O remake de Silent Hill 2, desenvolvido pela Bloober Team e publicado pela Konami, finalmente foi lançado. O game original é até hoje considerado como um do melhores títulos de terror psicológico de todos os tempos. Com uma narrativa profunda e bem enredada, o jogo também se alicerça em cima de uma atmosfera pesada e tensa, que confere a receita perfeita para uma experiência tensa e sufocante.
Por anos a fio, aguardamos a Konami finalmente tirar algo de novo da sua caixa de brinquedos. Porém, desde “PT”, nunca mais ouvimos nada relacionado a Silent Hill, até que a Konami anunciasse o remake de Silent Hill 2, assim meio de supetão.
O problema é que a Konami não se encontra no seu melhor estado, e tentar oferecer uma boa experiência baseada em um dos seus melhores jogos de todos os tempos pode acabar sendo um tiro que saiu pela culatra. Alguns dos trailers lançados anteriormente foram bastante criticados pelo público, por supostamente apresentar um produto bem abaixo da qualidade esperada. Mas será que esse é mesmo o caso?
Na verdade, o remake de Silent Hill 2 é bem divertido e surpreende positivamente pela sua qualidade final. O jogo está longe de ser perfeito e apresenta algumas falhas, principalmente relacionadas ao desempenho. Mas em geral, o jogo me agradou bastante.
Se você já jogou a primeira versão do game, sabe exatamente o que acontece e o desenrolar da história nos mínimo detalhes. A trama acompanha a saga de James Sunderland, um homem atormentado pelo luto que resolve visitar Silent Hill após receber uma carta de sua esposa falecida.
O ponto alto de Silent Hill 2 é ter conseguido mesclar a jornada de James e sincroniza-la com a redescoberta de seus próprios sentimentos acerca do falecimento de sua esposa. Confome James avança pela cidade de Silent Hill, acaba se confrontando com antigos sentimentos de arrependimento e culpa relacionados à morte de Mary, ao mesmo tempo em que enfrenta seus traumas inteiros e inimigos bastante externos, que assim como seus próprios sentimentos, tem o objetivo de deixa-lo em pedaços.
A busca por respostas não poderia ser mais difícil, afinal, Silent Hill é uma cidade coberta por uma névoa densa e persistente, que mantém James ligado á uma sensação opressora de tensão, já que nunca se sabe o que estará à espreita na próxima esquina.
Criar uma boa ambientação não era uma tarefa fácil quando o jogo original foi lançado, mas também não deve ter sido fácil no remake, afinal, criar algo marcante e realista em uma geração que cada vez mais cobra gráficos impecáveis é um desafio e tanto.
No entanto, o cenário de Silent Hill é muito bem feito e desenvolvido. Seja na concepção visual de prédios que parecem ter envelhecido rápido demais até a detalhes ínfimos como o desgaste de uma calçada, toda a composição visual do jogo continua oferecendo aquela sensação de estranheza surreal mesclada com objetos do dia-a-dia.
O principal problema do remake de Silent Hill 2 é o desempenho. O jogo luta para se manter em uma taxa de quadros constante e o visual no modo desempenho é realmente repugnante. Na verdade, o no modo desempenho, o jogo faz jus à todas as críticas que recebeu no lançamento do último trailer, já que alguns elementos visuais são tão grotescos que nem parecem fazer parte de um jogo lançado para a geração atual. Um exemplo prático do que quero dizer, é a animação de vidro quebrado.
Apesar desses problemas, é inegável que _Silent Hill 2 Remake_ consegue capturar a essência opressiva e emocionalmente desgastante do original. Mesmo com as quedas de desempenho, a ambientação mantém o jogador preso a uma atmosfera de puro desconforto e tensão, algo que sempre foi um dos principais trunfos da série. Os corredores escuros e os sons perturbadores à distância continuam a funcionar como elementos chave para aumentar a ansiedade, forçando o jogador a avançar com cautela, sempre temendo o próximo encontro.
A trilha sonora também merece destaque. Akira Yamaoka, o compositor original, marcou época com sua capacidade de usar música e silêncio para criar uma experiência de horror única. No remake, essa parte foi respeitada e revitalizada com uma qualidade de áudio ainda melhor, o que aprofunda a imersão. O som ambiente faz com que cada passo, cada sussurro ao longe ou o barulho de algo se arrastando pelo chão gere arrepios, deixando o jogador constantemente tenso.
A jogabilidade também foi revisada e aprimorada. Embora alguns possam argumentar que os controles continuam um pouco rígidos, especialmente em relação aos padrões modernos de combate, o remake conseguiu tornar os movimentos de James mais fluidos e responsivos. Isso é particularmente evidente durante os confrontos com inimigos, onde agora é possível se sentir mais no controle, sem perder a sensação de vulnerabilidade que é tão característica do jogo original. Contudo, é importante notar que essa atualização, embora necessária, ainda não remove completamente a sensação de antiquação dos controles. Em certas situações, o jogador pode sentir que a jogabilidade não acompanha os visuais mais modernos do jogo, algo que pode frustrar alguns.
Além disso, os puzzles e a exploração também mantêm a qualidade do original. O nível de dificuldade foi preservado, e os quebra-cabeças continuam oferecendo desafios que demandam lógica e atenção, além de momentos que exigem exploração cuidadosa de cada canto da cidade. No entanto, o ritmo da exploração, assim como no jogo original, pode parecer lento para jogadores mais acostumados a um estilo de jogo mais ágil. A progressão deliberada, no entanto, contribui para a tensão crescente que define a experiência de Silent Hill.
Ainda assim, um dos pontos mais comentados entre os críticos e fãs do remake foi a fidelidade ao material original. A equipe de desenvolvimento, liderada pela Bloober Team, conseguiu manter o coração da história intacto, respeitando a narrativa emocionalmente devastadora de James Sunderland. A forma como o remake revisita temas como luto, culpa e redenção continua sendo o principal alicerce da experiência. A jornada de James por Silent Hill permanece tão perturbadora e introspectiva quanto era na primeira vez que os jogadores a vivenciaram. Cada encontro com figuras como Pyramid Head ou Maria é carregado de simbolismo e significado, e o remake se assegura de que esses momentos ainda impactem profundamente o jogador.
Entretanto, como mencionado anteriormente, o principal ponto negativo do jogo reside em sua performance técnica. A taxa de quadros inconsistentes em algumas áreas e os bugs gráficos, especialmente no modo desempenho, podem prejudicar a experiência em consoles de última geração. Embora essas questões não sejam constantes, elas são notáveis o suficiente para tirarem o jogador da imersão em momentos cruciais. Esses problemas poderiam ser facilmente resolvidos com patches, mas, no lançamento, são um ponto fraco que precisa ser mencionado.
Outro ponto que poderia ter sido melhor explorado é a inovação. Embora a fidelidade ao original seja admirável, alguns jogadores podem sentir que o remake não trouxe tantas novidades quanto outros remakes recentes de jogos de horror, como os da série _Resident Evil_. A sensação de que o jogo poderia ter arriscado um pouco mais em termos de gameplay ou de novos conteúdos é algo que ressoa em parte da comunidade de fãs.
Mas e aí, Silent Hill 2 Remake vale a pena?
Em resumo, Silent Hill 2 Remake é uma experiência rica em atmosfera, fiel à narrativa original, e capaz de mergulhar o jogador em um horror psicológico profundo e significativo.
Embora os problemas técnicos e a falta de inovação sejam pontos negativos a considerar, o jogo consegue preservar a essência que tornou o título original um marco do gênero.
Para fãs da série e novos jogadores, este remake oferece uma oportunidade de revisitar um dos maiores clássicos do horror com gráficos modernizados e uma trilha sonora impecável. Basta estar preparado para enfrentar uma cidade que, assim como os sentimentos de James, está em ruínas – tanto física quanto emocionalmente.
Review elaborado com uma cópia do jogo para PS5 fornecido pela Nuuvem.
Resumo para os preguiçosos
O Silent Hill 2 Remake, desenvolvido pela Bloober Team, traz de volta um dos maiores clássicos do terror psicológico. O remake moderniza os gráficos e a jogabilidade, mas mantém a narrativa emocionalmente devastadora de James Sunderland, que revisita a cidade de Silent Hill em busca de respostas sobre sua esposa falecida. Com uma atmosfera tensa, trilha sonora imersiva e puzzles bem construídos, o jogo captura a essência opressiva do original. No entanto, problemas de desempenho e falta de inovação em comparação a outros remakes podem frustrar alguns jogadores.
Prós
- Atmosfera opressiva e tensa, fiel ao original.
- Narrativa profunda e emocionalmente impactante.
- Trilhas sonoras e efeitos sonoros imersivos, revitalizados para a nova geração.
- Gráficos modernizados, com cenários ricos em detalhes.
- Jogabilidade aprimorada, com controles mais fluidos.
Contras
- Problemas técnicos, como quedas de frame rate e bugs visuais no modo desempenho.
- Controles ainda podem parecer antiquados em alguns momentos.
- Falta de inovação significativa em relação ao original.
- Ritmo lento pode não agradar a todos os jogadores.
- Inconsistências gráficas que prejudicam a imersão em alguns trechos.