Ainda me lembro quando estava no chat da equipe do Critical Hits quando o nosso querido Diego Melo, conhecido como Dieguito – ou cheater de CS – chegou falando maravilhas do Spec Ops: The Line. De como a história era bacana e diferente de tudo que ele tinha visto. Pouco tempo depois o jogo entrou em promoção na Steam e eu o arrematei. Joguei meia hora e me empolguei muito pouco. Deixei o jogo encostado por um bom tempo.
Recentemente o Backlog Crítico me fez tirar esse game do meu limbo particular de jogos eletrônicos e eu me arrependi muito de ter demorado tanto para jogar esse jogo fantástico.
- Nome: Spec Ops: The Line
- Plataforma: PC, Playstation 3 e Xbox 360
- Desenvolvedora/Publisher: 2K Games
- Lançamento: 26 de Junho de 2012
Intenso
Eu pensei muito em como iria escrever o review e passar pela história desse jogo sem revelar nada e mesmo assim passar tudo o que é possível sentir com esse jogo. É difícil.
O jogo começa com um plot pouco clichê: você é o Capitão Martin Walker, líder do Delta Force, composto pelo brincalhão John Lugo e o negão granadeiro Alphonse Adams. Você chega em uma Dubai arrasada por tempestades de areia há seis meses seguidos com a única missão de verificar como está o “Damned 33rd”, um batalhão fictício que deveria estar ajudando na situação caótica da cidade, mas que parou de responder comandos e a última mensagem vinda de lá é um pedido de ajuda do Comandante Konrad, um conhecido de guerra do Capitão Walker e muito admirado pelo protagonista do jogo. E só. A missão era ir, verificar, relatar e voltar.
Chegando lá em Dubai, você e seu time são atacados por “insurgentes”, mostrados como forças guerrilheiras árabes padrões, com aqueles panos na cara e tudo mais e, de repente, a missão original é totalmente esquecida pelo Capitão Walker (e pelo jogador) e vira o clássico “Americans saves the day”, com o time avançando sobre os inimigos e buscando na cidade arruinada respostas sobre os mistérios que envolvem o batalhão perdido.
E é justamente aí que o jogo começa as suas reviravoltas. E a partir daqui fica difícil escrever sem estragar as inúmeras, terríveis e tensas surpresas que o aguardam na história. O jogo se torna um ode contra os jogos de guerra moderna atuais onde suas ações não tem consequência. Nessa Dubai arrasada, tudo que você faz tem resultados. E resultados terríveis. Esqueça aquela fase do Modern Warfare 2 onde você mata as pessoas no aeroporto, nada vai te preparar para o que você vai enfrentar em Spec Ops: The Line.
As situações, que variam de escolhas morais entre opções ruins e terríveis até acontecimentos brutais, vão aos poucos degradando a forma física e mental do Delta Force e isso é perceptível através dos ferimentos, sujeiras nas roupas e modo de agir dos personagens. Três homens entram em Dubai e aos poucos se tornam apenas frangalhos do que costumavam ser.
É possível ver em todos os detalhes do jogo. Desde as falas suas e do seu time, que no começo do jogo são calmos e muito técnicos, e no final são gritos desesperados. Começa com “tango down” e “neutralize that sniper” e logo menos todos estão aos berros com “kill that motherfucker” e “kill fucking confirmed”. Sem falar nas execuções automáticas, que passam de um golpe de misericórdia com pescoço quebrado de um inimigo agonizante para um espancamento com a arma seguido de um tiro com o cano da arma na boca do infeliz que cruzou seu caminho.
Até no menu do jogo, que começa com um sniper num andar altíssimo de um prédio, tocando The Star-Spangled Banner, versão do Jimmy Hendrix. Ao decorrer do jogo e da história, a musica vai ficando mais e mais distorcida conforme você avança, assim como a posição e o que o sniper está fazendo muda. E só pra constar, até as músicas presentes no jogo tem uma parte intrínseca na história.
O jogo te enfia em uma rede de conspirações que envolvem muito mais que a Delta Force e o Damned 33rd numa espiral de acontecimentos duros, que aos poucos acabam com a sanidade de todos do time, assim como a do jogador, que tem a cabeça explodida em diversos pontos do jogo. E, embora se tornem cada vez mais raros, há alguns momentos cômicos, encabeçados pelo excelente John Lugo.
E o final… Você vai jogar esse jogo algumas vezes até absorver tudo e explorar tudo que esse jogo oferece. Até porque é possível jogar o nível final diretamente depois de completar a história uma vez, o que é excelente para você aproveitar os finais diferentes.
O fator replay desse jogo é muito bom também. Se eu tivesse que comparar esse jogo com algum filme, seria com o Sexto Sentido. Não temos fantasmas ou Bruce Willis, mas a partir do momento que você completa o jogo pela primeira vez, a segunda vez que você joga apresenta detalhes que você deixou passar e torna a experiência ainda mais intensa e com uma dinâmica cada vez mais impressionante.
Se você se interessou por esse jogo, não veja mais nada e vá jogar. E prepare-se para colocar as mãos na cabeça enquanto sussurra pra si mesmo “Ca-ra-lho…” algumas vezes durante o jogo.
Murinho, hordas e mais hordas e mais hordas…
Enquanto a história é única e ponto fortíssimo do jogo, a jogabilidade não segue o mesmo caminho. Nesse ponto, Spec Ops: The Line é um Third Person Shooter dos mais genéricos, com mecânica de murinho clássica de Gear of Wars, onde você procura um lugar para se escorar e atirar, e pode dar ordens para seu time, que conta com um sniper e um granadeiro.
Tudo muito simples e as vezes até enjoativo, já que você enfrenta muitos inimigos em hordas cada vez mais agressivas e difíceis. Sem entrar no mérito de ser proposital ou não, de acordo com o objetivo do jogo, a matança vai ficando cada vez mais cansativa e repetitiva. É possível que tenha sido proposital da 2K Games, evidenciando o lado contra os jogos de guerra moderna que apresenta matanças sem sentido numa sátira, mas isso é subjetivo demais. Analisando apenas o gameplay, o jogo é no máximo razoável.
Além da mecânica batida, alguns comandos usam o mesmo botão e não raro você vai estar dando golpes no vazio com sua arma quando na verdade você quer pular os sacos de areia para se esconder, devido a má programação. E num jogo onde poucos tiros são o suficiente para acabar com seu life, você pode passar um pouco de raiva. Principalmente nos últimos cenários e com as ultimas dificuldades.
Dificuldades essas que, mesmo um pouco apelonas nos níveis mais difíceis, é em prol de uma Inteligência Artificial muito boa, com inimigos sempre se posicionando de maneira a se proteger melhor e ter uma vantagem, táticas de flanqueamento e supressão. E só não dá pra ver melhor a IA dos inimigos porque Lugo e Adams, seus companheiros, também são agraciados com essa inteligência, deixando o jogo muito dinâmico e bonito estratégicamente.
Areia e música boa
Os gráficos do jogo são bons. Joguei em low res por causa das especificações do meu computador, que é bem ruinzinho, e mesmo assim o jogo rodou sem quedas de FPS e razoavelmente bonito. O jogo roda em muitas máquinas sem problemas e em alguns vídeos que vi com o jogo no talo, os gráficos são bem bacanas, com texturas boas e decisões acertadas nas composições. Nada de Crysis por aqui, mas não dá pra reclamar também.
No quesito arte o jogo é também um show a parte, mostrando uma Dubai arrasada de maneira muito satisfatória e bonita, apesar de ignorar um pouco a construção fiel da cidade. Avançando mais na história você pode decidir se isso é uma falha do jogo ou uma sacada genial dos produtores. Eu optei pela segunda opção. O jogo possui um gore bem leve e as vezes caricato no gameplay, talvez por escolha artística da produtora, alternando com cenas e momentos realmente perturbadores, mas nada gratuito e desnecessário.
As músicas selecionadas e como elas estão inseridas no jogo são outro ponto muito forte do jogo. Desde a música no menu principal até as composições genéricas que dão o tom em alguns momentos chaves, a escolha musical se mostra acertada em todos os níveis. Pontaço pra 2K Games, que mandou muito bem.
Se bem que não tem como errar com : Alice in Chains – “Rooster”; Björk – “Storm”; The Black Angels – “Bad Vibrations” e “The First Vietnamese War”; Black Mountain – “Stormy High”;Deep Purple – “Hush”; Inner Circle – “Bad Boys”; Jimi Hendrix – “1983… (A Merman I Should Turn to Be)” e “The Star-Spangled Banner”; Martha and the Vandellas – “Nowhere to Run”; Mogwai- “Glasgow Mega-Snake” e “R U Still in 2 It”; Nine Inch Nails – “The Day the World Went Away” e de Giuseppe Verdi “Dies Irae, Libera Me”.
Aliás, tudo que envolve o áudio ficou muito bom. O som das armas, efeitos sonoros em geral e a forma como o ambiente se comunica é muito boa e a dublagem é sensacional. Nolan North (que também fez Nathan Drake, do Uncharted) está em sua melhor forma e conseguiu dar o tom perfeito para o Capitão Walker, assim como Christopher Reid como Adams e Omid Abtah( Farid em CoD:Black Ops 2) como Lugo. Todos os outros personagens tiveram dublagens no mínimo muito boas e mais ponto pra 2K Games.
Multiplayer
Não jogue o multiplayer. Apenas.
Resumo para preguiçosos
Spec Ops: The Line é um third person shooter onde o foco é a história, muitíssimo bem desenvolvida, que peca um pouco na jogabilidade, sendo discutível se de maneira proposital ou não. Um daqueles jogos que você precisa conhecer e tirar suas próprias conclusões e facilmente uma das melhores histórias contadas no mundo dos jogos eletrônicos.
Prós
+ História incrível
+ Bela seleção musical
+ Fator replay imenso
+ Sério, a história é foda.
Contras
– Jogabilidade repetitiva
– Alguns bugs nos comandos
– Multiplayer lastimável
Resumo para os preguiçosos
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Prós
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Contras
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