Octopath Traveler 0 – Análise – Vale a Pena – Review

Octopath Traveler é uma franquia que a Square Enix iniciou lá no começo da vida do Nintendo Switch, com o objetivo de se reconectar às raízes dos RPGs por turno e trazer um estilo de arte belíssimo chamado de HD-2D. Com Octopath Traveler 0, a companhia promete contar o que aconteceu antes do Octopath Traveler original, mas será que esse jogo consegue se diferenciar o suficiente de seus dois capítulos anteriores?

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Em Octopath Traveler 0, você controla um protagonista que você nomeia e que mora no vilarejo de Wishvale. Como você deve imaginar, coisas ruins estão para acontecer, afinal se não acontecessem, e elas acontecem rapidamente, com o vilarejo sendo destruído, seus pais e amigos mortos e você prometendo vingar-se dos três grandes adversários inimigos que cometeram essa atrocidade.

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Octopath Traveler 0 - Análise - Vale a Pena - Review

Para isso, você receberá de um ancião um anel e se tornará o escolhido, aquele que deve reunir todos os anéis do poder e impedir que o mal se alastre pelo continente. Com isso, você parte numa missão no estilo Octopath Traveler original, onde você tem os objetivos no mapa e deve escolher que caminho levar para eliminar esses adversários em arcos que possuem diversos capítulos e que vão desenvolvendo essas histórias em questão.

Aqui nós já vemos uma grande diferença entre este jogo e os outros jogos da franquia, ao invés de focar sua história nos protagonistas dela, Octopath Traveler 0 é um jogo que foca muito mais nos vilões, suas histórias e motivos pelos quais eles foram corrompidos, do que nos mocinhos, até porque além do protagonista, o que você encontra on jogo são personagens que você pode ir recrutando e formando o seu grupo, e não oito viajantes, cada qual com sua missão e caminhos que se conectam como nos jogos anteriores da franquia.

Cada um dos três adversários iniciais possui uma história interessante, e cada qual domina uma região do mapa que só parece em paz na superfície, com a opressão e a dor sendo cotidianos dos moradores desses locais, e com você se aliando a personagens que estão resistindo a esse mal e colaborando com eles para derrotar esses grandes adversários e assim fazê-los pagar pelo que eles fizeram com Wishvale.

Além de ir atrás da sua vingança, o seu outro objetivo dentro de Octopath Traveler 0 é reconstruir Wishvale. Para isso, você tem uma série de quests onde deve ir atrás dos moradores da cidade que se dispersaram pelo mundo do jogo, construir casas, uma taverna, uma horta e assim por diante para povoar o mapa da cidade e fazê-la não apenas retorná-la à glória antiga, mas fazê-la superar essa cidade do passado, em uma dezena de missões bem interessantes.

Para conseguir concluir esses objetivos iniciais, você terá basicamente dois tipos de recursos: o combate ou a fala. Há diversas missões onde você não precisa enfrentar nenhum tipo de inimigo, apenas levando itens daqui pra lá, conversando com NPCs, indo atrás de requisitos e assim por diante.

Nessa parte, o talento dos dubladores é fundamental, e confesso que em alguns momentos eu me senti um pouco cansado com eles pois o jogo tem muitos diálogos, muitos mesmo, e você vai ficar olhando a tela, lendo e ouvindo gente falar por um bom tempo. Da metade pro final eu acelerei os diálogos na velocidade máxima e simplesmente ignorei os personagens falando, fui apenas lendo e me senti por satisfeito, senão provavelmente não teria conseguido chegar ao final do jogo antes de começar esse review.

Aqui é importante ressaltar, não é que a história de Octopath Traveler 0 seja ruim, muito pelo contrário, o jogo conta com uma história muito boa, madura e com personagens que não são pretos ou brancos, mas sim possuem seus traumas, suas ambições e nem sempre estão do lado correto da lei como descobrimos conforme a campanha do jogo avança.

Além disso, o jogo conta com a campanha mais ambiciosa da franquia, trazendo guerras, grandes batalhas campais e navais e muito mais coisa pela frente que eu não vou comentar aqui para não dar spoilers da história do jogo, mas pode ter certeza, essa é uma das melhores histórias de RPG que eu joguei não só nesse ano, mas na minha vida mesmo.

Já no combate, Octopath Traveler 0 usa o mesmo sistema do capítulo free to play para celulares da franquia, ou seja, Octopath Traveler: Champions of the Continent, onde você pode controlar até 8 personagens ao mesmo tempo, com um grupo de 4 personagens na frente que combate e enfrenta os adversários, e 4 personagens reservas, que podem assumir o lugar dos personagens à frente deles a qualquer momento, e que recuperam HP e SP enquanto não estão em combate.

Esse novo sistema de combate me agradou bastante, pois uma das minhas principais críticas aos jogos antigos era que qualquer erro poderia colocar uma dezena de minutos de combate no ralo quando algum personagem morria e você tinha que comprometer outro para revivê-lo e assim perder duas das quatro ações do turno por causa disso.

Octopath Traveler 0 - Análise - Vale a Pena - Review

Isso acaba tornando os combates muito mais dinâmicos e que permite que você arrisque muito mais e parta com tudo pra cima dos chefes e dos adversários comuns quando os enfrenta. Porém, a Square Enix balanceou o combate de modo que muitas das habilidades completamente apelonas dos jogos anteriores não fazem mais parte das classes dos persongens que você vai recrutando ao longo do jogo.

Além disso, o seu protagonista pode assumir qualquer uma das oito classes clássicas de Octopath Traveler, e ir progredindo nelas da maneira que você prefere, mas não há a possibilidade de assumir duas classes ao mesmo tempo como em outros jogos, ou seja, apesar de você ter um combate mais dinâmico e com mais possibilidades, no fim das contas seus personagens são sensivelmente mais fracos do que em outros jogos.

Caso você nunca tenha jogado Octopath Traveler anteriormente, o combate funciona da seguinte forma: cada personagem possui duas armas e algumas classes ainda possuem magias de um ou mais elementos. Cada inimigo tem de 3 a 6 fraquezas ou a armas, ou a elementos, e o seu objetivo no combate é ir usando essas fraquezas para remover os pontos de escudo do seu adversário até que ele chegue a 0. Fazendo isso, você pode causar muito mais dano no inimigo.

O combate do jogo é realmente divertido e possui um sistema de turnos que vai tornar cada combate, principalmente contra os inimigos especiais, em uma batalha épica, e que fica trivial apenas quando você está com muitos níveis acima dos inimigos normais, o que até é possível fazer, mas que acaba demorando bastante.

Ainda sobre o combate, é importante ressaltar dois pontos: a primeira, um certo grau de grind é necessário para você não passar muito sufoco no jogo. Mas como eu sinceramente gosto de combate em jogos de RPG por turno, isso não chega a ser um problema para mim, ainda mais se você monta uma equipe equilibrada e versátil com as armas necessárias para derrubar os escudos dos seus adversários rapidamente, daí o combate fica ainda mais divertido.

O outro é que você luta a todo momento, e isso acaba cansando um pouco, ainda mais quando você está perto do fim do jogo e louco para chegar logo nos objetivos finais e fica lutando a cada 30~40 segundos um novo combate, e como não há como diminuir a frequência de encontros aleatórios, você precisará conviver com essa frequência do início ao fim.

Ainda falando sobre pontos postivos e negativos do jogo, eu acredito que o maior pecado de Octopath Traveler 0 é parecer ser um jogo que não vai terminar nunca. Sério mesmo, eu achei que o jogo iria acabar umas três vezes durante a campanha e em todas o jogo arranjou um jeito de continuar a história e transformar ela numa espécie de anime com diferentes sagas onde o mesmo grupo de personagens vai encontrando mais e mais vilões com motivações diferentes para enfrentar.

No fim do jogo, eu sinceramente já não aguentava mais e estava torcendo pro jogo acabar de uma vez. Não que eu não tenha gostado do jogo, muito pelo contrário, mas eu confesso que se ele tivesse umas 45 e não as mais de 60 horas que o jogo possui, eu teria ficado com uma impressão bem melhor da parte final dele.

Graficamente, Octopath Traveler 0 não adiciona nenhuma grande novidade ao estilo de arte HD-2D, apenas mais efeitos visuais em magias auras e assim por diante. O estilo de arte segue lindo, e parece que Square Enix seguiu o lema de “Em time que está ganhando não se mexe”. Mas vale a ressalva, por algum motivo, a cada nova área, o jogo dava uma micro travada nos primeiros 5 segundos dentro do novo mapa, e depois rodava normal. Esse problema provavelmente será corrigido numa atualização futura.

A trilha sonora do jogo também é excelente e tem um ponto que eu gostaria de ressaltar aqui que mais jogos de RPG deveriam fazer: múltiplas trilhas sonoras de batalha. Se você vai jogar um jogo de RPG e ouvir sempre as mesmas duas ou três músicas de combate durante 20~30~60 horas, você vai acabar cansando, mas o jogo tem pelo menos umas 10 trilhas de combate, dependendo do local e do momento da história em que você está, e isso é muito bom pois ajuda a deixar o jogo sempre com uma experiência que não se torna tão repetitiva assim.

Aqui ainda é importante ressaltar algo, infelizmente, Octopath Traveler 0 não conta com legendas em português, e se você não tem um bom domínio do inglês, infelizmente você vai acabar perdendo algumas nuances da história, mas se você tiver, eu recomendo esse jogo demais, pois a história está longe de ser aquele tipo de história bobinha para adolescentes de RPGs clássicos.

Mas e aí, Octopath Traveler 0 vale a pena?

Octopath Traveler 0 é um ótimo jogo e seria ainda melhor se não fosse tão longo. Eu levei mais de 60 horas para terminá-lo e sinceramente gostaria que pelo menos 1/4 ou 1/5 pudesse ter sido abreviado, mas no fim das contas, se você é um fã de JRPGs clássicos, esse jogo certamente é para você.

Review elaborado com uma cópia do jogo para PS5 fornecida pela publisher.

Resumo para os preguiçosos

Octopath Traveler 0 revisita as raízes da franquia ao contar a história do protagonista que vê seu vilarejo destruído e parte em busca de vingança, mas o faz com um foco muito maior nos vilões e em suas motivações do que nos heróis. A estrutura lembra o primeiro jogo, com objetivos espalhados pelo mapa, personagens recrutáveis e longos arcos narrativos, além da tarefa paralela de reconstruir Wishvale. O enredo é sólido, maduro e cheio de nuances, mas a quantidade de diálogos e a duração estendida da campanha podem tornar a experiência mais cansativa do que o necessário.

No combate, o jogo adapta o sistema de Champions of the Continent, permitindo a formação de equipes com oito personagens e batalhas mais dinâmicas graças à alternância entre linhas de frente e reservas. As lutas continuam estratégicas, exigindo a quebra de escudos e o uso das fraquezas dos inimigos, e o jogo acerta ao oferecer várias trilhas de batalha. Porém, a alta frequência de encontros e a necessidade constante de grind pesam com o tempo. Ainda assim, com seu visual HD-2D impecável, trilha sonora variada e uma história ambiciosa, Octopath Traveler 0 se firma como um JRPG marcante, mesmo que um pouco longo demais.

Nota final

85
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • O melhor sistema de combate de Octopath Traveler até aqui
  • Belos gráficos
  • História muito boa e madura
  • Excelente trilha sonora

Contras

  • A campanha dura bem mais do que deveria, há momentos em que isso cansa, principalmente no arco final do jogo
  • Sem idioma em português
Eric Arraché
Eric Arrachéhttps://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.