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Mother Russia Bleeds – Review

Os tempos de glória dos beat’em up já se foram e por mais que a nostalgia de jogar Streets of Rage ou Fatal Fury ainda brilhe em nós, não há como negar que jogos do tipo ficaram no passado e deram lugar a novos que chegam a ser um insulto ao que os beat’em up representam para a história dos videogames. Independente disso, volta e meia alguma desenvolvedora decide tentar reviver o estilo destes clássicos, e a grande maioria falha miseravelmente. Felizmente não foi o que aconteceu com o Le Cartel, estúdio indie que, com a ajuda da Devolver Digital, trouxe para nós Mother Russia Bleeds.

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A descrição de Mother Russia Bleeds não só diz que o jogo traz de volta o estilo clássico de Streets of Rage, mas que ele também é uma mistura da violência de Hotline Miami e é exatamente isso que temos durante toda a campanha do jogo. Você é Sergei, Natasha, Ivan ou Boris (dependendo do personagem que escolher), um soviético qualquer que só queria trocar umas porradas por aí, mas acabou envolvido em um profundo esquema de conspiração envolvendo novas drogas aparentemente criadas pela Bratva. Você acaba viciado nela e é obrigado a ir atrás dos caras que ferraram com você para se livrar dos efeitos colaterais do Nekro.

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Nekro é a tal droga que foi injetada em seu personagem quando ele foi sequestrado. Ela substitui em Mother Russia Bleeds os frangos e pratos de arroz com feijão que encontrávamos nas latas de lixo em Streets of Rage e além de ser um aspecto original de MRB, ela dá ao jogador diversas possibilidades de uso, o que faz do jogo ser bem divertido e dinâmico.

Ao lado da vida, no canto superior esquerdo, podemos ver quantas doses de Nekro nosso personagem ainda possui, sendo que a seringa que carregamos suporta apenas três. Cada dose te dá a possibilidade de recuperar um pouco de sua vida ou a de um companheiro, assim como também permite que entremos no modo Berserker, um modo em que o personagem injeta Nekro em seu cérebro e tem um acréscimo considerável na adrenalina de seu corpo, aumentando sua força, velocidade e resistência por alguns segundos e realizando um verdadeiro massacre. Infelizmente na versão em português este modo não se chama “100% putaço”.

Caso seu Nekro acabe, você pode conseguir mais retirando de inimigos derrubados que também sejam usuários de Nekro (sim, a troca de seringas ocorre aqui sem nenhum pudor). Uma vez que estes inimigos sejam derrubados, eles têm convulsões por alguns segundos e espumam Nekro pela boca e assim podemos saber que ali está nossa fonte de vida, espetar nossas seringas neles por alguns segundos e reabastecer nosso mini-estoque. Cada um destes comandos (curar você mesmo, curar parceiro, remover Nekro e modo Berserker) são distribuídos pelos botões de ombro do controle e são muito bem explicados quando o Nekro nos é introduzido, sendo bem fáceis de usar e difíceis de serem usados no lugar de outros por engano.

Já o combate traz realmente à tona um pouco da graça que Streets of Rage apresentou ao mundo na década de 90. Os golpes são bem similares, com bastante opções como chutes, socos, agarrões, voadoras, socos mais potentes, rasteira, esquiva e outras variações que combinam um ou outro golpe. Alguns deles também tem variações brutais no modo Berserker, como o agarrão que te permite partir um inimigo literalmente ao meio quando estiver no modo 100% putaço.

A distribuição dos comandos nos botões também agrada, sendo que é bem fácil fazer as combinações entre golpes. Infelizmente eu me deparei com um bug bem chato que impossibilitava meu personagem de dar qualquer golpe e apenas me deixava andar entre os inimigos. Não preciso dizer que apenas este bug me custou algumas vidas e me deixou frustrado o bastante a ponto de fechá-lo mais de uma vez, certo?

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Mother Russia Bleeds também conta com a opção de co-op local para até quatro jogadores, ou seja, você pode reunir sua gangue e distribuir porrada pela Rússia com seus parceiros. Caso você seja um lobo solitário, pode ainda usar um parceiro controlado pela IA do jogo que deixa bastante a desejar, principalmente se você deixar o friendly fire ativado. Seu parceiro te matar na paulada e ainda por cima não te reviver não é algo raro de se ver e é quase tão irritante quanto o bug dos golpes.

Falando em paulada, os itens que costumamos pegar entre as áreas nos jogos antigos estão de volta, mas com um toque muito mais violento que é a adição de armas como postes de luz, facas, serras elétricas e até metralhadoras. Utilizar estas armas é lindo de se ver de tão brutal que é (principalmente a serra elétrica) e apesar de seus hitboxes serem bem exagerados – é impossível não acertar um companheiro com sua arma – elas são uma opção bem divertida e uma maneira mais fácil de afastar e apagar inimigos mais rapidamente.

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No caso das armas, os projéteis atingem apenas os inimigos que estiverem exatamente na sua frente, ou no mesmo plano que você, afinal, as balas só vão em linha reta. É bem fácil limpar uma área com uma simples pistola e desviar dos tiros dos inimigos que também tenham uma, mas com a bagunça que Mother Russia Bleeds é em 99% do tempo, é igualmente fácil explodir a cabeça de um companheiro ou ter a sua própria explodida. Cuidado com as armas crianças.

O game ainda conta com chefes no final de cada capítulo do modo história que além de serem maiores, mais fortes e resistentes que os demais inimigos, também vêm com algum aspecto novo no cenário para atrapalhar ainda mais a vida do jogador. Eles são um desafio justo até o momento que você descobre qual é o jeito certo de derrotá-los, depois disso eles viram mamão com açúcar assim como todos os outros.

Após derrotar um chefe e terminar o capítulo, você desbloqueia o cenário para jogar no modo arena, uma partida sem fim que te recompensa com outras drogas além do Nekro dependendo do quão longe você consiga chegar.

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MRB-Meeting

Mother Russia Bleeds tem uma narrativa bacana e eu fiquei até surpreso com o modo que ela se desenvolve, eu esperava bem menos da história de um beat’em up. Não é algo que faz você entrar no modo “tédio automático” sempre que um diálogo se inicia e é repleta de humor, além de possuir algumas reviravoltas. Para ajudar, o jogo contém legendas em português, o que torna bem mais fácil o entendimento de todo o enredo.

O visual do game agrada bastante, mesmo os personagens aparentando ter a mesma feição. Os cenários são bem diferentes e oferecem diversas opções e itens aos jogadores. Há também diversos tipos de inimigos que se diferenciam dos outros e também os que são repletos de Nekro, mais fáceis de se identificar pela cor verde, porém mais difíceis de se matar.

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Eu classifico o design de Mother Russia Bleeds como ‘ok’ apenas, sendo que há áreas grandes que aparentam ser minúsculas por alguns detalhes no visual e outras que são realmente minúsculas e nos fazem esperar o inimigo se levantar e voltar até o espaço visível sempre que o chutamos para fora – apesar de ser um elemento clássico, alguns inimigos demoram eras para voltar e outros sequer voltam, empacando o progresso.

A trilha sonora é boa na maior parte do jogo, dá um ritmo bacana à matança que ocorre nas lutas mais cheias de inimigos, mas em outras lutas a falta dela torna tudo muito monótono. Ela cumpre bem o seu papel, porém deixa a desejar em momentos específicos.

No fim, Mother Russia Bleeds é uma experiência divertida e uma mistura entre o estilo clássico dos beat’em up com a originalidade que os jogos atuais devem ter. Joguei a versão do jogo para review, então talvez muitos dos problemas supracitados sejam resolvidos num patch de lançamento, tornando MRB ainda mais um must play para fãs do gênero e da violência nos jogos.

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Review elaborado com uma cópia do jogo para PC fornecida pela Devolver Digital.

Resumo para os preguiçosos

Mother Russia Bleeds traz de volta parte da magia de Streets of Rage unida com a violência de Hotline Miami, o que resulta num jogo que é uma mescla de passado e presente e que agrada em quase todos os seus aspectos. Oferece uma grande variedade de golpes e combinações entre eles, além de diversos tipos de armas e desafios diferentes além dos inimigos comuns. Tem uma narrativa bem construída e um modo arena para aqueles que querem apenas a matança desenfreada e divertida que é a verdadeira magia de MRB.

Nota final

85
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Brutal
  • Diversidade de personagens, inimigos e áreas
  • Muitos comandos que podem ser combinados
  • Armas diferentes que mudam o estilo do gameplay
  • Elementos originais somados aos clássicos dos beat’em up
  • Narrativa bem construída

Contras

  • Bug impede que jogador dê qualquer golpe
  • IA dos parceiros é decepcionante
  • Algumas opções de design atrapalham o prosseguimento
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Rafael Oliveira
Rafael Oliveirahttp://criticalhits.com.br
Rafael Oliveira faz análise de jogos, filmes e séries regularmente para o Critical Hits, além de postar notícias e artigos esporadicamente. Acha que Shadow of the Colossus é o melhor jogo já feito, é fanboy de Steins;Gate e tem um lugar especial no coração para Platformers, RPGs e Metroidvanias.