Overwatch 2 é um dos lançamentos mais aguardados pelos fãs da Blizzard e do primeiro jogo da série, e quando anunciado em primeiro de novembro de 2019, veio a promessa de um novo jogo que iria revitalizar a franquia que já se encontrava apagada. Não se sabia o que esperar, mas a construção de build, um PvE (player versus environment) de verdade e novos modos, pareciam ser suficientes para encantar o público.
E eis que está finalmente entre nós, mas sem o bendito do PvE. O que tem de novo, comparado ao antigo, são melhorias gráficas, sistema de microtransações e conceito de temporadas curtas com passe de batalha – pelo menos por ora. A grande inovação, que na verdade não é diante do que o mercado tem proporcionado, é o free-to-play. Agora, enfim, é mais acessível. Mas será que o jogo vale a pena?
O passe de batalha ainda faz história
Fortnite fez escola com o esquema de Battle Pass e Overwatch 2 não conseguiu fugir à regra. E é com grande felicidade que digo isso, pois agora acabaram-se os itens repetidos dentro do método horroroso de microtransação com loot boxes – que ninguém aguentava mais. Assim como no game de sucesso da Epic, para se conseguir a XP necessária, subir nos tiers e receber a sua recompensa, você precisa realizar desafios diários, semanais, sazonais ou os relacionados à carreira da sua conta/herói. Ou seja, para upar vai precisar correr atrás das “quests” – só jogar sem pensar nelas não vão te upar no passe como gostaria.
Ainda dentro do que o battle pass se propõe, você pode jogar com o básico e receber apenas os itens/personagens nos tiers gratuitos, ou então usar suas moedas (1.000, similar aos v-bucks) para comprar o Premium Battle Pass. A promessa é de que as temporadas mudem a cada 9 semanas. O estímulo a jogar e conquistar aquela skin desejada agora vão ser mais constantes do que esperar os eventos que já andavam flopados. Além, é claro, das que vão aparecer diariamente na loja. Tudo como você já conhece em Fortnite. A fórmula que funciona lá, veio pra cá de cabo a rabo.
A novidade é que além das tão desejadas skins, falas, sprays (que talvez seja o menos desejado), poses de vitória, emotes, highlights intro e avatar, contamos com os charms, souvenirs, banners e títulos. Os charms são pingentes que você pode escolher para cada herói equipar em sua arma e dá realmente um charme para a gameplay. Finalmente algo a mais para se querer além dos tradicionais cosméticos do Overwatch clássico (dá para chamar assim já, né?). Os souvenirs são colecionáveis que podem ser exibidos através de emotes na partida e sim, é o próprio emoticon do Fortnite. Já os banners lembram muito os de Destiny 2, que fica na barra onde tem o nome da conta e avatar, e os títulos que são obtidos mais ao fim da temporada e podem ser equipados no banner também.
Falando ainda em skins, a outra novidade além das categorias rara, épica e lendária, agora existe a “mítica”, que são as especiais e até mesmo personalizáveis. No caso dessa primeira temporada, a mítica é a do Genji e você a conquista apenas no tier 80.
Gameplay mais dinâmica em Overwatch 2
Um grande problema que o primeiro jogo sofria é que você não conseguia acompanhar como estavam os seus inimigos e nem os seus aliados. Você só entendia, mais ou menos, quem performou melhor no fim. Desse mal Overwatch 2 não sofre. O scoreboard agora é mais eficiente, permitindo que você possa acompanhar o desempenho dos outros jogadores na partida. O que antes era apenas o medidor de seu próprio desempenho através de medalhas e no fim com uma votação para aqueles que se destacaram em algum ponto da partida, virou mais simples e prático. Dá pra tirar uma boa base de como cada um está no jogo.
O termo novo é o MIT, que significa “damage mitigated”, ou seja, é o dano bloqueado. De resto é o que já se conhece bem: E (elimination/eliminação), A (assist/assistência de eliminação), D (death/morte) , DMG (damage/dano) e H (heal/cura). Na assistência de eliminação você não precisa ter dado o último dano, basta que tenha contribuído – de alguma forma, para aquela kill acontecer.
Na primeira vez o scoreboard parecia confuso e mal diagramado, agora em versão final, ele demonstra ser mais eficiente e inteligente.
Os times possuem uma nova formação, compostos apenas de 5 posições (antes 6), deixando a função de tanque ainda mais percebida, pois os que forem de damage (dano) sentirão a falta de outro jogador segurando mais os danos recebidos. Talvez agora jogadores de Valorant vejam mais similaridade com Overwatch. E sim, achei as partidas mais frenéticas do que costumavam ser. Mas não tanto assim.
Outra mudança bem notada é que as partidas de jogo rápido (quick play) são mais livres. Você pode escolher o seu role como quiser. Não é obrigatório ter um suporte no seu time, por exemplo. Essa liberdade só existia nas partidas do modo arcade em Overwatch 1, pois esse modo tinha a proposta de contar com partidas levadas menos a sério e com propostas diferentes, como a famosa “heróis misteriosos” – que agora está dentro de partidas rápidas. Não foi possível experimentar o modo arcade nos servidores de teste e por isso não conseguimos ver as grandes modificações, mas acredito que aqui fiquem os eventos temporários e novidades a serem apresentadas.
Reworks que funcionam
Da mesma maneira que houve essa mudança no esquadrão, alguns personagens sofreram um rework completo. A Orisa se tornou ainda mais valiosa do que era, um tanque de respeito, eu diria. Alguns outros talvez precisem de um novo balanceamento, mas isso o feedback dos jogadores e metas irão definir mais pra frente. O competitivo dita as regras da casa e ele não estava liberado durante o período de testes.
Cada role recebeu uma skill passiva, como por exemplo todos personagens de suporte regeneram a vida gradativamente caso não recebam nenhum dano naquele período. Junto com a skill de classe, veio a passiva única de cada herói, como a do Bastion que recebe menos dano enquanto transformado. Vale a leitura individual das habilidades passivas para poder entender melhor como usar cada herói.
Lembrando que o Overwatch 2 começa com três novos personagens, totalizando 35: Junker Queen (tanque), Sojourn (DPS) e Kiriko (suporte). Então mesmo para quem já conhece e jogou o primeiro, vale conferir os heróis novatos com calma. A princípio, Sojourn é uma outra versão mais dinâmica do Soldado 76, Junker Queen é um tanque super agressivo e Kiriko uma suporte com um ótimo ult, mas com uma cura que pode precisar de um aprimoramento mais pra frente.
Os sons novos, gráficos melhorados e redesign de personagens, deixaram o game mais simpático do que já era e até mais prazeroso. Talvez sejam detalhes que geral não se importe, mas para quem nota, é satisfatório. Existe um refinamento, mesmo que apressado.
Voltou para ficar
Em notícias recentes, já que a Blizzard resolveu divulgar planos e mudanças do jogo em doses homeopáticas, o vice-presidente da franquia, Jon Spector, admite que considera o crossover no game assim como existe em Fortnite. Ele disse em entrevista para a Game Informer que vai depender do quanto fará bem para Overwatch. Bom, o resto já foi totalmente inspirado, porque skin de Naruto também não? Outra novidade que talvez desagrade os novatos, é que os heróis serão desbloqueados aos poucos, conforme jogarem mais (em torno de 100 partidas rápidas para ser mais exata).
Isso acaba transformando a experiência inicial do jogador num guia para introduzir devagar o mundo, mas talvez seja um fator desencorajador para quem gosta de ter tudo disponível de início. Basta que isso não se torne um método de lucrar mais, com transações na loja posteriormente, que o conceito em si é válido.
Mas e aí, Overwatch 2 vale a pena?
Overwatch sempre foi um bom jogo, só acabou sendo esquecido no churrasco e ficando preso à fórmula que deixou de ser revolucionária com os anos. Não há dúvidas de que o seu sucessor seja muito jogado nas primeiras semanas, principalmente pelo fato de ser gratuíto. Fortnite mostrou como dá pra fazer dinheiro sem o freemium.
Acredito que Overwatch 2 vai atrair curiosos e novos jogadores, assim como restaurar a paixão dos antigos. Como isso vai se estender ao longo do tempo, nos resta esperar. Vai depender de que forma a Activision Blizzard pretende se manter próximo à comunidade, se vai trazer um fluxo mais constante de personagens novos, skins interessantes e principalmente do aguardado PvE em 2023.
Vale ressaltar ainda que toda essa análise é baseada no servidor de testes pré-lançamento do jogo, e que como todo jogo vivo, Overwatch 2 ainda vai mudar pra caramba conforme as atualizações dele forem lançado, de modo que o que dizemos hoje sobre ele, pode acabar não sendo verdade em seis meses ou um ano.
Análise elaborada com uma cópia do jogo para PC fornecida antecipadamente pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Overwatch sempre foi um bom jogo, só acabou sendo esquecido no churrasco e ficando preso à fórmula que deixou de ser revolucionária com os anos. Não há dúvidas de que o seu sucessor seja muito jogado nas primeiras semanas, principalmente pelo fato de ser gratuíto. Fortnite mostrou como dá pra fazer dinheiro sem o freemium.
Acredito que Overwatch 2 vai atrair curiosos e novos jogadores, assim como restaurar a paixão dos antigos. Como isso vai se estender ao longo do tempo, nos resta esperar. Vai depender de que forma a Activision Blizzard pretende se manter próximo à comunidade, se vai trazer um fluxo mais constante de personagens novos, skins interessantes e principalmente do aguardado PvE em 2023.
Vale ressaltar ainda que toda essa análise é baseada no servidor de testes pré-lançamento do jogo, e que como todo jogo vivo, Overwatch 2 ainda vai mudar pra caramba conforme as atualizações dele forem lançado, de modo que o que dizemos hoje sobre ele, pode acabar não sendo verdade em seis meses ou um ano.
Prós
- Reworks importantes nos personagens
- Novo PVP com 5 personagens deixa os combates mais dinâmicos
- Gratuidade do jogo vai sempre trazer um novo fluxo de jogadores
- Belos gráficos e sons
Contras
- Sem modo PVE no lançamento