MindsEye é um dos jogos mais populares da atualidade mas por todas as razões erradas possíveis. Mas será que este é um bom jogo para além dos memes e vídeos de bugs bizarríssimos que ele tem estrelado? É o que vamos tentar descobrir hoje.

Em MindsEye, conhecemos a história de Jacob Diaz, um ex-soldado que carrega um misterioso implante neural chamado MindsEye. Jacob sofre de amnésia e flashbacks traumáticos relacionados a uma operação militar três anos antes e viaja até a cidade desértica fictícia de Redrock — inspirada em Las Vegas — para descobrir os segredos por trás de seu implante.
Ao chegar, Jacob aceita um emprego de segurança na corporação Silva, empresa controladora da tecnologia MindsEye, como pretexto para investigar mais sobre este dispositivo colocado nele e como livrar-se dos problemas gerados nele.
Ao longo da história, Jacob enfrenta robôs autônomos que saíram do controle e se envolve com uma hacker chamada Charlie, ao mesmo tempo em que busca o cientista responsável pelo implante, Hunter Morrison. Conforme avança, Jacob é recrutado como segurança pessoal do excêntrico CEO Marco Silva e se vê envolvido em uma disputa política com a prefeita Shiva Vega, enquanto investiga as ramificações do MindsEye e sua influência potencial sobre o futuro da humanidade.
A história de MindsEye é o ponto mais interessante do jogo, pois ela funcionaria tranquilamente como uma história de um jogo da franquia de Watch Dogs, por exemplo, misturando avanços e questões ética de tecnologia enquanto envolve hackers e mega corporações. Apesar disso, a história também tem problemas, já que Diaz começa na Silva Corporation como um mero guarda qualquer e do dia pra noite vira o funcionário mais importante da companhia, fazendo todas as missões possíveis para a empresa e até mesmo virando amigo do CEO dela meio que instantaneamente.
E o pior é que dá pra entender por que isso acontece, é para esconder os outros defeitos do jogo. A campanha de MindsEye leva um bom tempo até deixar você finalmente andar pelo mundo aberto vazio do jogo. Se você tentar fazer algum tipo de exploração no começo do game, você simplesmente falha na missão e o jogo manda você começar de novo pois não é isso o que o jogo quer que você faça, e Jacob simplesmente não tem descanso entre uma missão e outra, você mal termina uma tarefa e começa a próxima, num ritmo que acaba ficando acelerado demais exatamente para tentar esconder as outras falhas do jogo.
Entre uma missão e outra, a única coisa que você pode fazer é ir em missões paralelas geradas pelo MindsEye de Jacob, que são situações do passado dele e de outros personagens e que oferecem alguma variação no gameplay do jogo. Essas missões são curtas, durando entre 5 e 10 minutos cada, e você pode inclusive criar suas missões usando o construtor do jogo, algo bem interessante, mas ainda assim, não é algo que ofereça realmente um refresco nessa estrutura extremamente engessada da campanha do jogo.
No fim das contas, a campanha de MindsEye não é ruim, e dá pra ver diversos pontos legais nela que poderiam ser muito melhores se esse jogo tivesse sido adiado por pelo menos um ano ou dois para que mais coisas fossem implementadas nele, mas como só podemos avaliar um jogo pelo que ele é e não pelo que ele deveria ser, o que podemos dizer é que a campanha de MindsEye, se o jogo não tivesse nenhum defeito técnico, é ok, com algumas missões legais e alguns minigames interessantes, que poderia ser tão melhor se os desenvolvedores tivessem mais tempo para trabalhar nela.
Mas obviamente não é isso o que temos, e infelizmente MindsEye é uma miríade de problemas. O jogo tem uma performance extremamente inconstante e mesmo com um Pc que não é ruim, um Ryzen 7 5800X, 32GB de Ram e uma RTX 2080 Super, eu tive diversos momentos com o jogo funcionando abaixo dos 30 FPS mesmo com o preset do jogo no mínimo e o DLSS em modo Desempenho ou o FSR 3 no mesmo modo (onde eu encontrei um desempenho melhor do que o DLSS).
Não foi numa nem duas cutscenes que rodaram a 7~9 quadros por segundo, o que claramente é um erro do jogo e não do hardware, e em diversos momentos durante o mundo aberto, principalmente usando drones, a taxa de quadros por seguno do jogo ficou abaixo dos 30, um valor minimamente aceitável para jogar jogos.
Além disso, a física do jogo é toda estranha, com carros rodopiando e pulando com pequenas colisões, uma IA extremamente básica de NPCs com personagens e carros se atropelando a todo instante, acidentes acontecendo a troco de nada e assim por diante. Há momentos em que esses acidentes são de propósito, mas com as IAs do jogo bugando a todo instante, fica difícil de saber se o que acabou de acontecer no jogo foi de propósito ou não.
O combate é outro ponto em que MindsEye também deixa a desejar, já que ele é extremamente fácil, com os inimigos morrendo com poucos tiros e você sendo uma esponja de tiros que recarrega a vida se não leva dano por alguns segundos, mas uma coisa que eu achei engraçado foi que o jogo não oferece a possibilidade de você ter uma arma corpo a corpo, e isso foi contornado com a sua pistola tendo munição infinita, só para vocês terem ideia de como eles foram cortando caminhos para lançar o jogo logo.
Graficamente, MindsEye não é um jogo feio e tem uma estética interessante misturando modernidade e Cyberpunk, mas o detalhamento dos modelos acaba no protagonista e nos personagens secundários, o resto acaba sendo meio que ignorado, novamente provavelmente pela falta de tempo.
A trilha sonora do jogo não é ruim e a dublagem também não é ruim, e felizmente MindsEye vem com legendas em português.
Mas e aí, MindsEye vale a pena?
MindsEye talvez fosse um bom jogo se tivesse sido lançado completo, com mais sistemas e atividades, mas esse não é o caso. O jogo está muito mais para um Mafia do que para um GTA, mas fica evidente que ele não estava pronto para ser lançado. É o tipo de jogo para comprar numa promoção muito generosa e daqui uns bons meses, quando o time de desenvolvimento deixar o jogo minimamente jogável, e mesmo assim ele estará bem cru ainda.
Review elaborado com uma cópia do jogo para PC comprada pelo site.
Resumo para os preguiçosos
MindsEye apresenta a história de Jacob Diaz, um ex-soldado com um implante neural misterioso, que tenta desvendar os segredos por trás dessa tecnologia enquanto enfrenta conspirações corporativas, drones hostis e disputas políticas na cidade futurista de Redrock. Apesar de contar com uma ambientação interessante e missões paralelas que exploram memórias e variações de jogabilidade, o jogo segue uma campanha excessivamente linear e acelerada, com pouca liberdade de exploração e um mundo aberto vazio e pouco interativo.
O grande problema de MindsEye está na sua execução: o jogo sofre com sérios problemas de performance, IA quebrada, física inconsistente e bugs frequentes. Mesmo com boas ideias visuais e um estilo que mistura o moderno com o cyberpunk, a experiência é comprometida por um lançamento claramente apressado. MindsEye seria melhor aproveitado após muitos meses de correções — e ainda assim, apenas com um grande desconto.
Prós
- História interessante
- Alguns personagens carismáticos
Contras
- Todo o potencial do jogo é desperdiçado
- Diversos problemas técnicos
- Jogo bastante cru