A história de Hugh Jackman no papel de Wolverine chega ao seu último capítulo com Logan, filme que fecha a trilogia solo do herói com chave de ouro e prova como um filme do X-Men deveria ser feito. Você só se lembrará de X-Men Origens: Wolverine e Wolverine Imortal se for para recordar os erros dos dois filmes, Logan não pode ser comparado com eles, o filme está em um nível totalmente diferente – diferente até do que todos os filmes da franquia X-Men -, causa uma mistura de sensações e mostra que a Fox finalmente está acertando a mão nos filmes – uma pena ela ter errado tanto no caminho para chegar até aqui.
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Logan tem objetivos diferentes do costumeiro “efeitos visuais de encher os olhos” ou “batalhas alucinantes cheias de fan service”. O primeiro ato do longa serve para deixar isso bem claro, destacando detalhadamente como tudo está diferente do que estamos acostumados. Wolverine não é mais o mutante ameaçador e praticamente indestrutível do passado, é um velho manco alcoólatra cheio de cicatrizes que nem as próprias garras consegue mostrar direito; Charles Xavier (Sir Patrick Stewart) não é mais o diretor imponente do Instituto Xavier para Jovens Superdotados, é um nonagenário que sofre de convulsões e já está com um pé na cova.
Não só os dois maiores mutantes dos X-Men que conhecemos mudaram, mas todo o mundo em que eles viviam. O último mutante nasceu 25 anos atrás; o grupo de super-heróis já não existe mais; o objetivo não é mais salvar o mundo, mas sim comprar um iate para “fugir do mundo”. Estas diferentes levantam uma série de perguntas, e Logan é muito competente ao responder cada uma delas a seu tempo e preencher quase todas as lacunas no roteiro.
Essa mudança toda que o filme apresenta facilita muito nossa aceitação à classificação de Logan para adultos, e todo o gore que vem junto com ela. “Brutal” é a palavra que melhor descreve todas as cenas de ação, que são ótimas de se ver e nos fazem questionar o porquê de não terem dado esse passo antes (claramente Deadpool serviu como teste para a implantação dessa brutalidade). Logan se aproveita de não ser um filme voltado para crianças e entrega MUITO sangue nas carnificinas – não podemos chamar isso de combate – em que Wolverine e Laura (Dafne Keen) participam, incessantes palavrões e até um topless gratuito.
Laura é uma garotinha adoravelmente perigosa que conquista todos os espectadores com pouco tempo de tela e literalmente nenhuma palavra, apenas com ações simples como comer cereais, encarar e cortar membros. Sua personalidade lembra bastante a de Logan, assim como seus poderes que são quase idênticos aos do nosso mutante. Se você ainda não conhecia X-23, não se preocupe, o filme faz uma introdução mais que perfeita para a personagem – que muito provavelmente dará as caras outras vezes nas telonas.
Laura rouba a cena em quase todos os momentos que está presente na tela e suas interações com Charles e Logan são o melhor do filme de longe. Patrick Stewart e Hugh Jackman, aliás, estão sintonizados como nunca e suas interações no filme vão do hilário ao emocionante com uma naturalidade que não foi vista em nenhum filme dos X-Men.
Os três personagens são tudo o que o filme precisa e este é um dos pontos mais fortes do filme. Claro, temos outros personagens importantes no elenco como Caliban (Stephen Merchant) e o líder dos Invasores Donald Pierce (Boyd Holbrook), mas o trio é quem oferece todas as experiências memoráveis de Longa, quem realmente causa impacto e vai deixar saudades.
O filme faz questão de dar destaque a quem importa e coloca vilões que estão ali apenas para ser um obstáculo no caminho dos protagonistas. Nenhum deles é de fato memorável, e isso é muito bom, já que o tempo que poderia ter sido gasto no desenvolvimento destes personagens é usado para coisas muito mais importantes.
Logan tem personagens sensacionais e brilha nas cenas de ação, mas é claro que não é perfeito. Eu sempre prezo por filmes que são autossuficientes, que entregam ao espectador tudo aquilo que ele poderia esperar e coloca todos os pontos nos seus respectivos is, e Logan peca justamente nesta parte. Mesmo explicando a maioria absoluta dos acontecimentos e de tudo que poderíamos querer saber, o longa acaba deixando algumas lacunas que poderiam ter sido preenchidas para não só sanar dúvidas, mas enriquecer o roteiro que não é nenhuma obra prima.
Alguns destes detalhes poderiam ser até abordados em uma HQ prequel, algo que a Marvel Studios tem o costume de fazer, diferente da Fox. Algumas outras coisas, como a relação entre Logan e Laura, também poderiam ter sido exploradas mais a fundo.
E mesmo com alguns erros, Logan ainda consegue nos impactar de uma forma que nenhum filme dos X-Men conseguiu até hoje. Os fãs mais sentimentais do mutante certamente irão às lágrimas e os até mais resistentes sentirão a carga de emoções que o filme provoca. É um filme sério que nos faz rir, algo diferente no gênero de super-heróis que já vem ficando saturado com as mesmas abordagens – salvas algumas exceções.
Hugh Jackman entrega sua melhor performance em Logan, na pele do personagem que não só o consagrou, mas que também tornou-se referência sempre que pensamos ou falamos o nome dele. Logan deixará saudades, o filme é o final definitivo para o personagem e mesmo com tantos erros pelo caminho, é um encerramento que não poderia ser melhor.
Resumo para os preguiçosos
Logan é o final definitivo da história de Hugh Jackman como Wolverine que é muito mais do que um filme de super-herói. Partindo de uma premissa diferente de todos os demais filmes dos X-Men, Logan é único em vários pontos e brilha com suas cenas de ação lindas e brutais repletas de sangue e as interações do elenco que causam um misto de emoções no espectador. Não é um filme perfeito, mas é surpreendente por entregar algo que não esperaríamos ver no gênero.
Não conta com cena pós-créditos.
Prós
- Ação intensa e brutal
- Elenco e atuações brilhantes
- Premissa que foge do habitual
- Emocionante e divertido
Contras
- Deixa alguns detalhes da narrativa de lado
- Relação entre Logan e Laura poderia ser melhor explorada