A franquia Ace Attorney é uma das franquias mais tradicionais da Capcom nos portáteis da Nintendo desde a época do Game Boy Advance. Mesmo os jogos seguindo uma fórmula mais ou menos igual há mais de 10 anos, sempre há como melhorar, e como trazer novidades, e é isso que Phoenix Wright: Ace Attorney – Spirit of Justice promete trazer à franquia. Será que o jogo consegue? É o que vamos descobrir.
Em Phoenix Wright: Ace Attorney – Spirit of Justice, você novamente volta à pele de Phoenix Wright, Apollo Justice e companhia. Para quem nunca jogou nenhum dos jogos da franquia, vamos a uma rápida recapitulação. Você é um advogado de justiça que se envolve com casos de homicídio. Em todos os casos, você acaba defendendo alguém que é inocente e deve provar a inocência da pessoa, e muitas vezes descobrir quem é o verdadeiro culpado.
Como novidade nesse jogo, temos Phoenix Wright viajando para o reino de Khura’in, e se envolvendo na defesa de um caso de assassinato. Lá, os advogados de defesa são odiados e, caso eles percam um caso, eles recebem a mesma punição que o culpado que eles deveriam defender. Por causa disso, nenhum advogado de defesa pegou um caso em mais de uma década, afinal de contas, ninguém quer morrer.
O game é basicamente dividido em duas partes, sendo uma parte onde você investiga e interroga testemunhas para conseguir evidências de que o seu cliente não é culpado. Isso tudo é feito usando a tela de toque do Nintendo 3DS, com você clicando no cenário e procurando pelas pistas. Na parte de interrogatório, você escolhe as perguntas que deve fazer e, em alguns casos, apresentar evidências de que as pessoas estão mentindo ou estão enganadas dos fatos.
Já na segunda parte onde você vai para o tribunal, para tentar salvar o seu cliente da forca. Aqui, o gameplay varia em alguns detalhes dependendo do advogado que você está usando. A principal novidade introduzida em Spirit of Justice são as mecânicas de Divination Seance. Nela, um médium pode ver qual foi a última cena vista pela vítima antes da morte dela, ajudando assim bastante a elucidar crimes e, na maioria esmagadora dos casos, colocar o acusado na cadeia.
Como você deve evitar isso, cabe ao seu personagem encontrar inconsistências nessas cenas e mostrar que o que é mostrado nelas pode significar outra coisa, ao invés da culpa do seu cliente.
Até o momento, dá para notar que a ação não é exatamente a característica forte da franquia Ace Attorney, e, realmente, se você está procurando ação, esse não é o lugar para você. Como em todo jogo da franquia, Spirit of Justice é muito mais sobre o enredo e sobre o humor do jogo do que sobre qualquer outra coisa. A ideia do game é que você sinta-se dentro de um anime de detetive, com todas as confusões e bizarrices que costumam acontecer nesse tipo de mídia.
As reviravoltas dentro do tribunal são muitas, e você provavelmente vai dar boas risadas durante os casos. O forte do jogo, e da franquia como um todo, está nos enredos de cada um dos casos, e no quanto você vai ter que quebrar a cabeça para resolvê-los, seja examinando depoimentos, seja apresentando evidências, seja encontrando inconsistências dentro dos depoimentos de testemunhas, seja encontrando quem é o verdadeiro culpado dos casos, afinal de contas, sempre há um culpado e ele, na maioria dos casos, é uma das testemunhas do crime.
Cada caso de Spirit of Justice é bem mais longo do que eu me lembrava nos jogos da franquia (infelizmente eu ainda não joguei Dual Destinies, tendo jogado apenas a trilogia Phoenix Wright e o quarto jogo da franquia, Apollo Justice), sendo o terceiro o mais longo deles. Na maioria dos casos, o que prende o jogador é o humor dos diálogos e a própria curiosidade para descobrir quem é o verdeiro culpado pelos crimes que o seu cliente está sendo acusado.
É interessante notar que, apesar de “não parecer tudo isso” quando descrito, a franquia Ace Attorney tem um elemento nela que é difícil de colocar em palavras, mas que acaba tornando todos os jogos dela (alguns mais, é verdade) extremamente divertidos. Talvez seja o carisma dos personagens, ou o mistério que o jogo cria em volta dos casos, sempre fazendo o jogador querer jogar “só mais um pouquinho” para ver se descobre logo quem é o culpado. Seja o que for esse elemento mágico, Spirit of Justice conta com ele, e eu posso afirmar com convicção que esse é um dos jogos mais divertidos da franquia.
Além da mecânica de Divination Seance, tanto Apollo Justice quanto Athena Skies também têm mecânicas próprias de mudar os rumos do caso. Com Apollo, você deve procurar por certas expressões faciais ou tiques nervosos das pessoas interrogadas para encontrar onde elas estão mentindo no depoimento, já com Athena, você tem que procurar emoções conflitantes com o que as pessoas estão falando. Essas mecânicas aparecem com pouca frequência nos casos, mas são bem-vindas como forma de quebrar a monotonia do “Pressionar, apresentar evidência, dar a resposta certa” que às vezes acaba tomando o jogo.
Graficamente, Phoenix Wright: Ace Attorney – Spirit of Justice é um belo jogo. Eu sou da época em que o game era inteiramente bidimensional, e ver que os modelos em cell shaded agora contam com visuais praticamente idênticos aos de desenhos animados é lindo demais. O jogo está longe de ser o mais bonito da história do 3DS, mas os gráficos cumprem muito bem o papel de apresentar o game.
A trilha sonora de Phoenix Wright: Ace Attorney – Spirit of Justice também merce destaque. As músicas características da franquia estão aqui, assim como novas músicas que povoam as cenas do jogo. Como ele é quase que inteiramente focado em texto, é bom ter uma bela trilha sonora, afinal de contas, você vai ouvir muito mais as músicas do jogo do que os vozes nele. Como o jogo todo é em texto, vale ressaltar aqui que ficou faltando uma opção de legendas em português. Quem não domina o idioma inglês infelizmente pode acabar patinando um pouco no jogo, apesar dele passar longe de termos técnicos do direito.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Nintendo 3DS fornecida pela Capcom.
Resumo para os preguiçosos
Phoenix Wright: Ace Attorney – Spirit of Justice traz a boa e velha fórmula de Ace Attorney de volta. Apesar do jogo não introduzir tantas novidades assim, o game apresenta casos divertidos, cheios de mistérios e que certamente vão fazer o jogador sentir-se em casa. O terceiro caso do jogo parece um pouco longo demais, mas no geral você não vai querer desgrudar do 3DS para saber logo como cada caso do jogo termina.
Prós
- Enredo inteligente e muito bem humorado
- Personagens extremamente carismáticos
- Casos bem desenvolvidos e que prendem o jogador
Contras
- Em alguns momentos, o jogo fica um pouco arrastado
- Falta de legendas e diálogos em português
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