Depois de cinco anos em acesso antecipado e 1 anos após o lançamento de PC, Satisfactory finalmente chega para consoles e o resultado pode te surpreender.
Desenvolvido pela Coffee Stain Studios, o mesmo estúdio de Goat Simulator, o jogo prova que construir fábricas pode ser uma das experiências mais hipnotizantes e viciantes do mundo dos games. Trata-se de uma mistura perfeita entre simulação, gerenciamento e criatividade, ambientada em um planeta alienígena que serve de palco para sua obsessão industrial.
No início, Satisfactory pode parecer simples: minerar ferro, fundi-lo e criar chapas de metal. Mas em questão de horas, essa rotina se transforma em uma teia complexa de esteiras, refinarias e linhas de produção que consomem o mapa inteiro. A sensação de escalar de pequenas montagens manuais até um império automatizado é indescritível. O jogo prende o jogador em um ciclo constante de aperfeiçoamento, onde cada novo objetivo abre caminho para sistemas mais elaborados e desafios maiores.
Mesmo em sua simplicidade inicial, há algo quase meditativo em observar as engrenagens da sua fábrica girando em perfeita harmonia. Só que essa harmonia raramente dura. Uma nova tecnologia exige um novo material, o novo material requer mais energia, e a energia demanda novos geradores, cada conquista vem acompanhada de um problema a ser resolvido. Essa é a verdadeira essência de Satisfactory: um constante equilíbrio entre ordem e caos.
Escala monumental e senso de presença

Diferente de outros jogos do gênero, como Factorio ou Dyson Sphere Program, Satisfactory acontece em primeira pessoa, o que transforma completamente a experiência. Você não é um observador distante; está dentro do seu império industrial, andando entre maquinários colossais e correias transportadoras que cruzam o horizonte. Ver sua criação de baixo, sentindo o tamanho e o peso de cada estrutura, é o que dá ao jogo um senso de escala incomparável.
E quando você finalmente ganha acesso ao hoverpack, ao jetpack ou Hypertubes, explorar suas próprias construções se torna quase poético. Cada trajeto aéreo revela a grandiosidade e o absurdo daquilo que você criou: uma catedral de aço, cabos e vapor, alimentada por cálculos e café.
O planeta de Satisfactory é um espetáculo à parte. São diversos biomas exuberantes e hostis, repletos de criaturas curiosas e perigosas. Apesar da presença de combate, essa nunca foi a prioridade do jogo. Os inimigos funcionam mais como obstáculos que interrompem brevemente o fluxo de trabalho do jogador. Para quem prefere uma experiência tranquila, há até um modo pacífico, permitindo explorar e construir sem interrupções.
A liberdade criativa é um dos grandes trunfos do jogo. Você pode optar por linhas de produção perfeitamente organizadas, com ângulos retos e eficiência milimétrica, ou mergulhar no caos absoluto de uma “fábrica de espaguete”, onde esteiras se cruzam em todas as direções. E o melhor: Satisfactory abraça ambas as abordagens. Ferramentas de alinhamento e medição estão disponíveis para quem busca perfeição, mas a liberdade de improvisar e criar algo funcional, ainda que “feio”, é igualmente recompensadora.
A matemática da satisfação

Em sua essência, Satisfactory é um jogo sobre matemática aplicada. Tudo gira em torno de números: quantos fundidores são necessários para processar 180 minérios de ferro por minuto, ou quanta energia é consumida por uma linha de computadores avançados. O jogador decide o quanto quer se aprofundar nesses cálculos. Alguns preferem fazer planilhas e manter tudo equilibrado, enquanto outros simplesmente entopem o sistema de matéria-prima até que as luzes das máquinas fiquem verdes. Ambos os estilos funcionam, e cada um encontra prazer em diferentes níveis de controle.
Há também um toque de humor no mundo corporativo do jogo. A voz da sua supervisora de IA, que lembra uma versão cínica da GLaDOS de Portal, solta comentários sarcásticos sobre sua produtividade, ironiza suas conquistas e reforça o tom satírico sobre a exploração desenfreada. É uma crítica velada, mas eficaz, ao capitalismo industrial que o jogo tanto celebra.
Jogar no controle é satisfatório?

O grande diferencial desse lançamento para Playstation 5 e Xbox Series é que agora você sai do mouse e teclado, que é comumente visto como o ideal para esse tipo de jogo, para um controle em sua mão e muitos jogadores podem ficar com o pé atrás sobre o quão difícil pode ser jogar com analógico.
Existiu uma época em que realmente jogos tradicionalmente de PC não se davam bem com mouse e teclado e as desenvolvedoras tinham uma dificuldade tremenda de adaptar a interface para um controle, mas desde Baldurs Gate 3 e sua obra prima no remake do layout para um controle que as coisas acabaram fluindo e as desenvolvedoras acharam “o caminho das pedras” para adaptar bem seus controles.
Satisfactory obviamente consegue tirar uma extrema vantagem do mouse e teclado, mas está longe de ser ruim no controle, os atalhos são inteligentes e muito bem pensados, tornando realmente satisfatório jogar nele.
A única ressalva aqui é que ele podeira usar o touchpad do PS5 para gerenciar o inventário, ou até mesmo o analógico como uma espécie de mouse e manter as setinhas pro uso tradicional, dessa forma contempla 2 estilos de gerenciamento e da a opção do jogador escolher como ele quer usar.
Mas e aí, Satisfactory vale a pena?

Satisfactory é um marco dentro do gênero de simulação e automação. Ele combina escala monumental, liberdade criativa e um nível de polimento raramente visto em jogos desse tipo. Pode ser exaustivo, às vezes até opressivo, mas a sensação de ver sua fábrica funcionando como uma sinfonia de eficiência compensa cada hora investida. É um jogo que exige paciência e curiosidade, mas recompensa com algo que poucos conseguem oferecer: o prazer genuíno de ver o fruto do seu trabalho prosperar.
Se construir, otimizar e resolver problemas te fascina, Satisfactory é uma das experiências mais gratificantes que você pode ter. É o tipo de jogo que transforma engenharia em arte e o caos em pura satisfação.
Review feita com uma chave para Playstation 5 cedida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Satisfactory combina simulação, construção e criatividade em um planeta alienígena, criando uma experiência hipnotizante. A progressão de pequenas fábricas até impérios automatizados é viciante e desafiadora. A visão em primeira pessoa destaca a grandiosidade das criações e a liberdade criativa é total. A versão para consoles mantém a qualidade, tornando o jogo um dos melhores do gênero.
Prós
- Loop de Gameplay
- História
- Variedade de coisas
- Gráficos
- Viciante
- Satisfatório
Contras
- Poderia fazer melhor uso do Touchpad do controle do PS5

