Routine – Análise – Vale a Pena – Review

Routine é um daqueles jogos que tentam pegar o elemento de terror e sobrevivência conhecido pelos jogadores, adicionar um pouco de estilo e subverter algumas mecânicas. Mas será que o jogo realmente vale a pena? É o que vamos descobrir na análise de hoje.

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Routine é um jogo que, assim como as lendas e mistérios que cercam a Lua, gira em torno do desconhecido, da paranoia e da sensação constante de que algo deu terrivelmente errado. Após mais de uma década em desenvolvimento, o projeto da desenvolvedora britânica Lunar Software finalmente chegou ao público em 2025, trazendo consigo um terror enraizado em estética dos anos 80, interfaces físicas e uma atmosfera carregada de tensão sci-fi. Apesar das falhas em mecânicas e ritmo, a ambientação e o design retrô se destacam e fazem de Routine uma experiência imersiva e memorável para os fãs do gênero.

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O primeiro elemento que chama atenção em Routine é a direção de arte inspirada em ficção científica da década de 1980. A base lunar abandonada em que o jogo se passa remete imediatamente a filmes como Alien, com seus computadores de monitores CRT, teclados barulhentos e corredores mal iluminados.

A imersão é aprofundada pelo uso de uma interface física dentro do jogo. Tudo é acessado através do seu dispositivo C.A.T., um scanner multifuncional que serve para salvar o progresso, interagir com terminais e até executar ações como hackear ou revelar pistas escondidas. O uso do scanner é lento e propositalmente limitado, exigindo atenção e paciência, o que combina com a proposta atmosférica do jogo.

Routine – Análise – Vale a Pena – Review

A história de Routine se inicia com o jogador chegando a uma base recreativa na Lua e encontrando-a em completo abandono. Objetos pessoais espalhados, fios arrancados das paredes e manchas de substâncias suspeitas nas superfícies. Em pouco tempo, descobre-se que os robôs de segurança do local se tornaram hostis, e isso é só o começo.

Apesar de trabalhar com temas recorrentes na ficção científica, como os perigos da automação, inteligência artificial e o fascínio pelo desconhecido, Routine se destaca pela forma como conduz o jogador através da narrativa. O ritmo de revelações é bem calculado, mantendo a tensão e incentivando a exploração. Embora o conteúdo não seja inédito, a maneira como ele é apresentado, com documentos, gravações e pistas visuais, sustenta o interesse até o final.

Apesar disso, a jogabilidade de Routine carrega o peso dos anos em desenvolvimento. O estilo predominante é o do terror de “fugir e se esconder”, popularizado no início da década de 2010. Inicialmente, os encontros com os robôs são tensos, mas essa tensão se dissipa rapidamente ao perceber que eles são lentos, previsíveis e facilmente desativáveis com uma função do scanner.

Mas se existe um elemento em que Routine realmente brilha e é na criação de quebra-cabeças. Os módulos adicionais do C.A.T., como luz ultravioleta para revelar impressões digitais ou acesso remoto para circuitos são usados com criatividade para resolver enigmas que se integram de forma natural à ambientação.

Routine – Análise – Vale a Pena – Review
Routine – Análise – Vale a Pena – Review

Os puzzles são desafios que exigem atenção a documentos, observação de detalhes e lógica. Um bom exemplo é a criação de um fluido de descontaminação, que obriga o jogador a ler registros científicos e interpretar os dados corretamente. São momentos como esse que fazem o jogador se sentir parte do mundo do jogo e não apenas um visitante tentando escapar de inimigos.

Mesmo com todas as limitações, a atmosfera de Routine é impecável. A base lunar parece viva e decadente ao mesmo tempo. Luzes piscando, sons metálicos distantes, portas emperradas e terminais que funcionam com falhas criam uma tensão constante. Cada ambiente é meticulosamente construído para contar uma história, mesmo na ausência de diálogos.

Essa qualidade na ambientação ajuda a sustentar a experiência mesmo quando os encontros com inimigos falham em causar medo. O cenário comunica, reforça a narrativa e conduz o jogador pela jornada. O jogo é competente em fazer com que cada canto pareça importante e cada novo módulo encontrado gere a sensação de progresso real.

Routine – Análise – Vale a Pena – Review

Apesar das qualidades inegáveis, Routine é um jogo que carrega o peso do tempo. Algumas escolhas de design claramente refletem tendências ultrapassadas. As mecânicas de esconde-esconde, por exemplo, carecem de profundidade ou variedade. O fato de os puzzles não explorarem a física, mesmo com toda a ênfase na interação física com o mundo, é uma oportunidade perdida. E embora a narrativa seja bem conduzida, falta um clímax mais memorável para encerrar a jornada com impacto.

Fica evidente que com uma IA mais elaborada, maior variedade de abordagens táticas e uma evolução nas interações físicas, o jogo poderia ter atingido um patamar superior. Ainda assim, sua identidade visual e o design de som garantem uma experiência coesa e envolvente do início ao fim.

Mas e aí, Routine vale a pena?

Routine é uma carta de amor à ficção científica dos anos 80, com todos os seus medos, fascínios e falhas. Mesmo que sua jogabilidade revele sinais de envelhecimento, a ambientação excepcional e os enigmas bem construídos oferecem uma experiência sólida para quem aprecia terror atmosférico. A jornada pela base lunar é envolvente, ainda que previsível, e o jogo se destaca mais pela forma do que pelo conteúdo.

Se você busca uma experiência de terror com foco na exploração, imersão e narrativa visual, Routine entrega exatamente isso. Não é um marco no gênero, mas é uma lembrança de como a atmosfera certa pode transformar até os clichês em algo interessante de jogar

Análise feita com uma chave cedida pela Publisher para PC.

Resumo para os preguiçosos

Routine combina uma atmosfera de ficção científica dos anos 80 com uma exploração tensa e visualmente marcante. Apesar das mecânicas ultrapassadas e encontros pouco desafiadores, seus enigmas bem construídos e a ambientação lunar garantem imersão. O jogo não revoluciona o gênero, mas oferece uma experiência sólida para fãs de terror atmosférico.

Nota final

70
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Ambientação
  • História
  • Design

Contras

  • Inimigos não causam medo
  • Mecânicas ultrapassadas
Valteci Junior
Valteci Junior
Me chamo Valteci Junior, sou Editor-chefe do Critical Hits, formado em Jogos Digitais e escrevo sobre jogos e animes desde 2020. Desde pequeno sou apaixonado por jogos, tendo uma grande paixão por Hack and slash, Souls-Like e mais recentemente comecei a amar jogos de turno e JRPG de forma geral. Acompanho anime desde criancinha e é um sonho realizado trabalhar com duas das maiores paixões da minha vida.