Tales of Symphonia Remastered é a nova versão do jogo lançado em 2003 para o Game Cube e pouco depois adaptado para o PlayStation 2. O game até hoje é visto como um dos games mais elogiados da série. Este RPG com combates em tempo real se destacou em meio aos demais capítulos da série por seu elenco memorável e pela história que ia muito além de uma simples batalha do bem contra o mal.
Quase 20 anos depois, a Bandai Namco decidiu voltar a revistar o game com uma nova versão remasterizada. Nela, a desenvolvedora mantém intactos os sistemas e gameplay que ajudaram a consagrar o jogo, trazendo uma atualização gráfica que combina melhor com a geração atual de consoles. Mas será que isso é suficiente para fazer Tales of Symphonia Remastered valer a pena?
Algo que fica claro desde os momentos iniciais de Tales of Symphonia é que a força de seu roteiro se mantém mesmo tanto tempo após seu lançamento original. Enquanto outros games da série colocam o jogador no papel de um protagonista de uma vila pequena que descobre em questão de meia hora que é destinado a salvar o mundo, aqui as coisas são mais complexas.
Para começar, embora exista realmente um escolhido, ele não é o personagem principal — tampouco é uma figura infalível, já que o game deixa claro que já houve outros escolhidos, e eles falharam em suas missões. Além disso, o mundo se mostra um lugar bastante complexo, no qual uma paz incerta com uma nação inimiga é mantida a partir da escravização de algumas pessoas.
Conforme avançamos pela história, descobrimos que o game traz temas ainda mais complexos e inusitados para um RPG japonês de sua época. Não se engane: o clima em geral ainda é leve e o espírito de “jovens aventureiros descobrindo os segredos do mundo” ainda domina a trama, mas ela traz uma profundidade interessante e um elenco de personagens com personalidades complexas.
Nesse sentido, o game se mantém tão bom quanto no passado, embora algumas coisas ainda pareçam estranhas. Os pequenos interlúdios opcionais, nos quais seu grupo para conversar sobre diferentes assuntos, ainda ajudam a desenvolver a história, mas é bem estranho ver que nenhum deles possui qualquer espécie de dublagem.
Da mesma forma, é comum encontrar trechos em que o game não deixa bem claro qual é o próximo passo de sua missão. Nessas horas, a única solução acaba sendo ir a todos os lugares possíveis e conversar com todos os NPCs da tela, na esperança de que algum deles inicie uma cena que vai dar continuidade à trama.
Ao mesmo tempo em que a história permanece o ponto forte de Tales of Symphonia Remastered, algumas de suas mecânicas envelheceram um pouco mal. O combate, por exemplo, parece muito básico diante do que jogos como Tales of Vesperia fizeram, especialmente quando o game é jogado no single player.
Originalmente, a ideia da Bandai Namco era aproveitar o fato de que o Game Cube trazia quatro conexões para controles e incentivar que até quatro pessoas jogassem o RPG juntas, cada uma controlando um personagem. Na falta disso, a IA acaba não conseguindo “segurar” o mesmo ritmo rápido e as possibilidades de combos oferecidas pela jogatina local. Jogando sozinho, os combates funcionam e divertem, mas parece que “falta algo”.
Ao mesmo tempo, a navegação pelo mapa do mundo continua bem problemática, exibindo ângulos de câmera desconfortáveis e comandos um tanto confusos e pouco responsivos. Embora isso seja algo com o que você se adapta com o passar do tempo, não dá para dizer que as coisas funcionam exatamente bem.
Talvez o aspecto que mais desaponte é o fato de que Tales of Symphonia Remastered é um trabalho de atualização bastante básico. Na prática, tudo o que a Bandai Namco fez foi dar uma retocada nos gráficos do relançamento anterior para PlayStation 3 e PC, sem incluir novos conteúdos ou fazer retoques de desempenho.
Enquanto essas melhorias são muito boas — a versão anterior do game parece borrada em comparação —, parece que a desenvolvedora poderia fazer um pouco mais. Na versão do PlayStation 4, que testamos no PS5 (que não possui versão nativa), o título a 1080p com 30 quadros por segundo no máximo — uma grande decepção, visto que o game original para Game Cube rodava a 60 fps.
Mas e aí, Tales of Symphonia Remastered vale a pena?
Tales of Symphonia Remastered é uma bela chance de jogar um dos capítulos mais marcantes da série na forma mais próxima possível de sua experiência original. Enquanto o game mantém sua boa trama e personagens carismáticos, o trabalho de remasterização da Bandai Namco não foi além de melhorar a resolução de seus gráficos.
O resultado final é bom devido à força do game original, mas a empresa poderia ter feito um pouco mais caso quisesse que essa fosse a versão definitiva que o RPG de ação merece.
Review elaborado com uma cópia do jogo para PS4. Jogo disponível para PC, PS4 e Nintendo Switch.
Resumo para os preguiçosos
Tales of Symphonia Remastered é uma bela chance de jogar um dos capítulos mais marcantes da série na forma mais próxima possível de sua experiência original. Enquanto o game mantém sua boa trama e personagens carismáticos, o trabalho de remasterização da Bandai Namco não foi além de melhorar a resolução de seus gráficos.
O resultado final é bom devido à força do game original, mas a empresa poderia ter feito um pouco mais caso quisesse que essa fosse a versão definitiva que o RPG de ação merece.
Prós
- Uma boa história com temas inesperados para um RPG do começo dos anos 2000
- Personagens carismáticos
- Combate básico, mas divertido
Contras
- Alguns aspectos, como a navegação pelo mapa, envelheceram mal
- O trabalho de remasterização foi extremamente básico
- O game só toda a um máximo de 30 FPS em 1080p
- Nada que justifique uma nova compra se você já jogou no PS3 ou PC