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Marvel’s Daredevil – Review

Marvel’s Daredevil é uma série originada a partir da parceria entre Netflix e Marvel, que se resume em cinco séries exclusivas para assinantes Netflix, sendo quatro delas baseadas em um personagem da Marvel Comics. A estratégia é fazer com que as quatro primeiras séries mostrem a origem, os motivos e como cada personagem luta contra o crime em Hell’s Kitchen, para que na quinta, “Os Defensores”, Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro se unam e formem a equipe.

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Marvel’s Daredevil, como primeira série das quatro, estreou com grandes expectativas do público e com o peso da responsabilidade de que, se fracassasse, arruinaria os outros três shows que ainda iriam ser lançados. Mas felizmente, a série cumpriu seus objetivos e foi além, deixando aquele gostinho de quero mais na boca dos espectadores e abrindo as portas para “Marvel’s A.K.A. Jessica Jones” próxima estreia da Netflix.

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Comecemos então falando sobre o personagem principal, Matthew “Matt” Murdock (Charlie Cox). Matt é um rapaz que ainda na infância sofreu um acidente envolvendo um caminhão com produtos químicos que tiraram sua visão, porém ampliaram todos os seus outros sentidos. Assim Matt é capaz de reconhecer pessoas pelo cheiro, saber quantas pessoas há atrás de uma parede pelo tato, ouvir vozes a quilômetros de distância ou saber se uma pessoa está mentindo ouvindo os batimentos de seu coração. A série mostra todas essas habilidades de Matt sem transformá-lo em um super-humano ou algo do tipo, afinal um dos pontos fortes do show é que ele mantém os pés na realidade, o tempo todo.

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Outro ponto forte do show são os personagens. Nele todos têm uma papel a desempenhar na trama, nenhum está ali por acaso, todos são tão importantes para a construção e continuação do show e às vezes são tão importantes quanto o protagonista.

Dentre os principais temos Foggy Nelson (Elden Henson), melhor amigo e sócio de Matt Murdock. Foggy sempre consente o que Matt diz, apesar de não saber sobre suas habilidades, ele tem um grande senso de justiça, que também Karen Page (Deborah Ann Woll). Karen era uma jovem assustada e vítima de tudo o que acontece em Hell’s Kitchen, até que é salva pelo vigilante e não por acaso é ajudada pela dupla de advogados. Ela então se torna parte da equipe e além de formar um triangulo amoroso com Foggy e Matt é quem mais procura uma maneira de derrubar todo o esquema de corrupção aparentemente perfeito de Hell’s Kitchen e o homem que está por trás dele, Wilson Fisk.

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Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio) é de longe o personagem mais memorável do show. Além da humanidade que está presente no personagem, não permitindo que ele seja visto como um verdadeiro “Rei do Crime” sem coração ou ideais, o show nos apresenta um Wilson Fisk que lembra de certa forma aquele Rei do Crime do desenho do Homem-Aranha (sim, eu sei que você se lembra) que usava um terno branco. Até a forma de lutar do personagem lembra sua versão animada sendo que seus socos, que mais se parecem com braçadas, aparentam ter 200kg, e apesar disso, o show ainda continua com o pé na realidade, pois ele continua um simples humano e a todo tempo é provado que mesmo sendo o “Rei do Crime”, nem tudo está incondicionalmente sob o seu controle e às vezes ele até perde o controle.

Esse aspecto do show manter os pés na realidade, é outro ponto forte. Murdock não bate em criminosos só porque pode e Fisk não é mal porque quer. Todos têm seus motivos de fazerem o que fazem, todos têm ideologias muito bem elaboradas, não há nada do tipo “vou bater naquele cara porque ele é mais forte que todo mundo”, a narrativa é sempre coerente.

A coerência do show também está na escolha do nome e do uniforme do herói e isso começa a ser mostrado logo no primeiro episódio. Matt e seu padre conversam geralmente sobre o que Murdock faz durante as noites e coisas relacionadas a Deus, salvadores, o diabo e quais os contextos aplicados a esses “símbolos” na atualidade. Não pense você que o Demolidor usa um uniforme vermelho com chifres porque Matt Murdock é satanista, ele é católico e o show explica com maestria todo o contexto por trás de seu visual e de seu nome original (Daredevil).

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A série em sua maioria, acontece a noite, hora do expediente do Demolidor, porém o clima sombrio permanece mesmo nas cenas diurnas. Ela também apresenta uma violência maior do que o usual dos filmes e séries da Marvel, nada que faça você rever a janta, mas é realmente violento, o que combina perfeitamente com o que uma Hell’s Kitchen verdadeira ser.

Os combates também giram em torno desse “senso de realidade”. Matt Murdock não é o lutador perfeito, ele apanha, e apanha muito. Apesar de ser superior do que criminosos comuns, Murdock ainda é humano e quando encontra alguém que teve uma preparação de combate igual ou superior à sua, tem sérios problemas. No mais o sistema de lutas flui muito bem, não soa teatral ou surreal. Destaque para uma cena de combate em um corredor de aproximadamente 5 minutos que foi gravada em apenas um take, belo trabalho dos atores. Destaque negativo para uma cena em que Matt leva um choque de Leland (um velho que com certeza tem mais de 70 anos), para alguém que tem sentidos aguçados, ou ele tem déficit de atenção ou sérios problemas mentais.

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Outro destaque negativo no show fica para os flashbacks. Algumas vezes não há uma transição da história real para eles, fazendo com que confundamos o que estamos vendo, se é passado ou presente.

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Os efeitos sonoros do show são aceitáveis apenas, mais rápidos nos momentos de ação, mais devagar nos de tensão, nada excepcional. Se me lembro, há apenas duas músicas realmente cantadas no show, e sinceramente não dão o efeito necessário. Uma delas é usada em um enterro e deveria causar tristeza ou comoção, porém não foi criada uma intimidade tão grande entre personagem e espectador para que tais sentimentos fossem criados nesse momento, apesar de que ela foi inserida no início do episódio, momento perfeito, pois nos faz lembrar imediatamente dos acontecimentos do episódio anterior.

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No geral, Marvel’s Daredevil é uma série que cumpre com tudo o que prometeu e abre as portas para os shows futuros. Tem um sistema de combate muito bem feito e que apesar de quase sempre mostrar o protagonista sendo superior aos demais, ratifica que ele é apenas um humano com sentidos aguçados e que pode levar uma bela surra de ninjas e/ou brutamontes carecas. Explica cada detalhe importante referente ao herói, para que o público entenda seu modo de pensar e até o motivo por ter escolhido seu codinome. Mantém sempre a coerência e o senso de realidade, com uma narrativa que seria aceitável se acontecesse no mundo real.

Resumo para os preguiçosos

Marvel’s Daredevil é uma boa pedida não só para fãs da Marvel ou do herói, mas para amantes de séries do gênero drama/policial/investigativo. Tem elementos muito bem pensados e é coerente em todos os momentos, apresenta personagens marcantes com ideologias que se não nos fazem ficar do lado deles, pelo menos justificam de uma maneira aceitável o porquê eles fazem o que fazem. Tem cenas de combate muito legais e um clima sombrio e mais violento que combina perfeitamente com a cidade de Hell’s Kitchen.

Nota final

95
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Narrativa bem elaborada e sempre coerente
  • Personagens essenciais na trama
  • Baseia-se sempre na realidade
  • Cenas de combate muito bem feitas
  • Retrata perfeitamente o clima de Hell’s Kitchen
  • Provavelmente te fará assistir todos os episódios em um dia

Contras

  • Às vezes não há transição entre a história real e o início de flashbacks (lembranças).
  • Trilha sonora não surte o efeito esperado.
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Rafael Oliveira
Rafael Oliveirahttp://criticalhits.com.br
Rafael Oliveira faz análise de jogos, filmes e séries regularmente para o Critical Hits, além de postar notícias e artigos esporadicamente. Acha que Shadow of the Colossus é o melhor jogo já feito, é fanboy de Steins;Gate e tem um lugar especial no coração para Platformers, RPGs e Metroidvanias.