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Payday 3 – Análise – Vale a Pena – Review

Lançado dez anos atrás, em 2013, Payday 2 teve uma vida agitada. Com várias alterações e adições ao gameplay, muitas dezenas de DLCs e até mudança de publisher, mesmo jogadores veteranos podiam acabar se perdendo nas atualizações. Só deu certo porque, por trás de tudo isso, existia um jogo extremamente divertido de se jogar. A missão do sucessor, Payday 3, é ser a fundação para os próximos anos da franquia, sólida o suficiente para aguentar as inevitáveis mudanças e expansões, tudo isso enquanto se é um jogo divertido.

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As melhorias do novo jogo são aparentes logo de cara. Em Payday 2 o controle parecia leve até demais, quase caricato. Agora, a movimentação do personagem controlado segue fluida, já que se espera que o jogador esteja em constante movimento, mas existe um peso maior nas ações, uma presença satisfatória de momentum.

O jogo faz de tudo para que essa movimentação seja contínua, adicionando um sistema para deslizar no chão quando se agacha quando está correndo, assim como um sistema para deslizar por cima de obstáculos como mesas, muretas e janelas abertas. Adições simples, mas que deixam tudo mais fluido e moderno.

Apesar da seleção de armas ser muito menor dessa vez, atirar segue divertido. Como o jogo não preza pelo realismo de combate militar, sempre que chegar a hora do tiroteio – seja por opção ou por algum equívoco durante a furtividade – o jogador vai enfrentar na bala um número astronômico de inimigos. O que poderia ser ainda melhor, se a velocidade de carregamento das armas ou o tamanho do pente de munição fossem um pouco maior.

A IA de combate também recebeu melhorias e modernização. Agora os inimigos chegam de todos os lugares possíveis, invadem janelas de maneira tática e buscam agredir o jogador de vários ângulos diferentes. Não são raras as situações onde os jogadores podem se encontrar completamente rodeados de inimigos se não tomarem cuidado. A IA pode inclusive usar caminhos que os jogadores não podem, utilizado elevadores por exemplo, o que pode causar confusão e a sensação de que o jogo está “roubando” para aumentar o desafio.

A melhoria da inteligência artificial é ainda mais nítida no comportamento dos guardas. Eles não estão mais completamente presos à uma rota de patrulha e existem diversas formas de chamar a atenção deles. Por exemplo, se um guarda pegar o jogador andando em uma área restrita, ao invés de iniciar o combate, ele vai dar uma bronca e escoltá-lo para fora.

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Não só essa é uma reação mais realista, isso pode ser usado para tirar um guarda de sua patrulha normal e abrir uma falha no sistema de segurança. A mesma coisa acontece quando um guarda é rendido ou abatido silenciosamente, o que faz com que o jogador precise atender o rádio do guarda para despistar sobre a situação. Falhar nessa situação em Payday 2 significava entrar em combate. Em Payday 3, isso apenas faz com que um outro guarda vá investigar a situação.

Essas mudanças são equilibradas com uma percepção maior dos guardas, que vão estar mais atentos às movimentações do jogador. Mesmo que, às vezes, a consistência dessa inteligência artificial não seja das melhores.

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Por exemplo, nenhum guarda acha estranho quando um jogador passa por ele andando com uma bolsa enorme cheia de dinheiro saindo de uma área restrita. Ou quando um jogador joga essa bolsa para outro jogador pegar e etc. Mas se ele acha essa bolsa sozinha no meio da patrulha, ele vai achar estranho e vai ter que ser abatido/rendido para não ativar os alarmes.

Nenhuma dessas situações é estranha por si só, afinal de contas é a realidade de um jogo, mas a inconsistência nas regras é algo que pode causar estranheza e frustração no começo da experiência.

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Essas alterações são apenas parte da maior mudança entre Payday 3 e seu antecessor: a furtividade. Se antes era necessário criar perfis específicos para realizar os roubos no silêncio, exigindo horas de grind para desbloquear as habilidades e equipamentos necessários, agora todo jogador, de qualquer nível e build, pode optar pelo caminho da ofuscação e enganação.

Cada tipo de abordagem exige passos diferentes. No primeiro banco, por exemplo, o jogador precisa desativar todos os sistemas de segurança e sequestrar um gerente para conseguir acesso ao cofre.

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Seja destrancar portas com gazuas, seja roubar os crachás do guarda para ter acesso à sala onde tem um código para desbloquear uma porta, todas as ações necessárias para cometer o crime na miúda são possíveis para todos os jogadores, independente de nível e build. Até mesmo um jogador especializado em combate pode ajudar.

Essa flexibilidade resolve um dos maiores problemas de Payday 2, onde só era possível fazer a missão de um jeito ou de outro. Se o jogador falhasse na furtividade, a única solução possível era reiniciar a missão. Da mesma forma, se os jogadores se preparassem para o combate, stealth era quase impossível.

Payday 3 permite uma abordagem híbrida, onde idealmente os jogadores vão tentar agir com furtividade e, se der errado, o tiroteio segue como opção viável. Em vários momentos, é parecido com o roteiro de um filme de roubo de bancos que você está controlando, tudo muito dinâmico e orgânico.

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Essa mudança, porém, não é sem defeitos. As habilidades são muito menos interessantes e não mudam muito a jogabilidade. Com exceção de um ou outro caminho que desbloqueiam ações novas, como ter uma turreta de combate ou a capacidade de soltar sozinho de algemas, montar um perfil de personagem focado para cada tipo de roubo não é mais necessário, diminuindo a profundidade do jogo.

Existem menos opções de roubos agora do que no jogo anterior, que teve dez anos para montar sua playlist de bancos, museus e mansões. Mas os mapas que estão presentes nessa versão inicial estão muito bonitos, polidos e cada um deles exige passos diferentes para serem concluídos. Cada roubo é único e tem ferramentas únicas, apesar de certas atividades serem parecidas.

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Embora isso funcione bem para criar uma experiência narrativa interessante, isso tira um pouco de rejogabilidade das missões. Concluir os roubos dá uma sensação parecida com a de avançar em um jogo single player. Dessa forma, terminar todos os roubos não faz com que surja a vontade de jogá-los de novo ou tentar uma abordagem diferente. Uma vez que você termina um mapa em Payday 3, você já viu tudo o que tinha pra ver nesse mapa. Ou pelo menos é isso que o jogo passa.

Essa sensação de finalidade, de que é possível “zerar” o jogo não é necessariamente ruim, mas diminui muito um dos principais chamariz da franquia Payday, que é a anteriormente citada rejogabilidade. Principalmente quando você soma essa sensação dos mapas com a falta de profundidade na montagem das habilidades.

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Outros fatores acentuam ainda mais esse problema de repetição. Existe nas missões um “mini jogo” obrigatório para desbloquear alguns sistema de segurança, onde o jogador precisa ficar parado em um círculo numa área aberta por um tempo determinado. A única atividade do jogador é ficar nesse espaço e evitar ser pego por guardas ou câmeras. E o jogador precisa realizar essa atividade mesmo quando opta pelo combate, deixando-a ainda mais frustrante.

Não só essa fase das missões é entediante, como ela aparece muito frequentemente e mata totalmente o ritmo do jogo toda vez que aparece.

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Tem também o fato do jogo não permitir quase nenhuma ação enquanto o jogador não coloca a máscara. Coisas simples, como pular, ficam impossibilitadas, restringindo desnecessariamente o jogador e deixando as missões mais repetitivas ainda, já que é necessário realizar sempre as mesmas ações do mesmo jeito.

O jogo randomiza algumas coisas, a posição de algumas salas e onde ficam certos itens necessários para avançar no roubo, mas ainda não é suficiente para tirar essa sensação de falta de rejogabilidade.

Por fim, existe o problema de desempenho do jogo. Não são poucos os relatos de bugs, glitches, lag e outras palavras pouco traduzíveis. Durante o review, eu tive diversos problemas onde o jogo simplesmente fechava sozinho, sem nem ter a cortesia de mostrar uma janela de erro. Também é preciso criar uma conta no site da Starbreeze para jogar, o que gera mais um ponto de problemas com login, criar sala com amigos e etc.

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Embora esse seja o estado atual dos jogos, onde os lançamentos estão chegando em condições cada vez piores de desempenho e funcionalidade, ainda é repreensível que os veteranos da Starbreeze tenham lançado o jogo nessas condições.

Mas e aí, Payday 3 vale a pena?

No final das contas, Payday 3 tem diversos problemas que Payday 2 não tinha. Só que o jogo tem a antiga carta na manga de seu antecessor: por trás de tudo isso, existe um jogo extremamente divertido de se jogar. Por ora, é o suficiente.

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Review elaborado com uma cópia do jogo para PC fornecida pela publisher. Jogo disponível para PC, PS5, Xbox Series.

Resumo para os preguiçosos

Payday 3 é um jogo que tem tudo para superar o antecessor, com diversas melhorias no gameplay e na inteligência artificial, mas que ainda não está completamente pronto. Cada roubo é único e gera uma experiência “cinematográfica” que encanta na primeira vez, mesmo que não inspire muita vontade de jogar de novo. É um excelente ponto de entrada para quem nunca jogou a franquia ou até para veteranos que se perderam pelo caminho turbulento do jogo anterior. No estado atual, falta ainda personalidade e profundidade para o jogo atingir o seu verdadeiro potencial. Mas a base que já existe é sólida e permite que isso seja adicionado com o tempo. E as melhorias que fizeram são muitíssimo bem-vindas.

Nota final

70
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Jogabilidade Híbrida: Nova abordagem do gameplay permite que os jogadores não precisem ficar horas jogando para desbloquear habilidades necessárias para estilos específicos de jogo
  • Melhorias da sequência: Jogabilidade melhorada em relação ao anterior, com movimentação e inteligência artificial modernizados
  • Apresentação: Cada roubo é único e interessante, gerando uma narrativa mais coesa e uma experiência narrativa mais satisfatória

Contras

  • Performance: jogo apresenta muitas falhas de desempenho e problemas com bugs
  • Falta de opções: não são muitas as opções de mapas e armas no lançamento
  • Rejogabilidade: o jogo nao gera muita vontade de rejogar os mapas depois de concluídos
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Tico
Ticohttp://criticalhits.com.br
Redator eventual, podcaster e negro maravilhoso.