Lost in Random: The Eternal Die é a mais nova entrada da franquia Lost in Random, e traz uma abordagem inédita ao universo do Aleatório. Desenvolvido pela Stormteller Games, o título aposta agora em uma estrutura rogue-like. Mas será que essa mudança de direção vale a pena? É o que vamos analisar a seguir.

Em The Eternal Die, controlamos Aleksandra, personagem familiar aos fãs da série. Enfraquecida e aprisionada no temido Maldado, sua missão é escapar com a ajuda de Fortuna, seu inseparável dado falante. Para isso, será preciso enfrentar o Tormento, entidade que encarna o próprio Maldado.

Veteranos de rogue-likes vão se sentir em casa aqui. Os mapas são gerados de forma procedural, com encontros únicos em cada tentativa. Derrotas fazem parte do ciclo: ao cair, retornamos ao Santuário, onde podemos interagir com NPCs que funcionam como vendedores e melhoradores de builds — como Aama, responsável por aprimoramentos passivos, e o Arsenal, que vende e evolui armas.
A campanha se desenrola por quatro biomas distintos, cada um com ambientação, inimigos e mecânicas próprias. Para vencê-los, o jogador conta com uma arma principal, escolhida entre quatro opções (espada, arco, lança e martelo), cada uma com estilo próprio de combate e duas formas de ataque: padrão e carregado. Essas armas possuem trilhas de melhoria específicas, das quais só uma pode ser equipada por vez.
Além das armas, temos as Cartas, que funcionam como habilidades especiais obtidas aleatoriamente durante as runs. Com um total de 15 cartas, seus efeitos variam bastante — desde ataques de envenenamento até orbes de dano em área — e exigem energia para serem ativadas, recurso que se acumula ao acertar inimigos. Usá-las no momento exato, sinalizado por um brilho sobre Aleksandra, potencializa seus efeitos.
O dado Fortuna também entra em combate. Ao ser lançado, ele causa dano em área proporcional ao número obtido. Fortuna pode ser melhorado com relíquias, itens usados na construção da build.
As relíquias são a base da construção de build em cada tentativa, funcionando como os itens que moldam o desempenho da Aleksa. Elas são obtidas nas Arcas de Pérolas, liberadas ao final dos confrontos, ou compradas na loja da Mannie, a NPC encontrada antes dos chefes durante as runs. Cada relíquia possui um efeito específico, e o jogo conta com um total de 128 relíquias únicas, garantindo muita variedade de combinações e estratégias.

Além do efeito principal, cada relíquia traz uma ou mais cores associadas a atributos específicos, divididos entre: Armas, Cartas, Dados, Conjurações e Sorte. Ao alinhar três relíquias da mesma cor — seja na horizontal ou vertical — o jogador recebe bônus de dano na categoria correspondente. Por exemplo, alinhar três relíquias vermelhas concede um aumento de 50% no dano da arma principal.
Depois de ter o bônus ativado, a relíquia perde a cor correspondente, mas mantém a outra, caso seja uma relíquia de cor dupla. Também é possível encontrar tinturas que permitem pintar uma relíquia com uma nova cor. Diferente das relíquias, as pérolas se quebram após o uso: ao equipá-las em um slot de relíquia e completar uma linha, elas são destruídas, e apenas o bônus permanece ativo. Isso, no entanto, não representa uma perda, já que as pérolas não possuem efeitos adicionais além do bônus concedido.

Ao longo da campanha, os confrontos são os principais obstáculos. Cada confronto ocorre em salas onde o jogador precisa eliminar todos os inimigos antes de prosseguir. Essas são as maiores salas de cada bioma, com entradas e saídas bloqueadas até que todos os inimigos sejam derrotados. Ao vencer, a recompensa varia entre Arca de Pérola, tintura, poção de vida, moedas, Brasas ou Pó de Potinho — os três últimos compondo a economia do jogo.
Além dos confrontos, há salas de armadilhas, com percursos repletos de perigos como bolas de fogo ou espinhos, exigindo reflexos para evitar dano. Também existem salas especiais, onde encontramos Rollins Apostador, um NPC que oferece minijogos de dados com recompensas úteis. Já a loja de Mannie surge antes da saída de cada bioma, garantindo uma última chance de fortalecer a build antes da próxima etapa.
Ao concluir um bioma, o jogador é levado à sala do chefe, que é onde o jogo mais acerta. Cada chefe possui mecânicas e visuais únicos, além de relações que contribuem com a história de Aleksandra. Derrotá-los se torna cada vez mais gratificante, à medida que melhoramos nossa build.
Após a primeira vitória, desbloqueia-se uma nova camada de dificuldade, semelhante ao sistema de Células-Tronco de Dead Cells. Nessa modalidade, os inimigos se tornam mais agressivos, e os chefes ganham ataques inéditos. Esse recurso estende significativamente a vida útil do jogo, sendo uma adição valiosa para quem busca novos desafios no pós-jogo.

A economia é dividida em três tipos de moedas: as Moedas de Ouro, gastas apenas durante a run nas lojas e desafios; as Brasas, utilizadas para desbloquear e melhorar armas com o Arsenal; e o Pó de Potinho, necessário para aprimorar as dádivas permanentes com Aama.
As dádivas funcionam como modificadores ativos, com efeitos distintos em cada lado. À medida que acumulamos Pó de Potinho, novos Tiers de dádivas são desbloqueados. No entanto, apenas um lado pode ser ativado por vez, exigindo escolhas estratégicas. Por exemplo, uma mesma dádiva pode aumentar o alcance de coleta de Fortuna ou permitir recolhê-la à distância após um tempo de recarga. Cabe ao jogador escolher qual efeito melhor se encaixa em seu estilo de jogo.

Visualmente, The Eternal Die mantém o estilo carismático da série. Os biomas têm identidade própria, com cenários que vão de castelos e pântanos a regiões nevadas. Os inimigos se integram bem a cada ambiente, reforçando a coesão do mundo. A trilha sonora, embora discreta, complementa bem a ambientação e nunca soa deslocada.
O jogo chega totalmente legendado em português, com dublagem em inglês de qualidade. Destaque para a performance de Aleksandra, cuja voz carrega boa parte da carga emocional e narrativa da campanha.
Mas e aí, Lost in Random: The Eternal Die vale a pena?
The Eternal Die é uma adição corajosa e bem-sucedida ao universo de Lost in Random, apostando em um novo gênero sem perder a identidade da série. Com boas ideias, ótimo combate e excelente apresentação visual, o jogo é uma ótima pedida tanto para fãs da franquia quanto para amantes de rogue-likes em busca de algo estiloso e original.
Review elaborado com uma cópia do jogo para PS5 fornecida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Lost in Random: The Eternal Die combina a estética peculiar da franquia com mecânicas sólidas de rogue-like, oferecendo uma experiência variada e com um bom fator de replay. O combate é estratégico, a construção de builds é rica, e os desafios são justos e criativos.
Prós
- Combate divertido.
- Chefes memoráveis.
- Belos visuais.
- Enorme variedade de builds.
Contras
- Poucas armas principais.
- Poucos biomas.