Os anos 80 são provavelmente a minha era favorita da humanidade. Os cabelos eram ridículos, a música era sensacional (alou, Van Halen e a volta do Deep Purple), o Brasil tinha o Sarney como presidente e os videogames estavam começando a mostrar o potencial que eles tinham. E o que tem isso a ver com Oniken, um jogo lançado em 2012 pela Joymasher, uma produtora brasileira de games? Que ele poderia muito bem pertencer a essa era.
Em Oniken, você é Zaku, um lendário ninja mercenário, que concorda em se juntar à resistência e lutar contra o Oniken, uma armada robótica que levou a humanidade à beira da extinção. Só você pode derrotar os inimigos e salvar a humanidade desse destino, mas pode apostar, sua tarefa vai ser difícil pra caramba.
O jogo segue uma estrutura semelhante aos clássicos da época do NES, como Ninja Gaiden e Strider, em praticamente todos os sentidos, como gráficos, som e dificuldade. Tudo faz você lembrar dos clássicos de NES, para o bem, e para o mal.
Para começar, vamos falar da jogabilidade. Oniken é um jogo difícil pra cacete, que vai te fazer morrer várias vezes até entender o que é preciso fazer para sobreviver. Volta e meia, você vai ficar puto da vida por ter morrido no chefe final da fase, e logo você vai descobrir que esse jogo realmente segue à risca a fórmula dos anos 80. Morreu? Volta pro começo da fase e faz tudo de novo. Morrendo o suficiente, você acaba ficando bom nos trechos anteriores, e não perdendo tanta energia assim até a parte em que você havia sido derrotado.
Seguindo o estilo anos 80, você tem três fases por partida, à partir dali, é game over. Cada fase é dividida em três subseções. Cada morte te joga para o início da subseção em que você está, o que é um pouco menos pior do que ser jogado lá pra o começo da fase novamente. Felizmente, dá para começar à partir de cada uma das seis fases do game, ao invés de ter que jogá-lo todo novamente a cada game over.
Como eu havia dito anteriormente, o jogo é anos 80 pro bem e pro mal. Os gráficos seguem exatamente o estilo artístico da época e não apenas um pixel art moderno, colorido e tudo mais, dá pra contar o número de cores na tela nos dedos da mão, e eles provavelmente caberiam numa boa num cartucho de NES, já que nada aqui é moderno ou incrivelmente animado. Aliás, Haku, personagem do jogo, tem meia dúzia de quadros de animação, uns 2 parado, 1 abaixo, 2 para atacar, mais uns 2 para pular e ataque pulando…
Tudo dá a impressão de que você entrou num portal e voltou pros anos 80, já que até na hora de usar os botões de ação você precisa apenas de um para ataque e outro para pulo, o que faz os outros botões do meu controle de Xbox 360 serem completamente ignorados. Oniken é um jogo para ser jogado com um joystick de NES mesmo, para se entrar no climão daquela época.
Já no departamento de áudio, a trilha sonora do jogo também é composta por chiptunes bem feitos e que não tornam a repetitividade do jogo cansativa.
O único problema real que eu encontrei em Oniken é que às vezes a IA do jogo é meio burra, como as dos jogos dos anos 80, novamente provando que o jogo realmente poderia ser muito bem lançado naquela época, ter feito muito dinheiro para os seus produtores e hoje estar ganhando uma versão AAA com gráficos estilo Gears of War ou algo do tipo. Os inimigos são bem previsíveis e costumam executar os mesmos movimentos sempre. Tá certo que mesmo assim o jogo é difícil pra caramba, mas tem alguns que não te atacam caso o sprite deles não apareça inteiro na tela, então é só jogar uma granada neles que eles não vão reagir, mesmo olhando dentro do seu olho.
Resumo para os preguiçosos
Oniken é um ótimo jogo lançado três décadas depois do seu tempo. Ele é um jogo clássico de NES em tudo, jogabilidade, gráficos, som e dificuldade. O jogo vai bater em você e te fazer ficar com vontade de jogar o controle na parede. Mas oferece a diversão necessária para que você não o ache tosco e sinta que gastou seu dinheiro à toa.
Prós
- Bastante divertido
- Climão anos 80
Contras
- Inteligência artificial bem previsível após você ver o que ela tem a oferecer. Há pouca variação