LUNAR Remastered Collection – Análise – Vale a Pena – Review

Caso o lançamento de LUNAR Remastered Collection não diga muita a coisa a você, não se preocupe. Apesar de a série ter conquistado bastante fãs nos anos 1990 graças a seus lançamentos para SEGA CD, Saturn e PlayStation, ela está há mais de 15 anos sem receber nenhum lançamento — e seu último título inédito já tem mais de 20 anos de idade.

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Na nova coletânea publicada peal GungHo Online Entertainment, a empresa reuniu os dois principais capítulos da série, em sua melhor forma possível. As versões de Lunar: The Silver Star Story Complete e Lunar 2: Eternal Blue Complete são inspiradas diretamente naquelas lançadas para o primeiro PlayStation, que foram aprimoradas de várias formas.

Mas será que isso é suficiente para agradar os fãs das antigas, ao mesmo tempo que atrai uma nova legião de jogadores? Ou será que, mesmo com a remasterização, a série Lunar está condenada a permanecer como uma parte nostálgica da memória de poucos seguidores dedicados?

LUNAR Remastered Collection não mexe muito no que funcionou

O novo projeto da GungoHo Online é uma coletânea que faz o básico para tornar os jogadores antigos da série disponíveis e adaptados aos tempos atuais. Isso significa que a empresa não mexeu muito nas artes originais, embora tenha dado a elas uma resolução maior e adaptado toda a aventura ao padrão de imagens 16:9.

Já em matéria de qualidade de vida, a empresa ajustou o gerenciamento de itens horrível do primeiro jogo, atualizou cenas animadas e dublagens e, mais importante, permitiu acelerar as batalhas. Esse último ponto é o mais importante de toda a coletânea, já que corrige um erro do passado que era capaz de tirar a paciência de muitos fãs.

Embora o combate de Lunar: Silver Star Story e Lunar 2: Eternal Blue seja legal e bastante estratégico, ele é conhecido por ter animações bastante lentas e por lutas básicas que duram tempo demais. Felizmente, o lançamento atualizado corrige isso, e a velocidade intermediária disponível se mostra ideal para aproveitar tudo em um ritmo muito melhor.

Os desenvolvedores da coletânea também fizeram alguns aprimoramentos visuais que são mais questão de gosto pessoal do que algo muito impactante. A qualquer momento, você pode ligar ou desligar os efeitos de pós-processamento, que se traduzem em algumas transparências e borrões de superfícies que não deixam os jogos muito mais bonitos, mas também não fazem eles ficarem mais feios.

Para os verdadeiros saudosistas, LUNAR Remastered Collection permite rejogar os dois games disponíveis em um formato mais próximo do original, sem qualquer uma das melhorias disponíveis. No entanto, nossa experiência com o game mostrou que essa não é a melhor das ideias, já que fica evidente o quanto os títulos envelheceram com o passar dos anos.

Seja qual for sua escolha, os títulos também se beneficiam pelos tempos de carregamento mais rápidos dos hardwares atuais. Isso significa que os longos loadings que podiam acontecer no PlayStation original simplesmente sumiram, mesmo que você não esteja jogando em um console moderno com um SSD interno.

O que vem no pacote?

A LUNAR Remastered Collection traz dois jogos que, embora tenham conexões entre si, podem ser jogados em qualquer ordem. Ambos os títulos disponíveis são baseados nas versões PlayStation 1, que, em si, já eram remakes daquelas lançadas para o SEGA CD e traziam melhorias em relação ao SEGA Saturn.

Em Lunar: The Silver Star Story Complete acompanhamos a jornada do jovem Alex, que sonha em ser um Dragonmaster que nem seu ídolo, Dyne. Junto dos amigos Rasmus e Luna, ele parte em uma aventura para descobrir o refúgio de dragões mágicos que vão tornar seus sonhos possíveis. No entanto, revelações do passado e o verdadeiro destino da deusa Althena vão mudar um pouco seus planos.

Já Lunar 2: Eternal Blue Complete se passa mil anos depois, acompanhando a jornada de Hiro, um jovem caçador de tesouros. Sua vida de confusões muda para sempre quando ele conhece Lucia, uma enviada da Blue Star (um satélite que roda o planeta), que chega com a missão de encontrar Althena. No entanto, o fato de a garota ser marcada como a destruidora de mundos faz com que eles tenham que desvendar um grande mistério relacionado à deusa e o que aconteceu no último milênio.

Mas e a qualidade dos jogos?

Agora que falamos sobre as melhorias que a GungHo Online fez, é hora de voltar nossos olhares para os jogos em si. Nesse sentido, tanto Lunar: The Silver Star Story quanto Lunar 2: Eternal Blue sobreviveram bem à passagem do tempo, contanto que você entenda que eles são produtos típicos de suas eras.

Embora possuam cenas de animação legais e com um estilo de anime dos anos 1990, o game não é totalmente dublado, e seu estilo visual pixelizado pode não agradar quem não cresceu na época. De forma semelhante, os jogos trazem batalhas por turno relativamente lentas, e favorece a repetição e o treino de uma forma que muitos podem considerar frustrantes.

Isso porque, em ambos os games, não há como simplesmente ganhar níveis para passar dos chefes na base da força bruta. A vida dos principais adversários acompanha de forma direta o nível do personagem principal, então subir de níveis demais pode acabar sendo na verdade prejudicial em certos sentidos.

Ao mesmo tempo, você vai querer fazer isso, já que os pontos de ataque e defesa, bem como as magias e habilidades destravadas, são essenciais para matar alguns inimigos. Para completar o lado old school das franquias, até mesmo os inimigos mais simples batem bastante forte e vão sugar seus recursos de cura em questão de poucas batalhas.

Até dá para fugir de uma ou outra delas, mas, a não ser que você se programe bem, qualquer labirinto da série pode parecer uma tarefa intimidadora. Para não se frustrar, é preciso ter uma boa dose de paciência e entender que os games trabalham em uma dinâmica que vai obrigar você a voltar de vez em quando para a cidade para repor seus itens e melhorar seus equipamentos — sem fazer isso, a aventura pode realmente parecer impossível em alguns pontos.

Essas questões são um pouco mais acentuadas no primeiro jogo da série, que pode parecer até mesmo injusto antes de você destravar algumas habilidades mais avançadas. No entanto, elas também permanecem em Eternal Blue, mas o game parece pegar um pouco menos pesado em alguns momentos. Mas isso não quer dizer que ele é fácil ou uma experiência que não exige boas estratégias.

Na prática, dá para jogar os games em qualquer ordem, já que mais de mil anos separam as histórias de cada um deles. No entanto, o segundo tem alguns spoilers sobre momentos importantes da aventura original, então quem decidir encará-lo por primeiro pode acabar descobrindo sem querer algumas surpresas.

LUNAR Remastered Collection vale a pena?

LUNAR Remastered Collection traz dois RPGs clássicos que conseguiram resistir bem à passagem do tempo e que trazem histórias simples, mas que são enriquecidas por seus personagens memoráveis. Enquanto o sistema de combate pode incomodar quem está acostumado com títulos mais recentes, ele continua se destacando por ser bem estratégico e por não ter medo de fazer você passar sufoco.

Talvez o principal problema da coletânea, que também pode ser considerado uma qualidade, é o fato de ele se ater ao básico. Isso significa que, por mais que os gráficos e dublagens tenham sido atualizados, eles foram feitos para emular o máximo o passado, sem grandes modificações. Isso significa, infelizmente, que o game não ganhou nem legendas em português — um pecado para dois jogos com tantos textos e falas.

Também seria bastante positivo caso a GungoHo Online tivesse colocado no pacote o remake do primeiro jogo, que saiu para PSP há mais de 15 anos. No entanto, embora o resgate histórico do título não tenha sido completo e ele tenha os outros defeitos listados, o que temos ainda são dois bons RPGs dos anos 90 que mais do que justificam o carinho que continuam a receber nas últimas décadas.

Jogamos LUNAR Remastered Collection no PS5 com um código fornecido pela GungoHo Online Entertainment.