Se você não sabe o que é Bob Esponja é porque ele é uma das animações mais lendárias de todos os tempos, provavelmente está vivendo errado. O personagem que continua ativo há mais de 20 anos é a estrela de SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake, jogo de plataforma 3D pela THQ Nordic que chama atenção pelas características de acessibilidade e otimização.

Caso você conheça Bob Esponja, sabe que apesar dele supostamente fazer parte de uma animação destinada ao público infantil, grande parte do seu público atual é composto por adultos – que provavelmente eram crianças quando o desenho foi lançado e hoje continuam consumindo as hilárias venturas da esponja amarela e seu amigo estrela do mar. Dessa forma, não é incomum que jogos baseados no seriado sejam encarados como infantis e bobos demais para os jogadores mais “hardcore”, o que não é tão verdade neste caso.
Sim, SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake é um jogo para ambos os públicos. Adultos provavelmente conseguirão entender a profundidade de alguns diálogos e da aventura em si. Mas o que mais surpreende nesta nova obra da THQ Nordic é que toda a aventura pode ser encarada por jovens crianças que sequer sabem ler ou escrever, sem maiores dificuldades. Esta talvez seja, inclusive, a melhor e mais importante característica de The Cosmic Shake.
A história é completamente sem noção, assim como qualquer bom episódio da série. Bob Esponja e Patrick estão divertindo-se em um parque de diversões até que encontram lágrimas de sereia e descobrem que possuem um saldo de três desejos a serem realizados. Apesar de não desejarem nada demais, a dupla de amigos acaba afetando a estabilidade do tecido espaço-tempo e com isso, criando uma série de universos paralelos.

No fim das contas as lágrimas de sereia acabam se provando o artefato mágico provedor de desejos mais cretino da cultura pop, já que leva a máxima “cuidado com o que deseja” ao extremo e distorce completamente os simpáticos desejos de Bob Esponja e Patrick. Lula Molusco que deveria receber mais apreço pelas suas obras acaba tornando-se um diretor de filmes de ação muito exigente. Sandy Orelhas que deveria receber maior apreço por suas habilidades marciais um tanto arrogante e Patrick Estrela vira um balão que acaba por acompanhar Bob Esponja por todos os mapas do jogo.
Essa disrupção no espaço tempo faz com que a dupla precise viajar por vários cenários diferentes, se metendo em todo tipo de aventura possível. Os cenários são um tanto quanto clichês e envolvem temáticas como faroeste, pré-história, piratas e tudo mais. Porém, confesso que estava com saudade desse tipo de exploração multi-temática. Acredito que a última vez que me diverti tanto com algo do tipo foi com o saudoso Bugs Bunny: Lost in Time, do Playstation.

A exploração em si não tem nada demais, já que os mapas não são muito complexos e até bem lineares no final das contas. Porém, todos eles estão repletos de referências e pontos que são típicos da série do Bob Esponja, o que faz com que a gente se sinta em casa. Além disso, uma das coisas mais legais é poder contar com a dublagem original do desenho, com direito à Wendel Bezerra e todos os outros envolvidos na obra. Um verdadeiro prato cheio para qualquer fã da fenda do biquíni.
Em termos de dificuldade, SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake é bem simples e não oferece muito desafio. Os inimigos são fáceis de serem vencidos e o jogo não conta com um modo difícil. Basta um pouco de adaptação para se acostumar com os controles e depois disso é bem difícil acabar morrendo. Não encontrei nenhum desafio severo ao longo da jornada, ou algo que me exigiu muitas tentativas para ser vencido.

Neste ponto, volto a mencionar como The Cosmic Shake é um jogo que funciona bem para crianças e adultos. Contudo, senti falta da opção que me permitisse um desafio mais elaborado. Algo que não deixasse o desenrolar da história como único desafio.
Em alguns momentos o jogador pode atingir seus inimigos com ataques de longa distância, porém este sistema também conta com mira automática e acaba se tornando fácil demais. Particularmente gosto bastante da mira automática em alguns jogos, e acredito que se The Cosmic Shake oferecesse a opção de personalizar a dificuldade – com inimigos mais desafiadores ao mesmo tempo, em que se mantém a mira automática, o resultado final seria mais satisfatório.

No total, são sete mundos para serem explorados e no quarto eu já tinha perdido boa parte do interesse. The Cosmic Shake faz um bom trabalho alternando entre desafios diferentes, diálogos e exploração, mas ainda assim não foi o suficiente para que sentisse vontade genuína de chegar ao final do jogo. Mesmo assim, não tenho como afirmar que SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake seja um jogo ruim, pois o tempo todo, fiquei imaginando como seria divertido compartilhar esta aventura com meu primo mais novo.
O que mais me decepcionou, no entanto, foi a falta de significado para as fantasias e roupas que o Bob Esponja usa ao longo do jogo. Na primeira vez que vi o trailer, imaginei que cada roupa conferiria algum tipo de habilidade especial, útil durante a aventura. Contudo, não é isso que acontece e todas elas possuem fins puramente cosméticos. É legal ver o Bob Esponja vestido de Homem das Cavernas? Sim. Mas é frustrante não poder sair usando um tacape gigante como arma ao mesmo tempo.

SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake também parece não se levar muito a sério neste quesito, já que no início do jogo nos é dito que Bob Esponja precisará coletar geleias para desbloquear novas roupas e assim, abrir portais para novos mundos. Imagina-se então, que as roupas são essenciais para avançar no jogo, mas ao terminar uma fase, um novo portal é aberto e você pode sair por aí sem se preocupar em coletar geleias. Ou seja, é uma mecânica virtualmente inútil, mas vale pela função estética.
Sendo bem crítico, dá até pra dizer que SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake é excelente quando o assunto é acessibilidade – uma vez que qualquer criança pode entender a história sem maiores dificuldades e se divertir com o jogo; ao mesmo tempo em que não é completamente acessível para jogadores que buscam um desafio maior. Nem tudo é perfeito e sinceramente sinto-me o Lula Molusco por fazer a crítica desta forma, porém realmente acredito que desafios mais proporcionais à minha faixa de idade tornariam a experiência muito mais interessante.

Mas afinal, SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake vale a pena? Em minha modesta opinião, sim. The Cosmic Shake é uma das melhores experiências da Esponja Amarela que já experimentei e mesmo com a leve falta de desafio, confesso que dei gostosas gargalhadas com algumas situações e diálogos do jogo. É lindo ver a dedicação dos desenvolvedores ao tentar tornar o jogo acessível para todos os públicos, principalmente ao colocar 9 idiomas, todos eles com os dubladores originais de cada país.
Se você tem filhos, sobrinhos, irmãos mais novos e etc, experimente jogar The Cosmic Shake com eles, pois tenho certeza que isso melhorará a experiência. Conta pra gente nos comentários se realmente vale a pena deixar a criançada se aventurar!
Review elaborado com uma cópia do jogo para Playstation 5 fornecida pela publisher. Jogo disponível para PC, PS5, Nintendo Switch e Xbox Series.

