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Max Payne 3 – Review

Erra o tempo de um pulo. Aperta start e dá Retry na fase. Repete o processo por mais 50 vezes até sair o salto perfeito e conseguir bater o próprio recorde por 0,1 segundo. Esse é o típico jeito de se jogar jogos como Tony Hawk ou Super Meat Boy. São jogos que até são divertidos, mas te movem muito mais pela raiva. A raiva de ter errado te move a tentar de novo. E de novo. E de novo. Até atingir a perfeição dos controles de maneira intuitiva. A raiva do pensamento de “Não posso estar sendo vencido por um videogame!”.

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Max Payne 3 também te faz repetir trocentas vezes a mesma parte do jogo. Mas não por raiva. Nesse jogo é a tristeza, a decepção que te move. Ele chega a te criar um trauma de pensar que TUDO que PODE dar errado, VAI dar errado. E é assim até a última cena do jogo. Tu se sente no fundo do poço, num rio de amargura sem fim. Por um lado a morte iria te aliviar em tudo, mas por saber que se trata de um jogo, sabemos que o protagonista não pode simplesmente morrer, então procuramos uma luz no fim do túnel durante todas as quase 20 horas de jogo.

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Eu não joguei o Max Payne 1 nem o 2, na época meu computador não era tão potente assim pra sustentar um jogo daquela magnitude. Mas sei que logo no primeiro capítulo do jogo primeiro jogo a mulher e a filhinha de Max morrem. No começo do terceiro jogo ele ainda não se recuperou. Na verdade, é possível dizer que a vida dele não existe mais. Agora ele só bebe, fuma e trabalha de segurança pra uma família rica de São Paulo, a família Branco. Sem motivação pra acordar todos os dias de manhã, Max bebe até dormir e espera que, no outro dia, seu amigo Raul Passos o acorde pra mais um dia de trabalho nessa cidade nova.

Aliás, nunca vi uma cidade brasileira tão bem representada, seja num filme, num jogo, num desenho…é tudo muito bem feito! Os arranha-céus, as pixações, o estádio, o aeroporto, as favelas…sim, as favelas! “Ué, mas o jogo não é em São Paulo? Por que aquelas favelas feias, apertadas, nos morros, fedidas, pixadas, com um monte de traficante se isso aqui não é o Rio?” ACORDEM! Esse é um retrato do BRASIL! Querendo ou não, TODAS as grandes cidades do nosso país tem favelas desse jeito. O tráfico não é exclusividade do Rio de Janeiro, o crime se extende por todo o território nacional. E a polícia corrupta também. Aliás, se vocês prestarem atenção, o que toca nas festas não é em grande maioria funk. A trilha sonora do jogo foi feita pelo Emicida, ou seja, grande parte das músicas são de rap. O funk característico do Rio não está nessas favelas, então elas podem ser de qualquer lugar do mundo. A ÚNICA coisa que foi muito mal feita é esse suposto ódio que nós brasileiros teríamos à gringos. Muito antes pelo contrário: TUDO que é feito lá fora é idolatrado, e se o cara fala inglês ele já tem que dar autógrafo, mesmo que ele seja só um eletricista e nunca tenha aparecido na mídia. O jeito como o povo trata o Max como um “gringo de merda” é um retrato totalmente inexistente, erro feio da Rockstar.

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O gráfico do jogo é muito bem feito. A água que escorre dos encanamentos, a zona de matagal fechado em volta do rio Tietê, o estádio do time fictício, as empresas Branco, tudo é muito bem feito, cheio de detalhes. Em alguns pontos achei meio difícil de enxergar certos inimigos, eles meio que se misturavam com o ambiente. Mas aí acredito que seja mais um mérito do que um erro do game. Os traficantes com panos na cara se camuflavam bem no cenário em volta. O meu único problema de gráfico ou jogabilidade era que em certas vezes que eu apertava “Q” pra me esconder atrás de uma cobertura o Max simplesmente travava. Dava pra trocar de arma, girar a câmera, menos se mexer ou atirar. Isso incomodava um pouco, mas depois de um tempo descobrir que, se apertasse “G”, pra fazer ele rolar pra frente, ele saía de trás da cobertura e o jogo voltava a funcionar numa boa. Mas por favor, vamos consertar isso aí, Rockstar!

O som dispensa comentários. Além da trilha sonora do Emicida e dos jargões engraçados dos traficantes, o sistema de dublagem é excelente, apesar de ser meio estranho todo mundo no Brasil falar fluentemente inglês, mas não é algo tão horrível assim quanto em Assassins Creed III e outros jogos que acabam com a cultura local. Aqui os palavrões são bem usados. Não adianta dizer que é apelativo, atire a primeira pedra aquele que conseguiu passar um dia sequer sem um sonoro e glorioso “PUTA MERDA!”.

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O jogo já começa direto em um tiroteio dentro de um estacionamento. Não tem tutorial, não tem introdução, não tem facilidade. É ir na cara e na coragem pra aprender como se joga. No começo do jogo eu destravei vários achievments de tiros nos braços e nas pernas, morri muitas vezes. Mais pro final do jogo aprendi a desperdiçar cada vez menos balas, dando mais tiros na cara. Mas isso não significa que o jogo ficou mais fácil. Tive que reiniciar muuuitos checkpoints até conseguir vencer todos os capítulos. Conforme tu vai morrendo, o jogo vai “facilitando” pra ti. Cada vez que tu tenta de novo o mesmo checkpoint ele vai te dando mais munição e mais remédios. Aliás, os recursos desse jogo são escassos. Acabou o remédio, morreu. Acabou as balas, vai atrás de outra arma, porque não tem arminha de combate corpo-a-corpo. Lembrando que o Max já tem uns 50 anos nesse jogo, então, quando ele cai no chão, não é assim facião pra ele se levantar de volta! Tem que esperar o véio botar os ossos no lugar. E MESMO ASSIM ele consegue, com uma pistola, derrubar 20 nego de AK e 3 de lança-granada.

O sistema de multiplayer é interessante, onde é preciso desbloquear níveis para montar sets de equipamentos mais diversificados e poderosos, e a velocidade é alterada conforme o peso do equipamento carregado. Como sou um zero à esquerda e minha conexão fazia o personagem andar em velocidade ínfima, não posso fazer grandes comentários. Mas pela quantidade de DLC’s disponíveis exclusivamente para o multiplayer, é  certo que é um dos sucessos do game.

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Mas o que mais prende é a história. Até tem as pistas pra serem encontradas em cada fase, que vão contando um pouco mais do que tá acontecendo, e a eterna busca pelas partes douradas das armas. Mas o importante é seguir em frente. Porque o resgate já deu errado. Porque já mataram quem tu queria salvar. Porque a tua boa ação acabou dando em merda. Porque teu amigo te deixou pra trás. Por que tu se fodeu contra uma horda de Crachás Pretos pra salvar uma mulher grávida. A história vai se encaminhando sempre pra uma redenção, e no fim de cada capítulo a merda se instala e ela fica adiada pra o próximo. Quando já parece impossível salvar UM PERSONAGEM QUE SEJA, chega o fim do jogo e tu salva o país que te odeia, sendo o Chuck Norris dos videogames. Tudo dá errado e teu sentimento é de tentar fazer ALGUMA coisa dar certo na vida desse pobre coitado. É nossa responsabilidade fazer algo de bom por ele. Ou virar a madrugada tentando.

Nota final

80
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

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Contras

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