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Okhlos – Review

Okhlos surpreendeu a todos que compareceram ao Brazilian Independent Game Festival de 2015 e deixou sua marca mesmo em meio a outros indies conhecidos mundialmente, saindo do evento com o prêmio de melhor gameplay. O mantive no meu radar desde então e neste fim de semana pude finalmente ver o que a Coffee Powered Machine esteve preparando ao longo dos últimos anos: um jogo divertido que superou em muito as minhas expectativas.

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Okhlos parte de uma premissa inusitada de te colocar no controle de uma multidão de gregos enfurecidos que cansaram de aturar o desdém e opressão dos deuses de sua mitologia e decidem acabar com isso na base da porrada. Eles percorrem todas as famosas cidades da Grécia antiga derrubando divindade por divindade, enquanto enfrentam seus lacaios por caminhos repletos de armadilhas e recompensas. Contam com a ajuda de heróis que os fortalecem e dão mais moral para seu movimento, ficando mais confiantes de que a anarquia é realmente o caminho para a liberdade.

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Você é um filósofo, e como a história bem nos ensinou, os sábios enviam os demais para lutarem por eles, e é você quem guia a turba em Okhlos, dizendo a ela quando atacar, se defender, se espalhar ou juntar-se. Sem um filósofo a multidão não tem como manter a ordem e o jogo termina, portanto é importante sempre manter alguns no time, mesmo que sua função seja basicamente essa. A multidão é formada por outras pessoas importantes além dos filósofos, como os cidadãos que são apenas o povo, os guerreiros que têm ataque alto e defesa baixa, os defensores que são o oposto dos guerreiros e os escravos que podem carregar itens.

Além deles, temos os heróis, personalidades históricas que podem ser trocados por membros da turba com comerciantes (vejam só). Eles geralmente têm atributos especiais que ajudam toda a multidão, como Ícaro que aumenta a velocidade da turba em 40%, Teseu que aumenta o ataque em 25% e Barão Munchausen que de alguma forma foi parar na Grécia antiga e aumenta um atributo aleatório em 40%. Há diversos outros heróis, não necessariamente da Grécia antiga, que têm habilidades interessantes e com certeza estão ali para arrancar boas risadas dos jogadores (e conseguem), além de dar diversas opções aos jogadores para criar estratégias de ataque ou defesa.

Há também uma grande variedade de inimigos que sempre condizem com a área em que estamos e têm habilidades bem diferentes. Cada um deles é diferente dos outros, e mesmo que o jeito de vencê-los seja basicamente o mesmo (descendo-lhe a paulada), o jeito de sobreviver a eles é bem diferente. Alguns arremessam cargas tóxicas ou em chamas que afetam toda a turba, outros perseguem apenas o filósofo principal a fim de acabar com o movimento, outros roubam as almas do povo e até outros fazem com que os integrantes desistam da revolução e saiam andando como se não estivessem enfrentando uma medusa ou acabado de ter vencido Poseidon.

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E falando no Deus dos Mares, ele é só mais uma das divindades que se opõem a nós. Todos eles possuem vida, velocidade e dano enormes, além de um raio de ação bem grande. Além disso, eles invocam inimigos comuns para perseguir exclusivamente os filósofos e causam dano apenas na multidão tendo como especialidade a habilidade já citada de fazê-los desistir da revolução.

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Okhlos se assemelha a um beat ’em up em sua maior parte, onde devemos derrotar todos os inimigos presentes em uma área para avançar até a próxima. Ao chegar na última das áreas de uma cidade enfrentamos um Deus, qualquer um deles, que usa contra nós todos os obstáculos que encontramos nas áreas anteriores, assim como suas próprias habilidades. Não é tão fácil morrer pelo caminho, mas nos chefões a história é outra e se acontecer de você morrer não tem outra: começa do zero.

Na primeira vez, dependendo do quão longe você tenha chegado, poderá pensar em desistir de ter de percorrer tudo novamente, o que é comum em jogos com elementos roguelike, isso pode ser muito desestimulante. Mas caso você esteja se divertindo e não veja problema em percorrer o caminho mais uma vez, verá que Okhlos não é o mesmo jogo, sendo as áreas e os inimigos iniciais diferentes dos da primeira jogatina, apesar dos desafios serem basicamente os mesmos.

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O game ainda libera ao jogador alguns heróis que podem ser escolhidos no início da jogatina sem custo por ter completado alguns objetivos secretos na tentativa anterior. Isso faz com que o início da nova campanha seja bem mais rápido, visto que a turba está mais forte, e os inimigos só venham a ser um desafio real quando você finalmente chegar na área em que morreu.

As áreas podem ser percorridas ainda mais rápido dependendo do quão caótica está sua turba, algo que podemos saber olhando para a barra que fica no topo da tela. Além da vida da multidão, ela mostra o quão raivosos estão os gregos, raiva esta que aumenta após matarmos muitos inimigos em sequência. Quanto mais caótica a turba, mais dano eles causam e conseguem não só acabar com inimigos em 1 segundo, mas também derrubar completamente edifícios que contêm muitas vezes itens ou heróis em seu interior. A raiva realmente é a solução.

A jogabilidade de Okhlos é bem pensada e funciona de maneira perfeita. Para jogar utilizamos os dois analógicos do controle, com o direito controlamos o filósofo – que não pode ser morto – e com o esquerdo a multidão. Assim podemos colocar a turba para atacar um inimigo que esteja perseguindo o filósofo enquanto afastamos o líder da ameaça. Ambos não conseguem operar longe o um do outro, o que limita o raio de ação da multidão e pode causar transtornos caso o filósofo fique preso a algum obstáculo. Como você deve ter imaginado, o jogo é uma imensa bagunça, o que dificulta saber exatamente onde nosso filósofo está, sendo que muitas vezes só o achamos quando inimigos já estão acabando com ele.

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Já os botões de ombro do controle definem o que a multidão fará. Eles podem ser usados em conjunto de maneira estratégica, possibilitando que o jogador espalhe os gregos para recrutar novos revolucionários ou se reúnam para causar mais dano a um inimigo ou proteger o filósofo. Já os demais botões ficam cada um para a utilização dos itens que são coletados pelo caminho que podem ser desde bombas à pedaços enormes de carne que aumentam a vida da turba.

No quesito gráficos, Okhlos é bem rico, com personagens bem diferentes entre si e elementos bem coloridos que dispensam explicação sobre suas funções. Seu único defeito é com as construções que muitas vezes não mostram inimigos que estão atrás delas ou que impossibilitam que o jogador avance, mas fora isso ele é perfeito. Destaque também para o visual dos deuses que é muito bem pensado e executado e me fizeram dar boas risadas. O jogo vem ainda completamente legendado em português com uma das melhores legendas que já vi. Já deixo aqui meus parabéns para a equipe da Devolver Digital que conseguiu adaptar o contexto de todas as piadas e fez as minhas horas de jogatina mais felizes.

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Na parte sonora Okhlos é tão competente quanto nos gráficos e consegue dar ritmo e ainda mais animação a toda a bagunça que vemos na tela. Ele possui efeitos específicos para itens e ataques inimigos, sendo que após certo tempo de jogo sabemos que item nossa turba pegou mesmo sem vê-lo e como um inimigo atacará.

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Okhlos segue em todos os aspectos o padrão de qualidade dos jogos da Devolver e é um must play para fãs da publisher. Não é um jogo longo, mas proporcionará diversão por todo o tempo em que você estiver com ele aberto, tem um fator replay médio e com certeza vale os R$25,99 cobrados.

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Review elaborado com uma cópia do jogo para PC fornecida pela Devolver Digital.

Resumo para os preguiçosos

Okhlos é mais uma das pérolas da Devolver Digital e entrega em sua versão final muito mais do que mostrou em sua estreia no BIG Festival 2015 quando foi premiado. É um jogo divertidíssimo e engraçado, que parte de uma premissa ridícula e que se nutre disso em todos os aspectos. Tem uma quantidade gigantesca de heróis que aumentam as possibilidades de estratégia da turba, além de inimigos e deuses que oferecem um desafio justo. A cereja do bolo são as legendas e português, que trazem todas as piadas e referências adaptadas, você vai agradecer por elas.

Nota final

85
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Divertido
  • Premissa ridícula e engraçada
  • Diversidade de inimigos, chefões e heróis
  • Possibilidade de usar diversas estratégias
  • Legendado em português

Contras

  • Ter que percorrer todo o caminho de novo pode ser desestimulante
  • Cenários podem deixar inimigos inacessíveis ou personagens travados
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Rafael Oliveira
Rafael Oliveirahttp://criticalhits.com.br
Rafael Oliveira faz análise de jogos, filmes e séries regularmente para o Critical Hits, além de postar notícias e artigos esporadicamente. Acha que Shadow of the Colossus é o melhor jogo já feito, é fanboy de Steins;Gate e tem um lugar especial no coração para Platformers, RPGs e Metroidvanias.