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Stellaris – Review

O primeiro jogo de “gerenciamento” que joguei de forma contínua por um bom tempo foi Elifoot 98. A possibilidade de encarnar o papel de um treinador de futebol a frente de um time de primeira divisão e enfrentar desafios altamente realísticos para a época me deixava tão empolgado, que até hoje sinto certa atração por games mais voltados para o management, como a série Total War, por exemplo.

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Civilization talvez seja o maior expoente desse estilo de game. A série vem mostrando uma quantidade incrível de melhorias nos mais variados aspectos, e a cada novo jogo temos a impressão de que a interação com a máquina esta mais real, mais interativa e mais interessante. Hoje em dia inclusive, nem é mais necessário que imaginemos as batalhas e alguns elementos que antes eram mais discretos e dependentes de simulação, pois existem recursos capazes de apresentar o resultado das simulações através de recursos visuais interessantes e dessa forma, atrair ainda mais a atenção do jogador.

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Até hoje, os jogos da Paradox voltados para este estilo não me chamavam tanta atenção. Crusader King 2 por exemplo, me passava a impressão de estar manipulando uma série de variáveis em uma tabela de Excel em alguns momentos, tamanha era a falta de apelo visual e quantidade de recursos a se manejar pelo jogador. Claro que isso não diminui a grandeza do título e eu mesmo dediquei muito tempo à esse grande título, mas Stellaris me agradou tanto, que dificilmente voltarei a jogar qualquer outro jogo da Paradox dentro de alguns meses.

Stellaris tenta ganhar espaço num território onde poucos outros títulos conseguiram: a expansão espacial. Você assume o papel de comandante de uma civilização e tem por objetivo prosperar enquanto desbrava a escuridão da galáxia. Claro que assim como na grande maioria dos jogos, o jogador pode fazer isso de maneira passiva ou agressiva, mas a forma como interage com outros jogadores e até mesmo o próprio sistema do jogo é muito mais interessante do que se imagina.

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Para sobreviver e expandir seus domínios, você precisa primeira garantir recursos estratégicos e expandir seu impérios. Minerais e energia podem ser coletados ao se minerar outros planetas vizinhos, e conforme o tempo passa, se descobrem novos recursos que podem tanto ser utilizados na expansão da sua civilização, quanto no comércio com outras raças alienígenas.

É ai que o jogo mostra o que tem de melhor: o sistema de research e civilizações. Antes de começar o jogo, o jogador pode escolher entre uma das inúmeras raças disponíveis – o que inclui até mesmo uma versão evoluída de nós mesmos, ou criar a sua própria . É possível escolher a raça, aparência, sistema político, e mais uma série de outras características de acordo com o seu gosto. Dá até mesmo para criar algo parecido com o Império Galático de Star Wars, ou uma civilização focada somente em dominação por comércio, o que permite que o jogador estipule seus próprios desafios.

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Já o sistema de pesquisa e desenvolvimento acaba ditando o caminho a ser seguido pelo jogador, a fim de cumprir os seus objetivos de acordo com as características de cada civilização. Assim como em outros jogos similares, é possível focar em estratégias mais agressivas através do financiamento de pesquisas militares, ou tentar ganhar vassalos e forjar alianças através do comércio e camaradagem. Mesmo que isso possa parecer repetitivo e previsível, algumas possibilidades de pesquisa aparecem disponíveis de forma mais aleatória, portanto, nem sempre será possível percorrer o mesmo caminho.

A exploração também é peça chave, e para estimula-la o time de desenvolvimento criou uma série de eventos, encontros e artefatos para não tornar a atividade tão enfadonha depois de um certo tempo. As naves científicas, responsáveis pela exploração e descobrimento da galáxia, podem ter papel decisivo para o jogador já que é através delas que se conseguem alguns artefatos únicos que permitem a pesquisa de novas tecnologias. Também é através dela que se descobre os recursos de um planeta, e portanto, elas estão intimamente ligadas a prosperidade do jogador e da sua civilização.

Aliado a isso, também temos um sistema de combate e criação de naves muito bem feito. A possibilidade de personalizar suas naves não só dá maior poder de escolher como cada unidade vai se parecer, mas possibilita ao jogador criar unidades de acordo com os recursos que possui. Dessa forma, é possível criar uma legião de naves mais fraquinhas por um preço menor a fim de enfrentar um inimigo com pouco poder de fogo, ou criar um exército menor porem mais robusto, capaz de resistir e causar grandes quantidade de dano. Ah, é claro que você pode também criar uma frota com o melhor custo benefício de acordo com as suas tecnologias, mas tudo isso fica a seu encargo. Pra finalizar, o sistema de combate parece bastante com o que foi visto em Homeworld e mais recentemente em Sins of Solar Empire. Claro que aqui estamos falando de algo muito mais singelo e menos complexo, mas para um jogo focado no gerenciamento, a equipe fez um ótimo trabalho no que diz respeito a parte visual.

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Por falar em prosperar, a dominação galática também é ponto forte do jogo. É possível que se domine certos sistemas somente com a construção de Entrepostos Fronteiriços, uma espécie de posto avançado que lhe garante o domínio sobre determinada estrela e corpos arredores. Outra maneira de sair dominando tudo é preparando naves colonizadoras e lança-las nos planetas mais valiosos que encontrar. A principal diferença entre os dois métodos é que apesar do processo de colonização ser mais trabalhoso e caro, ele possibilita uma exploração planetária mais elaborada e rentável, mas ambos os métodos possuem suas vantagens.

E pra manter a sua espécie unida, é necessário fazer uso dos pontos de influência. Estes, apesar de úteis, são bem difíceis de ganhar. Com eles você aprova leis, apoia candidatos a presidência – caso faça parte de um sistema de república -, contrata cientísticas, generais, e pode mover sua população entre os planetas dominações a fim de gerenciar seus recursos de forma mais rentável. O problema é que como em qualquer boa história, sua influência fica a mercê de seus sucessos e fracassos e demais desafios. Você pode inclusive perder o jogo caso seja derrubado por um inimigo interno que pretende tomar o seu lugar como comandante, então é bom ficar de olho neles.

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Pra ser bem sincero, eu não sei bem ao certo como explicar em detalhes o funcionamento de Stellaris. Suas mecânicas são muito simples de entender, mas não tão fáceis de explicar quando não se tem a interface do jogo por perto. De qualquer forma, é possível pegar o jeito em poucos minutos de jogo, mesmo que o sistema de tutorial do game não abranja todas as possibilidades de uma vez e deixe muitas informações preciosas para serem descobertas pelo jogador.

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Mas como não poderia deixar de ser, alguns aspectos possuem um lado negativo. Pra começar, a interface do jogo parece não ter sido revisada mesmo após o lançamento oficial do jogo e muitas palavras – até mesmo as que aparecem na tela principal do jogo – estão escritas de forma errada. Vários mods de correção foram lançados na Steam Workshop e de fato, resolvem o problema. Entretanto, essa deveria ser uma função exclusiva da Paradox e não da comunidade.

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Na verdade, alguns elementos do jogo dão a impressão de que não foram tão explorados prevendo uma possível modificação por parte da comunidade. Uma série de pequenos detalhes que poderiam ter sido melhorados antes do lançamento foram mais tarde corrigidos através de mods, mas de fato poderiam ter sido disponibilizados pela desenvolvedora logo de cara. E não pense você que estou falando de algo extremamente complicado, me refiro somente a coisas mais simples como a quantidade de cores disponíveis para cada império e a quantidade de emblemas das bandeiras. Acho até uma sacanagem da Paradox deixar, de certa forma, a responsabilidade de “terminar” alguns aspectos do jogo a cargo da comunidade.

Mesmo assim, considero Stellaris como sendo um dos melhores jogos que já joguei. Mas então, por que a nota não é mais alta? Eu respondo: apesar de ser um título que me agradou bastante, Stellaris não é o tipo de jogo recomendado para todos os públicos. Caso você não curta esse estilo, não adianta eu dizer que o jogo é bom, pois ele provavelmente não vá lhe agradar. Mas, se caso você quer um bom game pra ir esquentando os motores até o lançamento de Civilization VI, ou prefere mesmo os jogos da Paradox, Stellaris é obrigatório pra você.

Review elaborado com uma cópia do jogo para PC comprada pelo avaliador.

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Resumo para os preguiçosos

Stellaris é mais um daqueles jogos que mostram à que veio a Paradox. Com uma proposta ousada, o título consegue ser melhor em muitos aspectos do que seus antecessores, ao mesmo tempo que respeita clássicos modelos de jogabilidade e mecânicas de gerenciamento. Realmente não é um game capaz de agradar à todos, mas caso você procure algo capaz de encarar Civilization, Stellaris é pra você.

Nota final

75
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Possibilidade de criar sua própria raça
  • Sistema de gerenciamento sólido e fácil de assimilar
  • Bons gráficos e visuais interessantes
  • Gameplay dinâmico (dificilmente você repetirá a mesma estratégia mais de uma vez)

Contras

  • Problemas com a tradução da interface
  • Necessidade de mods para resolver pequenos detalhes
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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.