Psychonauts 2 é um dos jogos mais aguardados por muita gente que se apaixonou pelo título original da Double Fine em 2005. Mas será que toda essa espera valeu a pena?
Em Psychonauts 2, seguidos diretamente os eventos do final do primeiro jogo, e se você não lembra o que aconteceu nele, felizmente há uma cutscene que dá um resumão do ocorrido.
Raz finalmente chega ao quartel general dos Psychonauts e acaba sendo colocado no programa de estagiários, após ser completamente ignorado pela vice-diretora dos Psychonautas, Hollis Forsythe.
Dentro do quartel general, você acaba descobrindo que um plano para reviver um grande perigo chamado de Maligula está em ação, e agora você deve impedir que isso aconteça.
Para isso, você terá que se dividir entre missões de aventura e plataforma e também missões onde você deve conversar com certos personagens, escolher as opções certas e usar dos poderes psíquicos de Razputin para avançar pelo jogo.
Aqui, eu acho que acaba surgindo o grande problema de Psychonauts 2: o ritmo em que o jogo se desenvolve. Em diversos momentos, a ação é quebrada demais, com você andando um pouco e parando para ver uma cutscene de alguns minutos, andando mais um pouquinho e vendo outra e assim repetindo até que o jogo te deixa realmente controlar um pouco o seu personagem.
Nos momentos em que o jogo está nas partes de ação, Psychonauts 2 é um jogo de plataforma 3d bastante básico. Você corre por aí, combate inimigos, usa as habilidades do Raz para superar obstáculos e assim por diante. Talvez a minha maior crítica ao gameplay de plataforma do jogo tenha até a ver com o que eu comentei anteriormente como sendo o maior problema do jogo: o ritmo. Tudo é muito vagaroso e até mesmo quando o seu personagem está correndo parece mais que ele está caminhando.
Eu não havia jogado o primeiro jogo da franquia antes desse, mas pelo que eu pude conferir assistindo a trailers e também a alguns vídeos de gameplay, o aspecto de plataforma do jogo mudou pouco em relação ao primeiro jogo da franquia e por mais que ele fosse à frente do tempo quando foi lançado em 2005, passaram-se 16 anos desde então, ou seja, parte disso está datado e outra parte simplesmente é algo que encontramos na maioria dos jogos.
Dessa forma os componentes de plataforma e combate de Psychonauts 2 acabam sendo apenas ok, mas nada que realmente mereçam algum destaque. Uma das partes mais criativas do jogo é onde Raz usa suas habilidades telepáticas para ligar pensamentos das pessoas. Funciona assim: você tem diversos sentimentos à sua disposição na tela e você deve conectar dois deles para resultar em uma nova opinião do personagem cuja mente você está explorando. Isso é usado na história principal quando Raz precisa fazer algum personagem mudar de opinião sobre algum fato, ou que esse personagem prossiga de alguma forma que você deseja que ele prossiga.
Ainda na sessão de plataforma e combate, as habilidades de Razputin são as mesmas do primeiro jogo, além de algumas novas, como essas de formar conexões mentais. Estas habilidades podem ser melhoradas com créditos de estagiário que são obtidos conforme você pega fragmentos de memórias de personagens espalhados pelos cenários e também itens espalhados tanto nestes lugares quanto pelo quartel general dos Psiconautas. Além disso, você pode equipar certos itens que melhoram algumas habilidades em específico.
Dentro de cada fase, além do objetivo principal, há uma série de objetivos secundários, colecionáveis e assim por diante, então, depois de uma certa parte do jogo, você pode voltar a elas para completar os objetivos deixados para depois. Além disso, o jogo conta com uma boa quantidade de sidequests e de áreas opcionais que vão podendo ser acessadas conforme você desenvolve as habilidades de Raz.
Fora as sessões de plataforma, você vai passar uma boa parte do tempo andando pelo HQ dos Psiconautas e arredores, e aqui entra um dos piores problemas do jogo: o mapa. Ao invés de usar um sistema moderno de mini mapa ou algo do tipo, o que temos é um desenho da base dos Psiconautas feito pelo Raz onde você tem que abrir o menu e deslizar até a página dele, para então consultar a legenda dos locais, fechar o menu e aí ir até onde você gostaria de ir.
Se você se enganou, ou se perdeu, algo bem fácil de acontecer, basta repetir os passos. Sim, logo você descobre que o sistema de navegação do jogo é bem ruim. Depois de algumas missões, o sistema de viagem rápida do jogo abre, o que acaba facilitando um pouco a sua vida, mas ele não está presente em todas as áreas do jogo e, como você deve imaginar, o mapa não te diz onde eles ficam, então você tem que memorizar onde eles ficam ou torcer pra esbarrar num caso tenha que fazer alguma viagem longa.
Por fim, falemos um pouco sobre os personagens e o clima geral do jogo. Honestamente, eu achei tudo infantil demais para o meu gosto. Ele tem algumas colocações interessantes sobre saúde mental, uma piada boa aqui e outra ali, mas no geral, a história simplesmente não clicou para mim. Talvez o problema todo tenha a ver com o ritmo com o qual ela vai se desenrolando, ou porque eu realmente achei o Razputin um personagem chatinho, mas nenhum personagem realmente se destacou e me atraiu na história.
Graficamente falando, Psychonauts é um jogo com um estilo gráfico agradável. Eu joguei a maior parte do tempo no Xbox Series X, e talvez gostaria de ter visto a capacidade gráfica do console melhor aproveitada, entretanto. A trilha sonora do jogo também é boa.
Mas e aí, Psychonauts 2 vale a pena?
Psychonauts 2 combina um gameplay de plataforma datado e cheio de quebras de ritmo com personagens e uma história que pode ou não clicar com você e compensar isso. No fim das contas, as novas aventuras de Razputin provavelmente vão agradar quem gostou do primeiro jogo, mas se você não foi conquistado por ele, dificilmente vai gostar desse também.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Xbox Series X e S fornecida pela Xbox Brasil
Resumo para os preguiçosos
Psychonauts 2 combina um gameplay de plataforma datado e cheio de quebras de ritmo com personagens e uma história que pode ou não clicar com você e compensar isso. No fim das contas, as novas aventuras de Razputin provavelmente vão agradar quem gostou do primeiro jogo, mas se você não foi conquistado por ele, dificilmente vai gostar desse também.
Prós
- O uso dos poderes psíquicos de Razputin dentro da mente das pessoas é bem interessante
Contras
- Se você não gostou do primeiro jogo, é muito provável que você não vai gostar desse
- O jogo tem vários problemas de quebras de ritmo
- Sistema de mapas e navegação completamente datado e ruim