Stranded Deep vale a pena? Análise – Review

Entra ano, sai ano, e os jogos de sobrevivência continuam em alta quando o assunto popularidade. Enquanto alguns títulos trazem uma tonelada de mudanças e novidades, outros acabam afundando em desespero em um mar de mesmice. Hoje, vamos te mostrar como Stranded Deep consegue navegar entre essas duas ilhas sem afundar pelo caminho.

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Em Stranded Deep você assume o papel de um homem de negócios que sofre um acidente enquanto se deslocava com seu jatinho. O avião cai e você se pega em um bote, no meio do nada, perdido em uma região repleta de pequenas ilhas com recursos limitados.

A descrição acima é bastante objetiva, mas traz o que Stranded Deep tem de mais interessante: sua proposta. O fato de estar preso em uma série de pequenas ilhas, rodeado por tubarões e lutando contra a falta de recursos parece simples, mas é uma das melhores ideias lançadas nos últimos tempos. Junte isso ao fato de que o mapa é gerado proceduralmente e você acaba tendo a receita perfeita para uma experiência única que não se repete.

Quer dizer. Seria uma experiência que não se repete se Stranded Deep não acabasse falhando em tantos outros aspectos essenciais, que devido à má execução, acabam tornando o jogo em algo difícil de encarar.

Podemos começar falando dos gráficos, já que Stranded Deep é, em teoria, um dos games de sobrevivência mais bonitos já lançados. O problema é que os gráficos de Stranded Deep são extremamente lindos enquanto você está parado, já que em movimento eles acabam ficando um pouco estranhos demais. Talvez seja difícil se dar conta disso avaliando uma das tantas imagens do jogo disponíveis por aí, mas acredite, faz sentido.

Mas não é só o visual gráfico que incomoda, mas os detalhes de alguns objetos também. É como e o jogo tentasse te passar a ideia de realismo apresentando objetos que não são nada realistas. Em termos visuais a maioria até passa, mas quando começamos a prestar atenção em questões como viabilidade de construção e formato, as coisas começam a não bater.

Outro problema sério de Stranded Deep são os seus sistemas extremamente simples e rasos – algo que contrasta diretamente com a proposta do jogo que é te fazer cruzar oceanos em alto mar. Piadas a parte, o jogo falha em oferecer uma experiência satisfatória, principalmente ao apresentar um fraco sistema de gerenciamento de itens e um sistema de criação de objetos que tenta ser extremamente simples, mas acaba soando como mal feito mesmo.

O tutorial e os momentos iniciais até que são interessantes, já que acertam precisamente em te ensinar o básico para sobreviver durante alguns dias. Contudo, o jogo demora a “começar” de verdade e o jogador precisa investir algumas horas até finalmente encontrar algo de relevante que faça a experiência de sobrevivência parecer estar dando certo.

Explorar as ilhas é certamente o ponto alto de Stranded Deep, já que os pequenos biomas continuam se mostrando interessantes mesmo após horas de jogo. Embora possa parecer um tanto estranho o jogador tomar dano após ser atacado por um caranguejo, este tipo de detalhe acaba servindo para lembrar ao jogador de que Stranded Deep é um jogo de sobrevivência, afinal. Após tomar dano de um caranguejo, não é preciso pensar muito para descobrir o que pode acontecer caso você cruze o caminho de uma cobra.

O sistema de construção é similar à maioria dos jogos do gênero, mas por algum motivo me pareceu mais divertido em Stranded Deep. Como mencionado acima, o jogo parece demorar para realmente começar, mas após você finalmente conseguir construir seu primeiro abrigo, é muito mais fácil sair por ai explorando ilhas adjacentes em busca de recursos diferentes. Também é preciso mencionar que fazia um bom tempo que um jogo de sobrevivência não me passava uma sensação de aconchego em relação ao meu abrigo, já que todo novo recurso me fazia pensar em como aprimorar o meu casebre, ou ainda, se deveria começar a pensar em uma base avançada para economizar tempo de viagem.

Como mencionado acima, o inventário e o sistema de criação de objetos deixam bastante a desejar. O inventário é bastante limitado e não se surpreenda se você descobrir que deixou cair aquele item importantíssimo que levou um tempão para conseguir, simplesmente porque seu inventário estava cheio de porcarias e o item foi jogado no chão sem maiores alardes, logo após ser criado.

Isso torna-se ainda mais irritante se você descobrir que deixou esse item cair em outra ilha distante, aquela rodeada por tubarões e que você vai precisar arriscar tudo ou nada só para ir buscá-lo. Contudo, a existência de animais perigosos ao longo do mapa acaba sendo bem divertida, já que adiciona uma nova camada de desafio em cima da campanha de sobrevivência. O problema é que as coisas nem sempre são balanceadas e em alguns momentos você vai acabar encontrando criaturas que não esperava, em locais nada ortodoxos. Acredite, vai fazer sentido quando você lá encontra, só não quero estragar sua experiência.

Diferentemente de outros jogos que se passam em ambientes similares, como Subnautica, por exemplo, Stranded Deep não possui uma história objetiva ou um gancho de enredo que te faça sentir-se apegado ao protagonista com o passar do tempo. Ao invés disso, o jogo parece focar na sobrevivência pura e simples, algo que acaba tendo seus pontos positivos e negativos.

Mas afinal de contas, Stranded Deep é um bom jogo ou não? Sinceramente, não sei se recomendaria a experiência hoje em dia, principalmente com tantos outros jogos de sobrevivência muito melhores disponíveis por ai. O fato de Stranded Deep possuir uma série de limitações dá a sensação, em alguns momentos, de que estamos experimentando uma espécie de tech-demo ao invés de um jogo completo. Talvez eu esteja com as expectativas muito altas após tantos excelentes jogos do gênero, mas a verdade é que Stranded Deep não é tão legal quanto parece.

Ainda assim não é de todo ruim e oferece alguns bons momentos. É possível que você acabe tendo uma experiência melhor do que a minha dependendo do seu mapa, mas apesar de tudo, afirmo com tranquilidade: Stranded Deep não será o melhor jogo de sobrevivência da sua vida.

Review elaborado com uma cópia do jogo para PC. Jogo disponível para Xbox One, PlayStation 4, Nintendo Switch e PC.