Na década de 90, no auge da geração 16 bits, o que mais chavama atenção da molecada eram jogos cheios de ação, explosões, pancadaria ou velocidade. Dificilmente um jogo sem alguma destas características acabava conquistando o público, tanto é que dá pra contar nos dedos os lançamentos de títulos do tipo.
Mas um deles destacou-se mais do que os demais. Harvest Moon era um jogo simples mas com uma proposta ousada: permitir ao jogador criar a sua própria fazenda. Aqui a batalha era contra o tempo e as estações do ano que te obrigavam a mudar todas as suas plantações e talvez a situação mais tensa fosse ficar sem alimento o suficiente para alimentar suas vacas e galinhas.
Não me entendam mal, o jogo era ótimo. Eu mesmo era um fã inveterado de Harvest Moon e dediquei muitas horas “personalizando” a minha fazenda da melhor forma que conseguia. O problema dele é que por não ser muito complexo, em determinado momento ele acabava ficando muito repetitivo e monótono. Além disso, nenhum outro título lançado na sequência tanto para PS1 quanto para GameCube conseguiu ser tão legal quanto o primeiro, então com o tempo os fãs da franquia acabaram deixando-a de lado, até agora.
Eis Então que a Chucklefish -a mesma desenvolvedora do sensacional Starbound- resolveu lançar Stardew Valley, um jogo também simples mas que tenta misturar o gameplay despojado do primeiro Harvest Moon com elementos mais complexos e que hoje já são bastante comuns em outros jogos por ai.
O jogo começa mostrando o seu personagem vivendo a típica vida da cidade grande, até que um dia ele resolve abandonar tudo e ir viver na fazendo que herdou do avô em Stardew Valley. A partir desse momento você precisa por a fazenda em ruínas de volta nos trilhos a fim de garantir o seu sustento e ganhar algum dinheiro. O game te oferece várias maneiras diferentes de fazer isso. O jogador pode focar simplesmente nas plantações e criação de animais, ou ir um pouco mais além e produzir xaropes, mel, picles, geléias e mais uma infinidade de outros produtos.
Uma novidade que chama bastante atenção é o sistema de crafting. Ele funciona tão bem que é até difícil imaginar Harvest Moon original sem esta pequena funcionalidade. Com os ingredientes certos o jogador pode criar uma série de itens que o axuliam ao processar novos materias ou obter novas materias primas.
Além disso, também é possível dar upgrade nas ferramentas que mais se utiliza. Assim como em Harvest Moon o jogador começa sua vida no campo munido de uma enxada, uma pixareta, um machado e um regador. Conforme vai conseguindo mais dinheiro e metais preciosos, é possível que se melhore uma destas ferramentas a fim de aumentar a eficiência.
A forma como se consegue metais preciosos, ou ores, no jogo também é muito interessante. Basta que você dirija-se até a mina e cave cada vez mais fundo em busca do metal que procura. Cada andar é gerado randomicamente e quanto mais fundo se vai, mais difícil fica.
Como em Harvest Moon, as estações mudam a cada 28 dias e com elas muda-se também o tipo de plantas que se pode plantar. Com isso, o jogador tem de ficar ligado no tempo que cada planta necessita para se desenvolver a fim de que não acabe investindo dinheiro em algo que não vá produzir nada no fim das contas.
Conforme as estações vão passando nota-se que todo o cenário muda, o que altera também o tipo de recurso que o jogador por extrair do ambiente fora da sua fazenda. Existem peixes que podem ser pescados com maior facilidades no outono, enquanto determinada fruta selvagem só fica disponível abundantemente o verão.
Além de favorecer o andamento do jogo, essa mudança no cenário acaba aumentando a sensação de “imersão” em Stardew Valley. Não só o cenário, mas como os personagens também chamam bastante a atenção por não serem meros coadjuvantes. Cada um deles possuem uma personalidade definida e podem ser conquistados através de pequenos presentes. Se o jogador tiver sorte e se esforçar o suficiente, é capaz até mesmo de arranjar um casamento com alguém por lá.
Por fim, também vale a pena comentar sobre um sistema muito interessante de “conquistas” presente no jogo. Em determinado momento o jogador é levado até uma antiga construção da cidade e percebe que pode trocar seus produtos com simpáticas criaturas que tomaram o lugar. Existem vários “bundles” que podem ser obtidos e quase todos eles recompensam o jogador com itens úteis o suficiente para fazer a troca valer a pena.
No momento, os desenvolvedores ainda estão trabalhando para acertar alguns pequenos problemas do jogo como a velocidade do personagem quando este anda na diagonal e problemas com o cursos. Como de praxe, existem alguns bugs e pequenos glitches que acabam aparecendo de vez em quando, mas nada que atrapalhe severamente a jogatina. Eu por exemplo, joguei grande parte do tempo no controle e não tive problema nenhum, muito pelo contrário, fiquei deverás satisfeito com a precisado dos controles no joystick.
Na verdade Stardew Valley parece conseguir algo que Yoshifumi Hashimoto não foi capaz: criar uma sequência digna do primeiro Harvest Moon sem ter de adicionar muitos elementos que distanciam o gameplay da experiência original. Apesar de ser claramente baseado no clássico título da Nintendo e muitas vezes apresentar mecânicas completamente semelhantes, Stardew Valley consegue ser original e divertido.
Resumo para os preguiçosos
Stardew Valley tenta trazer de volta a saudosa experiência que tivemos com o primeiro Harvest Moon, lançado lá em 1997. Longe de ser somente uma cópia, o jogo tenta misturar as mecânicas clássicas com uma série de novidades vista em jogos mais recentes, tornando uma grande mistura de qualidades das antigas e novas gerações. Extremamente divertido, o jogo faz jus ao que se propõe e já tornou-se o meu preferido no gênero.
Prós
- Gráficos saudosistas
- Controles adaptados para Joysticks
- Mistura de mecânicas clássicas e atuais
Contras
- Pequenos bugs e glitches ao se jogar no teclado
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