Quantos de nós não gostamos de jogar poker? Nada como algumas horas sentado em uma mesa trocando cartas, apostando, blefando, calculando o que o oponente pode estar escondendo. Pode ser poker tradicional ou Texas Hold’em, o que interessa é ganhar mais e mais fichas. E quando misturam poker com RPG? Seria possível? Essa é o objetivo de Poker Knight, jogo desenvolvido pela empresa brasileira Instant Games, que traz uma proposta nova, que eles mesmos chamam de RPPG (Role Playing Poker Game), uma mistura de RPG e poker.
De poker mesmo, o jogo possui somente a hierarquia de valores das cartas, pois o resto é pura viagem. Mas isso não é ruim, pelo contrário. Fantasia sempre é algo bem vindo aos jogos (para que manter a realidade né? Para isso existem outros jogos de poker por aí). Vamos dar uma olhada no que o jogo nos oferece:
Você é Derek Foyle, um jogador profissional de poker que está participando de um grande torneio em Las Vegas. Porém, você deseja apagar o péssimo resultado que obteve no ano anterior, quando foi humilhado por outro competidor – que aparece e fica tirando sarro de você por causa do péssimo desempenho. Para tentar esquecer isso, nada melhor que um drinque não? Mas ao voltar para seu quarto, você começa a se sentir estranho e acaba dormindo.
Ao acordar, algo estranho aconteceu. Você está em uma época antiga, num lugar desconhecido, usando roupas medievais. Tudo seria um sonho? Você passa a enfrentar algumas pessoas, um mago, um orc, um esqueleto. O modo de batalha? Um baralho e combinações de poker. Ao derrotar alguns inimigos, um cavaleiro aparece e conversa com você. Ele explica que você precisa juntar nove amuletos espalhados pelo reino. Esses amuletos seriam capazes de realizar qualquer coisa. Seria sua chance de voltar para Las Vegas e deixar de lado essa viagem temporal (ou seria dimensional?).
O enredo é bem simples, a história passa sem explicar muita coisa, não se aprofunda nos personagens nem nos conflitos. O jogo não possui animações, todo o conteúdo é apresentado através de imagens estáticas e texto, nos moldes de jogos RPG mais antigos que você ficava apertando o botão para passarem o mais rápido possível – e que muitas vezes não adiantava. Os diálogos são bem casuais, nada de termos medievais e linguagem rebuscada. Você não ficará surpreso ao encontrar os personagens falando “LOL”, por exemplo. Porém, visualmente, o jogo é bem trabalhado. Seu personagem, os inimigos e os amigos possuem ilustrações muito bem feitas, dá para ver que a desenvolvedora se dedicou para caprichar nesses detalhes. A única coisa que me deixou incomodado foram alguns desenhos “tribais” que aparecem na mesa de cartas e em alguns menus, o que ficou um pouco deslocado, não possuindo ligação com o mundo mágico-medieval. Eu tiraria eles do jogo que não fariam nenhuma falta.
Vamos ao ponto alto do jogo: a diversão. Dá para perceber que toda a viagem criada pelo enredo serve somente de suporte para te oferecer o modo de jogo. Você passará por batalhas utilizando um baralho. Como isso funciona: seguindo as pontuações do poker – carta mais alta, dupla, duas duplas, trio, seqüência, flush, full house, quadra e straight flush (o jogo dá a possibilidade de juntar 5 cartas iguais utilizando um coringa, o que seria a mão mais alta), você deverá formar o jogo mais alto possível com cinco cartas, sendo que você já terá duas em sua mesa e poderá escolher mais três entre as oito disponíveis na tela. Quanto melhor o jogo, mais dano você causará em seu inimigo. Sim, os valores das cartas servem para você derrotar os outros. Os valores de dano aumentam conforme o valor da carta aumentar e a combinação de jogo aumentar também. Por exemplo: uma dupla de 4 pode tirar oito pontos de vida do inimigo. Uma trinca de 4 pode tirar quinze pontos. As cartas sobem de dano se a sua “mão” for melhor. Simples assim. A cada 3 turnos, seu inimigo usará um poder de acordo com sua classe. Ele pode amaldiçoar uma carta – o que não causará dano se você utilizar ela contra ele -, inutilizar alguma carta, depende do inimigo.
E como você sofre dano? Seu inimigo não possui um turno de ataque. Somente você joga com as cartas. Mas o jogo te dá algumas regras: das cinco cartas que você escolhe para sua mão, você tem que utilizar pelo menos três. Se você ficar com duas cartas na mesa nada acontece e elas permanecem para o próximo turno. Caso você fique com mais de duas cartas na mesa, cada carta na posição três ou quatro explodirá e te causará um dano dependendo do valor delas. Um pouco complicado para explicar, não? Mas é simples de entender no jogo. Você terá a disposição também poções para restaurar sua vida ao longo do jogo.
Cada batalha te oferecerá pontos de experiência que irão aumentando o level do seu personagem, aumentando o dano que pode causar e a quantidade de vida que ele tem.
Ao derrotar um chefe, você receberá um amuleto. Cada amuleto possui um poder diferente que pode ser utilizado durante as batalhas.
Eu não me arrependi de instalar Poker Knight no meu iPad. É um game gostoso de jogar. Mesmo não seguindo as regras convencionais de poker, o jogo possui uma jogabilidade agradável, um bom design gráfico e a necessidade de definir táticas para conseguir derrotar os inimigos tomando o mínimo de dano possível é que motiva a continuar jogando. É preciso prestar atenção nas cartas que já saíram para calcular o melhor jogo que pode ser feito nas próximas mãos, não somente no turno que você está.
O jogo não fica repetitivo pois tem a imprevisibilidade que todo jogo de cartas possui. A todo o momento você terá possibilidades diferentes e terá que traçar táticas diferentes para prosseguir no jogo.
Concluindo, o jogo possui pontos positivos – jogabilidade, mistura de poker e RPG, visual agradável – e pontos negativos – história extremamente simples, sem profundidade, falta de animações e todo conteúdo em inglês (sim, mesmo sendo brasileiro, ele é em inglês. Talvez para atrair jogadores de todas as partes do mundo, não somente daqui). Os pontos positivos pesam mais que os negativos, o que nos dá um bom jogo, principalmente levando em conta que é para um gadget, seja ele um celular ou um tablet. É um jogo casual desenvolvido para esse fim. Ele não tenta ser mais que isso. Se você jogar o tempo inteiro ou se jogar uma vez por mês o jogo sempre terá a mesma experiência – você não precisará começar tudo de novo para lembrar o que aconteceu ou o que deve fazer para prosseguir. E como para mim é fácil separar a diversão de gráficos – tenho amigos que se o jogo não tiver ótimos gráficos nem chegam a jogar o game – o jogo tem sido um ótimo passatempo nas horas vagas. Se você está esperando gráficos e um jogo de RPG com mais ação, talvez esse não seja o jogo mais indicado para você.
O jogo está disponível na AppStore por US$ 0,99 e possui algumas compras in-game disponíveis – fichas de poker que você utiliza para comprar poções. Mas essas mesmas fichas você pode ganhar, em quantidades menores, vencendo batalhas. Entre na pele de Derek Foyle e mostre que você é um verdadeiro Poker Knight e colete os nove amuletos para voltar para casa.
Resumo para os preguiçosos
Poker Knight é um jogo que mistura Poker com RPG. O gameplay é muito divertido e o jogo é uma viagem completa, mas sua história é muito rasa e simples. O visual agrada muito, mas a falta de animações é notada com facilidade. É uma ótima opção para se jogar fora de casa, não importa se você é daqueles que jogam uma vez por semana ou por um mês inteiro sem parar, a experiência será sempre a mesma.
Prós
- Visual bem trabalhado
- Muito divertido
- Pura viagem
- Mistura de Poker e RPG
- Não é repetitivo
Contras
- História deixa de explicar muita coisa
- Diálogos não fazem jus à época em que o jogo se situa
- Desenhos tribais tiram a atenção
- Falta de animações
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