Resident Evil 4 Remake vale a pena? Análise – Review

Resident Evil 4 Remake era um jogo que muitos fãs achavam que não precisava existir quando foi anunciado, afinal de contas, o jogo que estabeleceu as bases modernas da franquia não envelheceu tanto assim e pode muito bem ser jogado hoje em dia, tanto que praticamente todo ano desde o seu lançamento, a Capcom relançou o jogo para uma plataforma nova ou duas. Mas agora que esse jogo existe e está entre nós, será que ele se faz necessário? É o que vamos descobrir hoje.

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Em Resident Evil 4 Remake, você controla Leon S. Kennedy, agora um agente do governo americano, que foi enviado para um vilarejo afastado da Espanha, com a missão de resgatar Ashley Graham, a filha do Presidente dos Estados Unidos, que foi sequestrada por uma espécie de culto obscuro.

Como é de se imaginar, a missão, que já seria difícil ao natural, acaba se tornando muito mais complexa, quando Leon descobre que todos os habitantes desse vilarejo estão infectados por um parasita chamado de Las Plagas, algo que os torna totalmente agressivos a forasteiros e os faz adquirir habilidade sobrehumanas, e agora você terá que se virar nos 30 para cumprir sua missão.

Todo esse enredo já é conhecido por todo mundo que já jogou Resident Evil 4 na vida, e diferente dos remakes de Resident Evil 2 e 3, este jogo mexe em praticamente nada da história do jogo e como ela é contada, além de suas cutscenes e de como alguns diálogos acabam acontecendo dentro do jogo. As mudanças do jogo são muito mais na jogabilidade, em chefes e obviamente nos gráficos do jogo, que sofreram diversas mudanças.

Começando pela jogabilidade, Resident Evil 4 adota o estilo de gameplay implementado pela Capcom nos remakes de Resident Evil 2 e 3, ou seja, uma modernização do estilo de tiro em terceira pessoa onde você consegue andar e atirar simultaneamente, movimentar a câmera e assim por diante. Por ter passado por um verdadeiro treinamento militar, Leon agora é um personagem muito mais ágil do que em sua primeira aparição em Resident Evil 2. A exemplo do jogo original, o personagem consegue pular muretas, janelas e assim por diante, e essa mobilidade é fundamental para a sobrevivência dele nos enfrentamentos contra os Ganados, os infectados do jogo.

Além disso, o sistema de tiroteio do jogo também moderniza o que já havia sido apresentado em Resident Evil 4 original e que era muito à frente do tempo: você pode atirar nas pernas ou nos rostos dos adversários para atordoá-los e então Leon acertar um chute giratório no inimigo para ele tomar dano e você poupar munição, além de outros movimentos acrobáticos como um suplex e ataques furtivos onde você consegue eliminar alguns adversários antes de que a sua presença seja alertada a todos os inimigos próximos.

Outra novidade é que agora Leon pode aparar ataques dos adversários enquanto ele estiver equipado com uma faca. Esses aparos ajudam bastante a salvar a sua vida na hora do aperto, afinal de contas, conseguindo um aparo no momento correto, o personagem consegue inclusive contra-atacar o adversário com um chute, dessa forma você consegue causar dano a mais de um inimigo ao mesmo tempo caso consiga fazer isso na hora certa. A janela de aparo é bem alta no modo de dificuldade padrão, e você é incentivado a aprender a fazer isso durante o jogo.

Vale ressaltar aqui que apesar de existir essa mecânica, isso não torna o jogo necessariamente mais fácil do que o original. Isso porque assim como Leon está muito mais ágil e mortal, os Ganados também estão. Os inimigos são mais inteligentes, tentam te flanquear enquanto você está os enfrentando e em alguns momentos até coordenam estratégias, como virem de lados diferentes enquanto um adversário te atira dinamites ou molotovs pra fazer você sair da sua cobertura.

Além disso, o jogo também adicionou alguns inimigos novos no combate. Eu não vou entrar em detalhes sobre quem são e o que fazem para não dar spoilers aos fãs, mas eles também ajudam a oferecer alguma variação no combate do jogo, ainda mais quando pegam o jogador de surpresa.

Isso tudo contribui para que o combate de Resident Evil 4 Remake seja muito dinâmico e divertido, o que faz que o jogo fuja da mesmice pois mesmo que você enfrente inimigos parecidos entre si durante maior parte do jogo. Uma das minhas principais reclamações do jogo original era que ele se tornava maçante no quarto final, e que apesar de eu ter sentido um pouquinho aqui por ter maratonado o jogo, foi numa escala bem menor do que no jogo original exatamente por causa dessa natureza do combate que acaba oferecendo novidades.

Por falar em novidades, o jogo também faz alterações em algumas partes do jogo, principalmente nos confrontos contra chefes, e na maioria desses casos, essas mudanças acabam sendo positivas, adicionando a necessidade de estratégia e de entender que mecânicas do jogo você deve usar.

Essas novidades obviamente não se atém apenas ao combate do jogo. Resident Evil 4 Remake também adicionou objetivos secundários dentro do jogo e mini sidequests que podem ser feitas em cenários específicos do game, e que são recompensadas de acordo. Assim como no caso dos inimigos, preferimos não entrar em detalhes, mas acredito que os jogadores provavelmente gostarão dessas novidades, já que elas premiam os jogadores mais debulhadores que esmiúçam todos os cantos do cenário à procura de tudo.

Com tudo isso, a campanha original de Resident Evil 4 Remake acabou durando cerca de 16 horas de jogo para mim. Esse foi um bom tempo, pois acredito que um pouco mais do que isso iria acabar cansando, e apesar de fazer tempo que eu tenha terminado o original, a impressão que eu fiquei foi que o jogo consegue cobrir todas as partes do original e ainda adicionar novidades em cima dele, mas como o ritmo de jogo é mais alto, é possível cobrir esse conteúdo todo em menos tempo. Eu não sei se esse vai ser o tempo normal, se maior ou menor, mas acredito que foi uma boa duração para a experiência.

O único ponto que foi uma decepção para mim é que ao terminar o jogo, a única coisa que você pode fazer é jogar a campanha num modo de New Game Plus ou na dificuldade mais alta, ou seja, o modo Separate Ways da versão expandida do jogo original não foi incluído aqui.

Já o modo Mercenários, também presente no jogo original, será adicionado ao jogo em DLC gratuita futuramente, mas no momento da análise, ainda não estava disponível para testes.

Antes de entrarmos nos últimos pontos do review, ainda vale a pena falar sobre uma das melhores mudanças que o jogo teve, e essa mudança foi na Ashley. A personagem, que basicamente todo mundo odiava no jogo original, foi muito melhor trabalhada nesse jogo. Ela é só carisma agora, tem algumas sacadas engraçadas e uma ótima química com Leon, e apesar da função dela dentro do jogo ser essencialmente a mesma do original, ou seja, uma personagem que não combate e que no máximo te ajuda segurando algumas alavancas e que pode ser sequestrada pelos inimigos a todo momento por não ter treinamento militar, eu imagino que até mesmo os fãs mais chatos da série vão acabar sendo conquistados pela persongem.

Graficamente, Resident Evil 4 Remake é um jogo muito bonito de se ver. Eu joguei o tempo todo no modo desempenho, e não encontrei nenhum tipo de queda de FPS durante a campanha, e mesmo nesse modo os gráficos do jogo ficaram muito legais. Um ponto muito reclamado pelos fãs durante os previews do jogo havia sido a chuva que cair no jogo, por causa dos pingos grandes demais, mas sinceramente isso não me incomodou em nada, e a Capcom ainda pretende melhorar isso em atualização após o lançamento.

Para completar, o jogo conta com uma ótima dublagem tanto em português quanto em inglês, e também a possibilidade de escolher entre idioma do diálogo e legendas de forma independente, para quem preferir, por exemplo, jogar o jogo em inglês mas com menus e legendas em português.

Aqui fica uma reclamação, entretanto, sobre a trilha sonora de uma parte em específico do jogo. Eu não achei que a trilha de “filme de guerra americano” combinou muito com a parte final do jogo, na fortaleza. Sinceramente não sei o que colocar no lugar dela, mas aquele som épico enquanto você enfrenta as ondas de Ganados com eles gritando DE TRÁS DE TI, IMBECIL! não casou bem.

Mas e aí, Resident Evil 4 Remake vale a pena?

Resident Evil 4 Remake joga no seguro e moderna um dos melhores e mais influentes jogos de todos os tempos, corrigindo os principais problemas que ele tinha tanto do ponto de vista de ritmo e jogabilidade quanto de alguns diálogos que não envelheceram tão bem assim.

O resultado disso é um jogo com combate ágil, divertido e desafiante, além de possuir novidades que premiam os jogadores mais minuciosos, com desafios não obrigatórios e até mesmo uma caçada ao tesouro.

Se você era uma pessoa que achava que não havia necessidade de um remake do jogo original, faça um favor a si mesmo, jogue um pouco dele e dê uma chance para esse novo e faça a comparação, há um mundo de diferença em qualidade de vida entre os dois, num remake que respeita um dos jogos mais influentes da década dele e o traz para os dias de hoje.

• Compre o jogo

Review elaborado com uma cópia do jogo para PlayStation 5 fornecido pela publisher. Jogo disponível para PC, PS4, PS5 e Xbox Series.