mesmo com o app fechado, clamando por comida, atenção ou só pra avisar que eles estão dormindo pra você apagar a luz. As vezes também eles te chamam só por chamar, mas nada que um pouco do botão de “sermão” não resolva. Quanto mais você disciplina o seu bichinho ( e eles ainda tem a barra de disciplina no menu de status), menos ele te chama sem motivo e mais fácil ele entra na sua rotina e de seus horários. Depois de um ou dois dias, ele vai dormir, acordar e comer nos mesmos horários que você, o que acaba evitando uma situação chata onde ele te chamaria pra comer de madrugada, por exemplo.
E caso você não goste de ser importunado, uma puladinha nas configurações basta e assunto resolvido.
O jogo ainda tem as surpresas habituais dos tamagotchis originais. Como quando na vez que, após alguns dias de cuidado, recebi um chamado fora de hora e, estranhando a situação, abri o aplicativo. E pra minha surpresa – e terror – uma caveira estava do lado do meu amiguinho eletrônico. Aquilo, como Seu Madruga nos ensinou, não podia ser coisa boa.
Para minha sorte, nada que duas injeções ( isso me parece errado ) não deixassem o Fred saudável de novo. E naquele momento eu estava ciente de que ele ficaria doente do nada, se ficasse muito tempo sem ser limpo depois de fazer o número dois ou se eu o empanturrasse de doce.
E seguindo os cuidados de maneira correta, eles evoluem. Os dois primeiros estágios são o mesmo sempre. Depois que o ovo choca, uma massinha preta toma o ambiente e após ela, uma bola amarela muito parecida com o Pac Man . E depois disso, várias evoluções, das mais bonitinhas( como o Fred aí em cima) às mais horrendas ( “por tudo que é sagrado, que porra é essa?”, foi o que eu disse quando vi um deles.) podem acontecer com seu pet. E cada vez que seu tamagotchi evolui, você ganha pontos que podem ser usados para liberar novas ‘capsulas’ para o modo original de jogo e novos wallpappers para o modo touch. E no mesmo menu onde você tem acesso a esses destraves, tem uma lista com os espécimes de tamagotchis que você já criou – e cada um tem um nome, no melhor estilo digimon.
Entre os extras, o app vem com um pequeno F.A.Q. (“frequently asked questions”, questões frequentemente perguntadas, em tradução livre ) explicando algumas coisas para os novatos ou para quem não se lembrava direito e uma versão do manual original dos tamagotchis físicos! Não é nada demais, mas ainda sim é uma amostra do esmero do pessoal da Bandai em reviver a experiência em seu total. Afinal, agora a gente tem um manual virtual pra não ler, igual à gente não leu o manual de verdade.
E não só isso, temos o botão de câmera, que printa seu celular e joga direto no facebook, se assim você quiser, ou apenas salva na galeria do seu celular, pra você lembrar pra sempre dos bons momentos com o seu bichinho.
Mas a minha melhor experiência foi, talvez, quando meu pai me viu jogando e pediu para que eu passasse pra ele. Fiquei meio relutante, mas cedi. No final, fiquei tão curioso quanto ele pra saber como o app ficaria num tablet ( o velho tem um Galaxy Tab 2 ). E assim que instalamos, em uma resolução inacreditável, estávamos diante de um tamagotchi do tamanho de um copo.
Após as risadas inicias ( o ovo ficou grande demais para não ser engraçado ), a jogabilidade se apresentou idêntica ao do smartphone, provando mais um sucesso de desenvolvimento do time Bandai.
Com alguns extras divertidos, jogabilidade excelente dentro do proposto e um desenvolvimento fantástico, o aplicativo Tamagotchi L.i.f.e. vale cada centavo gasto.
Mentira.
Porque ele é de graça!
Isso mesmo, o app é de free. Tem uns anúncios muito pequenos e com certa raridade na parte de baixo da tela. Com o tempo eles passam batido. Se você estiver sem acesso a internet ( algo meio difícil num smartphone mas…) eles nem aparecem. Diante de um aplicativo tão divertido como esse, é algo tão pequeno que não faz diferença.
Se vale a pena gastar parte do seu tempo para cuidar de bichinho virtual, só você pode decidir. Mas que a Bandai fez um bom trabalho em deixar essa decisão mais fácil pra gente, ninguém pode negar e Tamagotchi L.i.f.e. é um homenagem digna e merecida para os velhos de guerra da nossa infância, que hoje devem estar perdidos em alguma caixa de papelão num quarto escuro, ainda ansiosos pela nossa volta. Afinal, um dia eles também se vão…
Vai na fé, amiguinho.
Esse review foi uma homenagem a Fred Tamagotchi . (15/02/2013 – 23/02/2013 ).
Prós
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Contras
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