Se você é um entusiasta de longa data de jogos de vídeo games, é provável que já tenha se deparado com alguma obra que contou com a colaboração do lendário Akira Toriyama. No entanto, Sand Land, da Bandai Namco, tem uma pegada muito diferente de todos os projetos anteriores de Toriyama, tanto no quesito jogos, quanto no quesito mangás.
A série acompanha o protagonista Beelzebub, Príncipe do Submundo e filho do Rei dos Demônios que assim como todos os humanos que compartilham do planeta de Sand Land, luta por escassos recursos hídricos para sobreviver. Tudo mundo no dia em que Beelzebub e abordado por um estranho humano idoso, que jura saber onde encontrar uma lendária fonte de água inesgotável, capaz de acabar com a falta de água para humanos e demônios.
Uma das características mais marcantes de Sand Land é que o jogo é muito competente em contar a história do mundo, dos personagens e de todo contexto que os cerca. Confesso que não li o mangá, nem comecei a ver o anime antes de iniciar a análise do jogo, e preferi fazer assim para poder ter o primeiro contato com a obra diretamente pelo jogo e avaliar se ele era capaz de prender minha atenção como mangás e animes geralmente fazem. Neste ponto, não tenho do que reclamar, pois assim como nos demais jogos baseados em anime produzidos e publicados pela Bandai Namco, Sand Land capricha no desenrolar da estória.
Para seguir a jornada de Beelzebub e seus amigos, é preciso ir liberando uma série de veículos que possam cruzar o gigante deserto de areia, enquanto provê alguma proteção contra a ação de inimigos e monstros atrozes. Esta é, na verdade, uma das partes mais interessantes do jogo, uma vez que você vai passar a maior parte do tempo dele em um veículo, disputando batalhas diretamente de dentro deles.
O primeiro veículo a ser liberado é um tanque. Não pretendo entrar muito na questão da estória para não arriscar estragar a experiência do nobre amigo leitor, mas as missões de obtenção dos veículos são absolutamente geniais. Na missão do tanque, me senti praticamente jogando Metal Gear Solid, apesar dos estilos de combate serem completamente diferentes.
Além do combate veicular, Sand Land também apresente um singelo sistema de combate “pessoal”, onde você usa Beelzebub para descer a mão nos inimigos e monstros. Para minha surpresa e decepção, esta talvez seja a parte mais humilde de todo jogo, já que o combate com Beelzebub é bastante simples e repetitivo. Sendo assim, na minha cabeça, Sand Land esta muito mais próximo de um jogo de combate de tanques do que um jogo de luta. Isso pelo menos até a parte onde você desbloqueia um veículo muito específico que permite fazer as duas coisas ao mesmo tempo, mas não pretendo estragar sua surpresa.
As primeiras missões tornam o jogo um tanto “nos trilhos”, mas são necessárias para estabelecer alguns elementos de narrativa e alguns pontos importantes de roteiro para justificar algumas situações. Com o tempo, o jogador acaba encontrando um refúgio seguro para permanecer escondido do exército imperial. Neste refúgio, é possível personalizar os seus veículos com novas peças e cores, além de ir aos poucos liberando novas lojas e moradores conforme pessoas vão sendo salvas do deserto escaldante.
Depois de um tempo, as missões secundárias começam a aparecer e o jogador tem a premissa de sair explorando o mapa como quiser. Explorar o mapa acaba sendo algo vantajoso, já que você pode acabar liberando novas peças para os seus veículos, mas nada muito além disso.
Sand Land também conta com algumas mecânicas secundárias bem interessantes, mas que poderiam ser melhor trabalhadas. Em uma delas, por exemplo, você pode caçar bandidos ou monstros assassinos e ganhar recompensas com isso. A parte negativa é que o jogo não oferece uma variedade muito grande de bandidos para se caças, e depois de uns cinco ou seis deles, as coisas começam a se repetir.
Alguns pontos do mapa só podem ser acessados com veículos específicos, o que faz com que Beelzebub e sua trupe precisem encontrar estes novos veículos em algum lugar e consertá-los. Estes novos veículos estão ligados com a progressão da estória, mas cada um deles oferece um jeito diferente de explorar o mapa.
Outra parte interessante é que as cápsulas de Dragon Ball estão presentes em Sand Land também! Isso significa que você pode andar por aí tranquilo com todos os seus veículos a disposição, e ainda trocá-los conforme a necessidade, mesmo no calor do combate. Na maioria das vezes, me peguei trocando do veículo mais veloz para o tanque e só mais pra frente que passei a utilizar outros veículos para combate.
Em termos práticos, Sand Land me surpreendeu bastante por oferecer uma experiência que consegue ser diferente e familiar ao mesmo tempo. Familiar porque de alguma forma, me senti jogando um game de PS2, misturado com Mad Max e Borderlands. Contudo, ainda assim as coisas soavam diferentes em função do enredo de Toriayama e do estilo de jogabilidade é apesar de simples e direto, funciona bem e é divertido.
Sand Land não é o jogo mais desafiador do mundo (mesmo na dificuldade intermediária). Na verdade, as batalhas me pareceram bastante fáceis, mesmo quando enfrentava chefões ou inimigos mais poderosos. A maioria dos veículos possui dois tipos de armas, que devem ser alternadas conforme a necessidade e a disponibilidade de munição.
O tanque, por exemplo, conta com o canhão e com a metralhadora. Enquanto você carrega o canhão com novas capsulas – um processo levemente demorado, troca-se para a metralhadora e assim por diante. Obviamente que as duas armas causam efeitos diferentes em batalhas com mais de um oponente, mas em resumo a gameplay se limita a troca de armas e a boa movimentação dos veículos pelo cenário.
Talvez esse seja o maior mistério por trás de Sand Land. Ele não é o jogo mais complexo do mundo e, na verdade a maioria das suas mecânicas são bastante simples e diretas. Contudo, é um jogo divertido e cativante que te faz querer seguir adiante, principalmente para acompanhar qual será o desfecho da história de Beelzebub. Chega a ser difícil dizer se o mérito é de Akira Toriyama por ter criado uma história tão boa, ou da Bandai Namco, que conseguir adaptá-la para um game de maneira tão simples e divertida.
Em resumo: Sand Land é um bom jogo, divertido e cativante, que faz um excelente trabalho adaptando a última obra do mestre Toriyama aos vídeo games. A jogabilidade é bastante simples e descomplicada e com alguns minutos de jogo ele já é capaz de cativar seu coração com um dos protagonistas mais legais dos últimos tempos, ao mesmo tempo, em que apresenta uma equipe bem diferente daqui que estamos acostumados. No fim, Sand Land consegue mesmos ser uma grande obra, tanto no mangá, anime e nesse jogo. Sentiremos saudades, Mestre Toriyama!
Análise elaborada com uma cópia do jogo para PS5 fornecida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Sandland da Bandai Namco, com a participação do renomado Akira Toriyama, oferece uma experiência única de jogo que mistura a narrativa envolvente de mangás com combates intensos em veículos. Seguindo Beelzebub, o Príncipe do Submundo, em sua jornada por recursos hídricos escassos, o jogo se destaca por suas mecânicas inovadoras e pela integração de elementos da cultura pop, como as cápsulas de Dragon Ball. A jogabilidade é centrada em batalhas veiculares e exploração de um mapa expansivo, proporcionando uma experiência que é ao mesmo tempo familiar e novidadeira, ideal para fãs de aventuras pós-apocalípticas e batalhas táticas.
Prós
- Narrativa cativante: A história do jogo é bem construída, mantendo o jogador envolvido com seus desenvolvimentos intrigantes e personagens memoráveis.
- Mecânica de combate veicular: Oferece uma jogabilidade dinâmica e variada, com batalhas que ocorrem dentro de diferentes veículos, cada um com suas peculiaridades e estratégias.
- Toriyamices: A presença de cápsulas de Dragon Ball é um exemplo de como o jogo homenageia e integra elementos da cultura pop, enriquecendo a experiência.
- Exploração de mapa aberto: Permite ao jogador explorar livremente, descobrindo novos veículos e partes, o que adiciona profundidade e recompensa a exploração.
Contras
- Sistema de combate pessoal simplista: Apesar ddo bom combate veicular, o sistema de combate direto com o personagem Beelzebub é bastante básico e repetitivo.
- Jogabilidade repetitiva: Algumas mecânicas e missões podem parecer repetitivas após algumas horas de jogo, especialmente nas tarefas de caça e combate.