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Ryse: Son of Rome – Review

O Xbox One finalmente chegou ao Brasil e ao resto do mundo com uma série de promessas, dentre elas, entregar uma recriação fiel e viva dos dias do império romano e da vida do soldado no meio das linhas das legiões e criando um dos mundos mais bonitos que já apareceu numa tela de console ou PC.

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Ryse é o primeiro título exclusivo para um console na carreira da Crytek e foi usado extensivamente pela Microsoft como uma vitrine do que estava vindo por aí. Depois de muitas horas com o jogo, eu só tenho um comentário a fazer: talvez eles devessem ter escolhido outro jogo para “elevar” o console às alturas.

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Em Ryse, você controla o soldado Marius Titus, um filho de um senador que está prestes a ser destacado para a cidade de Alexandria. Ele desejava ir para um lugar mais agitado, para, quem sabe, derramar um pouco de sangue bárbaro por aí. Bom, pediu, levou, a cidade de Roma é atacada por bárbaros e a família de Marius assassinada.

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Durante a invasão, Vitalion, um general romano, nota o seu potencial e acaba o recrutando para a décima quarta legião, cuja missão é guardar a britânia, a província mais ao norte do Império e lar dos mesmos bárbaros que atacaram a cidade e causaram a morte dos pais do nosso protagonista.

De cara, Ryse já sai prometendo uma porrada de coisas: visuais exuberantes, combate fluído e ágil e uma história grandiosa, digna de qualquer filme de Hollywood. Sabem quantas dessas promessas eles cumprem? Meia, e eu vou explicar porquê.

A primeira delas, os visuais, são, de fato, exuberantes. A fotografia do jogo é muito bonita, com a capital do Império sendo super bem retratada, mas, como eu disse, a fotografia dela é bonita. Coloque tudo em movimento e os problemas começam a surgir. A movimentação, por vezes, é completamente estranha e desengonçada. Com o perdão da comparação, tem muitas vezes que parecem que os soldados romanos e os bárbaros estão cagados ou andando com sapatos de salto alto pela primeira vez, tamanha a estranheza da movimentação do jogo.

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O pior de tudo é que a Crytek meio que tenta simular que você não é o cara mais rápido do mundo exatamente por estar carregando uma armadura de 45kg junto com você. Marius sofre para subir em plataformas e tudo mais, mas logo depois luta com a agilidade de alguém que não está usando absolutamente nada, nem mesmo um escudo. E esse obviamente não é o único momento em que os gráficos do jogo falham em tentar simular um pouco de realidade. Quando você está correndo, de duas uma, ou você vai ser muito mais rápido do que deveria (como se o jogo fosse um daqueles filmes dos anos 20 onde todo mundo se movia muito rápido) ou você vai ser todo lerdo. Não há meio termo.

Aliás, se essa fosse a única contradição do jogo, eu até ficaria feliz, mas não, Ryse joga uma contradição atrás da outra pra cima de você e mesmo forçando um pouco a barra para tentar relevar, às vezes não dá. Lembram daquele trailer da E3 onde Marius está dentro de um barco num assalto a uma torre? Nele, Marius cai dentro d’água e boia. Não notou nada de estranho? Bom, ele está carregando uma armadura de ferro além do peso do corpo dele. Era para ele afundar ao invés de boiar, algo que o jogo logo depois lembra, quando você tenta cruzar um rio e Marius decide procurar outro lugar por aquele ser muito perigoso.

Além desses probleminhas (que claramente são de programação e de falta de refinamento), também há algumas texturas que demoram a carregar, deixando os personagens e ambientes completamente embaçados por alguns segundos. Isso é mais comum lá pelo meio do jogo, mas depois de um tempo acaba sumindo. Como eu disse antes, o jogo só cumpre meia das três promessas que oferece, e essa foi a tal meia promessa. Achou ruim? O resto consegue ser pior.

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O combate em Ryse é um tédio. Numa boa, a Crytek prometeu que não iria usar tantos Quick Time Events (daqui pra frente chamados de QTE pra poupar meus dedos, sério, eu vou repetir isso bastante até o fim desse review) e o que acontece? Realmente, você não é obrigado a usar QTEs, só fortemente recomendado. Sabe quando alguém faz alguma cagada muito grande numa escola e é convidado a trocar de instituição de ensino? É mais ou menos isso, pois ao matar um inimigo com uma execução, você pode ganhar mais experiência, recuperar seu foco, aumentar seu poder de ataque ou ainda, recuperar sua energia, que aliás, só pode ser recarregada dessa forma, então não há escapatória.

Para derrotar seus inimigos, você deve bater neles até surgir uma caveirinha na cabeça dele. Feito isso, você tem duas opções, ou continuar batendo nele (e a quantidade de ataques varia, pois o inimigo recupera energia aos poucos, diferente de você) ou você começa a tal execução com QTEs, que funcionam assim: o inimigo “pisca” na cor do botão que você deve apertar, mas mesmo que você erre o botão, ele vai ser executado, ou seja, você só precisa mesmo é apertar o botão de execução e ficar olhando para a cena de execução.

Até aí tudo bem, certo? Errado, quando você começa a executar um inimigo, todos os outros ficam olhando você destroçar o amigo deles sem dó nem piedade. Todos cidadãos muito honrados ao perceberem que você havia vencido o combate e que não devem interferir na cena, claro. Aliás, a coisa é tão ridícula que você pode apertar o botão de execução no meio de um ataque do inimigo e ele vai parar, mesmo que o inimigo te atacando seja outro que não vá ser executado.

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Antes fosse esse o único problema do combate. Ele é um tédio total. Você tem dois botões de ataque, um de ataque normal e outro de ataque pesado, um botão de defesa e um de rolamento. O jogo te encoraja a usar combinações diferentes de ataques, senão os seus inimigos vão começar a desviar de todos as suas porradas caso você fique apertando o mesmo botão sempre. O problema é que o jogo oferece um mínimo de variação no combate e logo logo você vai ficar repetindo a mesma sequência para o mesmo tipo de inimigo, já que essa é a única forma de derrotá-lo.

Caso você decida parar para assistir o que está acontecendo à sua volta, prepare-se para ver como tudo é muito mal feito. O combate entre o computador é uma verdadeira piada. O bárbaro e o soldado romano ficam acertando um o escudo do outro em câmera lenta, como se fossem figurantes de algum filme muito ruim. O engraçado é que, se você resolve se meter na luta e acabar com aquele tédio, o bárbaro volta a ser ágil e desferir uma saraivada de golpes que ele não estava usando contra o soldado. Vai ver o problema dele é com você mesmo.

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Por falar em inimigos, eles são muitos e poucos ao mesmo tempo. O jogo oferece exatamente quatro tipos de inimigos, um normal com machado, um com machado e arco e flecha (que usa o arco quando você está longe dele), outro com machado e escudo (que tem armadura nas seguintes partes do corpo: ombros, cabeça e MAMILOS, detalhe muito relevante) e um último com duas armas. Esses são todos os seus inimigos até o fim do jogo, e você vai enfrentar vários deles. E executar muitos.

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O problema todo do combate de Ryse é que, diferente de outros jogos, como os Batman: Arkham, você não tem uma maneira de neutralizar um inimigo rapidamente. Todo combate é a mesma sequência de porrada até a caveirinha aparecer e execução malandra enquanto os outros assistem. Apenas em alguns poucos momentos do jogo ele te dá a chance de fazer uma execução rápida, e mesmo nesses momentos, é a mesma cena chata de execução ao invés de uma simples espadada nas costas. É cinematografia demais e agilidade de menos.

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Aliás, a falta de variação no jogo é gritante, nem os chefes são variados o suficiente. Você vai enfrentar uns 4 ou 5 durante o jogo todo no máximo e eles sofrem a mesma carência de falta de previsibilidade que os inimigos normais. Para vocês terem uma ideia, o chefe final, tem apenas dois tipos de ataque. O pior é que o jogo, para tentar parecer mais interessante, oferece o combate contra chefes em mais de um estágio, mas a única coisa que muda entre esses dois estágios é que a barra de vida do chefe recarregou, pois ele continua atacando da mesma forma.

Ele realmente parece ter sido feito às pressas, ou sem um cuidado que poderia torná-lo em algo grandioso. Outro exemplo disso é quando você aperta um botão que não deveria ser apertado na hora: Marius simplesmente bate a espada no escudo e… você fica olhando ele fazer isso. Apenas. Mais um exemplo disso, afinal, esse reviews é cheio de exemplos de porquê você não deve comprar Ryse, é que você pode bloquear ataques em praticamente qualquer hora. Mesmo que você esteja no meio de um ataque, se você apertar o botão de defesa, seu personagem magicamente tira o escudo de sei lá eu onde e bloqueia o ataque.

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Além de combater bárbaros no mano a mano,você ainda tem algumas sessões do jogo onde usa um escorpião (espécie de balista), ou a Pila, dardo romano, para atirar em arqueiros. Quando você está no escorpião, pareca aquelas fases de “Turret” de alguns jogos, incluindo os clichês desse tipo de nível como… barris explosivos. Aliás, os inimigos fazem o favor de parar do lado desses barris só pra facilitar a sua vida. Por isso que os bárbaros demoraram séculos para realmente invadir Roma.

Quanto aos comandos do exército, eles são em locais bem específicos do jogo e apresentam uma novidade. É legal você avançar e levantar os escudos para se defender das flechas, como os Romanos faziam. Pena que essa é uma das poucas partes interessantes do combate.

Quanto à história, bom, ela não consegue ser mais clichê por falta de espaço. Quais são as coisas que você lembra primeiro sobre Roma? Gladiadores, bárbaros, um imperador louco e um romano qualquer querendo devolver o país ao povo. Ah, tem os deuses também. Bom, tem tudo isso em Ryse e obviamente, da forma mais previsível possível.

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Eu não quero entrar em muitos detalhes aqui sobre a história para não estragar as surpresas que aguardam, mas até a aparição dos deuses no jogo é ruim. A única parte que eu realmente gostei da história, é a maneira como ela é contada, pela própria boca do Marius, ao imperador Nero, aquele que botou fogo em Roma, lembram? Bom, ele não faz isso aqui, porque a Crytek tomou a liberdade de criar uma história alternativa, onde Nero é um velho gordo com dois filhos mais loucos do que ele.

O jogo, além da campanha principal, ainda oferece um modo coliseu, onde você tem que executar uma série de tarefas para entreter o público. Essas tarefas podem ser feitas em dupla ou sozinho e aí o jogo fica um pouco mais interessante, não fosse aquela chatice de ter que executar todo mundo, mas está longe de ser a característica definitiva que vá justificar a compra do título.

Ryse: Son of Rome promete muito, e cumpre pouco. Eu poderia fazer várias piadas sobre “como seria melhor se eles tivessem ficado deitados” ou como o jogo não eleva nada ou algo do tipo, mas sinceramente, sejamos francos, se você quer um jogo para começar a vida de Xbox One, não é esse que você está procurando. Lembram aquela função de vender seus jogos digitais que a Microsoft queria colocar no Xbox One e acabou ficando de fora? Eu teria feito uso dela hoje mesmo para passar Ryse adiante, pois é provável que eu não retorne mais ao jogo, afinal, para mim, ele foi uma decepYção.

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Resumo para os preguiçosos

Ryse promete muito e entrega quase nada. O jogo precisaria ser bem mais trabalho para realmente ser bom e o máximo de emoção que você vai expressar enquanto joga é um “meh”.

Nota final

50
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Bela fotografia
  • Dublagem (em inglês, o jogo está com um voice acting excelente)

Contras

  • Combate chato e lento
  • Movimentação bizarra
  • História mais previsível impossível
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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.