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Steins;Gate – Review

Viagem no tempo foi um tema que sempre me interessou e me confundiu em quantidades iguais. Todas as vezes que resolvi estudar isso a fundo acabava me perdendo no meio de tantas teorias e expressões diferentes como paradoxo temporal, convergência, divergência, o funcionamento de linhas do tempo ou o famoso efeito borboleta. Tudo isso fez com que eu começasse a evitar o tema, já que sabia que não entenderia, até que conheci Steins;Gate, um anime de 25 episódios que conseguiu juntar tudo o que envolvesse viagem temporal e colocar dentro de uma história que certamente está entre as melhores que já vi – e vou ver – na vida.

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Seguindo um caminho diferente da grande maioria dos animes, Steins;Gate não é baseado em um mangá, mas sim em uma visual novel que foi lançada originalmente em 2009 em diversas plataformas, inclusive para PCs, só que não de uma maneira que fosse viável a compra para os jogadores brasileiros. 7 anos depois, Steins;Gate finalmente chegou ao Steam e eu pude então matar a curiosidade de jogar uma visual novel e saber como esta complexa história seria contada neste formato.

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https://youtu.be/iRF578dYE08

Steins;Gate conta a história de Okabe Rintaro – Okarin para os amigos e também o autoproclamado cientista louco Hououin Kyouma -, um jovem estudante que descobre acidentalmente como mandar mensagens de texto para o passado utilizando um micro-ondas modificado. Okarin tem um laboratório na cidade de Akihabara, o Future Gadget Lab, que conta de início com mais dois membros: Hashida Itaru, ou Daru, o super hacker otaku pervertido braço direito de Okarin e Shiina Mayuri, uma garota inocente e amável, amiga de infância do protagonista e atualmente sua “refém”.

Além deles, ainda contamos com Makise Kurisu, ou Christina, uma jovem apaixonada por ciência que compete intelectualmente com Okabe; o andrógino Luka Urushibara; a tímida Kiryu Moeka; a garçonete Faris Nyannyan e Amane Suzuha. Uma das coisas que mais chama atenção e também um dos maiores trunfos de Steins;Gate é o fato de que nenhum dos personagens tem um papel dispensável na história, fácil de se esquecer ou que esteja ali apenas para tornar mais importante o papel de outro. Todos eles importam.

Durante as duas ou três primeiras horas de jogo, Steins;Gate se dedica quase que exclusivamente ao desenvolvimento de seus personagens, fazendo questão de que conheçamos suas personalidades, histórias de fundo e a importância de cada um deles para Okarin, o protagonista, mesmo aqueles que ele acabara de conhecer.

É fácil dizer que a história propriamente dita não se desenrola neste início. Se você assistiu o anime deve saber como os episódios iniciais são um verdadeiro porre, pois bem, no jogo isso também acontece, só que isso se arrasta por muito mais tempo. As primeiras horas de jogatina são bem cansativas e certamente afastarão uma boa parcela de jogadores impacientes ou que não estejam acostumados com o gênero do jogo, porém são um mal necessário já que uma das maiores forças de Steins;Gate está em seu elenco.

O comportamento ridículo e às vezes hilário de Okarin como Hououin Kyouma, os momentos pervertidos de Daru com qualquer garota – seja ela 2D ou 3D-, as discussões de Okarin e Kurisu, a insegurança de Luka e as características e comportamento únicos de todos os demais personagens necessitam deste tempo para que o jogador ou espectador se acostume a eles e se importe com eles. Com o desenrolar da história vemos o quão inteligente é esta escolha e a diferença que estas horas de nada acontece feijoada fazem quando o bicho realmente pega e temos que tornar decisões que envolvem as vidas destes personagens.

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E dentre todos os personagens, certamente a mais marcante e mais apaixonante deles é Mayuri. Seu comportamento inocente, seu jeito doce de lidar com todos e a facilidade que ela tem de se relacionar com qualquer outro personagem se estendem até o jogador fazendo com que a empatia por ela seja quase que instantânea. Mayuri é cheia de frases de efeito e muitas vezes fala como se estivesse cantando e isso não é por acaso, o laço que os criadores de Steins;Gate conseguem criar com o público através dela é uma coisa impressionante. Imagina se todos os personagens de todos os jogos fossem assim?

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Okabe e sua turma continuam melhorando seu método de enviar mensagens para o passado, mais tarde apelidado de D-Mail, e acabam se envolvendo numa conspiração envolvendo a SERN, uma companhia que vem estudando viagens no tempo há muito tempo. Conforme jogamos o grupo descobre mais e mais sobre a SERN e se por um lado isso os ajuda a avançar ainda mais em suas pesquisas, por outro lado tudo fica muito mais perigoso para todos eles.

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Conforme eles se aprofundam no tema, mais teorias são analisadas e o melhor de tudo é que o jogo conta com seu próprio “dicionário” que explica o significado de tudo ao jogador. Caso você esteja interessadíssimo no assunto e se depare com a frase “Teoria do Caos” mas não faça a mínima ideia do que é isso, não há necessidade de procurar o significado dela em nenhum lugar pois o próprio jogo já fornece uma explicação superficial bem satisfatória sobre tudo o que envolve o tema.

Essas teorias não são apenas citadas, mas também fazem parte dos experimentos de Okabe e Kurisu. Neste sentido, podemos ver o esforço dos criadores de não só focar a fundo no assunto, mas buscar ensinar ao jogador mais sobre o estudo de viagens no tempo, um pouco de física e inclusive neurociência, além de diversos outros temas que se encaixam muito bem, mesmo que não tenham nada a ver com viagem temporal ou ciência.

Além disso, Steins;Gate ainda conta com um vocabulário inteiro tirado direto do 4chan, que no jogo se chama @channel. Todas as expressões usadas por lá são usadas pelos personagens e, felizmente, elas também estão no dicionário do jogo, um conhecimento extra para aqueles que tinham curiosidade de saber gírias e expressões japonesas.

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E mesmo estando cheios destas referências e expressões, os diálogos do jogo – que somam de 30 a 50 horas de jogo – contam com muito mais informações. São repletos de humor, referências da vida real e de elementos do mundo geek que muito reconhecerão na hora, mesmo que um nome fictício esteja sendo usado. O resultado de tudo isso é, como dito, uma das melhores histórias que eu já vi e vou ver.

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A história de Steins;Gate é muito, mas muito acertada, mesmo abordando um tema que levanta tantas dúvidas e que é tão complexo, nunca sobra um ponto sem nó. Adicione os diversos finais alternativos que o jogo possui a isso e ficará ainda mais fácil perceber a maestria com que foi criada a história de Steins;Gate.

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Todos os pontos deixados de lado, alguns até aparentemente irrelevantes e que já havíamos nos esquecido deles, sempre se encaixam com algo maior e complementam ainda mais esta belíssima história. Alguns mais complicados foram, de maneira muito bem pensada, retirados do anime, e isso de forma alguma o faz pior do que a visual novel ou vice-versa, o material de origem tem uma história muito mais detalhada e tocante de várias formas, já sua adaptação tem uma história mais linear que consegue emocionar muito mais por ter o recurso da animação.

O game possui doses muito bem medidas de informação, humor e drama, consegue tocar o jogador de maneiras inesperadas e com exceção do início arrastado, mantém você preso aos personagens e aos acontecimentos. Os diálogos são todos tão interessantes que eu não lembro de ter pulado nenhum deles na minha primeira campanha; os personagens são tão importantes que eu fiz questão de chegar ao final alternativo de cada um deles antes de terminar o jogo. Acabei com 70 horas de campanha e não achei que nenhum minuto desse tempo foi perdido, a qualidade da história e dos personagens faz Steins;Gate valer a pena.

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Mas e em questão de gameplay? O que temos de mais?

Bom, Steins;Gate tem um esquema muito interessante de escolha de diálogos chamado Phone Trigger onde você escolhe palavras dentro das mensagens recebidas e inicia novos diálogos a partir destas palavras. Elas vêm sempre sublinhadas e com uma cor destacada do restante do texto para que você saiba quantas opções de resposta existem naquela mensagem.

Você também tem em alguns momentos a opção de enviar email ou ligar para certo personagem, ou atender ou não a ligação dele e todas estas ações certamente influenciam em algum final do jogo ou no desbloqueio de alguma conquista.

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Se você deseja alcançar todas as conquistas ou todos os finais alternativos do jogo é necessário seguir uma ordem de conversa com cada personagem e fazer um verdadeiro jogo de save states para utilizar todas as possibilidades que Steins;Gate oferece. Além de 3 finais alternativos na metade da campanha, Steins;Gate também possui 3 finais alternativos no final dela e é de suma importância que as conversas sejam respondidas à risca para se desbloquear todos eles, principalmente o fantástico True Ending, que segue os acontecimentos do anime.

Felizmente para você, nós temos um guia que te ajudará a obter não só todas as conquistas, mas também chegar a todos os finais alternativos do jogo. É aconselhável que você jogue uma campanha inteira primeiro para aproveitar a experiência e só então siga o guia que é praticamente o único meio de se chegar ao True Ending.

Cada final alternativo pode ser alcançado através de uma simples decisão que é de fácil identificação no momento da narrativa, mas se mesmo assim você não estiver prestando atenção, o jogo dá lembretes visuais de que naquele momento você deve tomar uma decisão importante.

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TODOS os finais do jogo são satisfatórios, e este é um ponto que eu gostaria de destacar. Por mais que o True Ending, ou o final do anime, seja realmente o perfeito, os demais são tão aceitáveis quanto. Podemos perceber o cuidado com cada um deles para que eles continuassem tão acertados quanto a história e fechassem cada timeline sem deixar ponto sem nó.

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Visualmente, Steins;Gate é uma obra de arte como visual novel, com uma grande variedade de CG e ilustrações que destacam o melhor de cada personagem e suas emoções. Sua trilha sonora aliada à presença ou não de vozes cria uma atmosfera sensacional e com diversos momentos marcantes e a dublagem do jogo é outro ponto forte, principalmente na construção dos personagens, mesmo que não haja outro idioma além do japonês.

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Se você está pensando em jogar uma visual novel e não sabe por onde começar, Steins;Gate é um ótimo ponto de partida. Sua qualidade é tão absurda que eu o colocaria facilmente na minha lista de jogos para jogar antes de morrer, mesmo que o gênero não seja tão aceito no ocidente. O preço por ora está meio salgado, mas tenho certeza que não importa o quanto você pague, no fim será impossível não amar esta obra de arte.

Curtiu o jogo? Veja também as adaptações de Steins;Gate que além do anime conta com um filme, mangá e uma midquel chamada Steins;Gate 0 que já foi lançada e analisada por nós.

El Psy Kongroo.

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Review elaborado utilizando uma cópia do jogo para PC fornecida pela Publisher.

Resumo para os preguiçosos

Steins;Gate é uma visual novel que segue a história de Okabe Rintaro, um jovem estudante que, por acidente, descobre como mandar mensagens para o passado e acaba juntamente com seus amigos envolvido em uma conspiração que pode custar a vida daqueles que ama. O jogo conta com um elenco de personagens sensacional, sendo que cada um possui características marcantes e papéis importantes para a história. Sua arte, trilha sonora e dublagem são perfeitas também e seu sistema de tomada de decisões agrada bastante, apesar de te obrigar a usar um guia para chegar a todos os finais.

A história de Steins;Gate é uma das mais perfeitas que já vi, é complexa e muito bem contada, não deixa ponto sem nó mesmo abordando um tema tão complexo. O game conta com uma quantidade enorme de diálogos que tocam profundamente o jogador em diversos momentos e o mantêm preso mesmo depois que a história já acabou.

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Steins;Gate é um jogo inesquecível que faz parte daquele seleto grupo que faz qualquer um que o jogue virar fã. É uma obra de arte em questão de arte, trilha sonora, dublagem, construção de personagens e principalmente narrativa, certamente um jogo para se jogar antes de morrer.

Nota final

90
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Personagens marcantes com papéis importantes
  • História muito bem construída que se encaixa em todos os pontos
  • Tomada de decisões
  • Diversos finais alternativos
  • Grande quantidade de diálogos que prendem e tocam o jogador
  • Trilha sonora e arte sensacionais
  • Dublagem perfeita

Contras

  • Início parado que pode afastar uma grande parcela de jogadores
  • Sem legendas em português
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Rafael Oliveira
Rafael Oliveirahttp://criticalhits.com.br
Rafael Oliveira faz análise de jogos, filmes e séries regularmente para o Critical Hits, além de postar notícias e artigos esporadicamente. Acha que Shadow of the Colossus é o melhor jogo já feito, é fanboy de Steins;Gate e tem um lugar especial no coração para Platformers, RPGs e Metroidvanias.