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Like a Dragon: Infinite Wealth – Análise – Vale a Pena – Review

Na vida, existem três certezas incontestáveis: a infinitude do universo, a estupidez humana e a garantia de que a Ryu Ga Gotoku Studio lançará, no mínimo, dois jogos baseados na série Yakuza anualmente. Mesmo com a recente mudança de nome da série Yakuza, a essência da série permanece intacta e Like a Dragon: Infinite Wealth segue mantendo o legado da série impecavelmente.

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Se você já teve a oportunidade de ler qualquer análise minha sobre outros jogos da série, sabe que sempre começo falando como Yakuza é na verdade, um sucessor espiritual de Shenmue. Porém, sem toda a pompa, garbo e elegância do original – e com certeza contando com apenas um décimo do orçamento também. A ideia era criar uma espécie de jogo de pancadaria, com enredo digno de um filme hollywoodiano. A ideia deu certo em partes, já que o jogo foi um tremendo sucesso no Japão e acabou conquistando o ocidente nos últimos anos. No entanto, o enredo acabou descambando de algo digno de Hollywood para uma grande novelona, com todos os absurdos e reviravoltas que se pode esperar de uma mudança como essa.

Com o tempo vimos que esse estilo novelão acabou se tornando um dos maiores atrativos do jogo, e Like a Dragon: Infinite Wealth, assim como seu antecessor, se jogam de cabeça nesse estilo de narrativa, apresentando uma quantidade absurda de momentos inesquecíveis e inacreditáveis, que só fazem sentindo dentro da série.

Like a Dragon: Infinite Wealth continua a história de Ichiban Kasuga, logo após a dissolução de todos os clãs Yakuza do Japão. Na verdade, um dos méritos do jogo é conseguir dar continuidade à uma história que parecia ter sido encerrada perfeitamente no jogo anterior, dando à Ichiban uma nova motivação para enfrentar uma aventura absurda, dessa vez em território internacional.

Antes de cairmos de cabeça nos detalhes mais profundos de Like a Dragon: Infinite Wealth, tenha ciência de que vamos abordar spoilers neste review. Se você não jogou nada desde Yakuza 6! Tome cuidado, pois uma hora ou outra vamos acabar tocando em algum ponto que pode acabar estragando completamente a sua experiência, caso não tenha terminado os jogos anteriores. Sendo assim, considere-se avisado.

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Reprodução: SEGA

Como mencionado anteriormente, Like a Dragon: Infinite Wealth continua os eventos do jogo anterior ao mostrar Ichiban Kasuga se esforçando para ajudar o máximo de ex-yakuzas possível a terem uma vida digna fora da máfia. As coisas vão indo bem até Kasuga ser vítima de uma notícia falsa que muda completamente sua vida. Ele que antes era visto como uma espécie de herói e salvador dos necessitados, passa a ser visto como um pária explorador.

Vendo sua vida ruim, Ichiban decide se reunir com seus antigos companheiros, que também foram afetados pela notícia falsa, na tentativa de resolver o mau entendido na base da boa e velha pancadaria. O resultado: Ichiban acaba recebendo uma proposta para visitar o Havaí, com objetivo de conhecer sua mãe, e é assim que pela primeira vez na história, um jogo da série se passa fora do Japão.

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Reprodução: SEGA

Apesar de parecer simples e rápido, os eventos acima demoram um bom tempo para se desenrolar, e fazem com que Like a Dragon: Infinite Wealth tenha uma excelente introdução. Na verdade, a forma como Infinite Wealth aborda da queda de Kasuga, faz com que você comece essa nova aventura sem sentir falta de pontas soltas na história. É como se todo o enredo que faz com que Kasuga precise começar tudo de novo outra vez, passasse a fazer mais sentido através da introdução do jogo.

Ao chegar no Havaí, Kasuga acaba descobrindo que sua mãe esta desaparecida e que todas as máfias da ilha também estão atrás dela, por algum motivo. Depois de se meter em uma série de confusões inacreditáveis até mesmo para os fãs mais inveterados da série, Kasuga acaba conseguindo formar um pequeno grupo de companheiros dispostos à ajuda-lo na sua missão. Um destes amigos, é ninguém mais, ninguém menos do que o próprio Kazuma Kiryu, o lendário Dragão de Dojima, que teve toda sua jornada pós Yakuza 6 contada em Like a Dragon Gaiden.

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Reprodução: SEGA

Aqui precisamos parar para enfim analisar um dos pontos que considero mais legais de Like a Dragon: Infinite Wealth. Toda a premissa da série protagonizada por Ichiban Kasuga era de “aposentar” a série original e finalmente dar descanso para Kiryu, após anos de trabalho. O primeiro jogo, inclusive, apresenta cenas onde fica claro que Kiryu está passando a tocha para Kasuga, e que se sente feliz por isso.

Tudo dá a impressão de que Kiryu não vai mais dar as caras e do nada, ele acaba como um personagem jogável de Like a Dragon: Infinite Wealth. Acredite, caro amigo leitor, eu gostaria muito de abordar os motivos que fizeram com que Kiryu desse as caras por aqui. Todavia, mesmo avisando lá em cima que este texto conteria spoilers, acredito que seja mais adequado deixar o jogador entender e presenciar por si só porque Kiryu esta de volta. Vai por mim, vai valer a pena.

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Reprodução: SEGA

Like a Dragon: Infinite Wealth também continua mantendo o mesmo estilo do jogo anterior, oferecendo uma nova dinâmica de combate baseada em turnos ao invés da já conhecida pancadaria desenfreada em tempo real dos jogos anteriores. Além dos turnos, o jogo também apresenta um competente sistema de posicionamento, onde cada personagem pode obter benefícios diferentes dependendo da posição em que se encontra durante seu ataque.

Pegar um inimigo desprevino pelas costas gera mais dano, mas nada é mais legal do que conseguir posicionar seus personagens de maneira que após o primeiro ataque ele acabe quicando em outro companheiro e continue apanhando em uma verdadeira roda gigante de socos e chutes.

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Reprodução: SEGA

Like a Dragon: Infinite Wealth continua justificando alguns aspectos do jogo como uma espécie de delírios de Ichban. Por exemplo: em algumas lutas os personagens parecem sofrer mudanças na sua aparência, algo que parece acontecer somente para Kasuga. O jogo justifica isso como se a imaginação do personagem o fizesse acreditar que inimigos e companheiros mudem suas aparências de acordo com a situação, o que justificaria, por exemplo, porque um idoso comum se tornaria uma verdadeiro brutamontes ao final de uma dungeon.

O jogo também conta com um competente sistema de ocupações, que funcionam de maneira muito similar à jogos como Dragon Quest e aos Final Fantasy clássicos. Estas ocupações que antes eram desbloqueadas em uma agência de empregos no primeiro jogo, agora podem ser obtidas em uma agência de turismo, onde vemos os personagens desbloqueando novas ocupações após viverem experiências únicas no Havaí.

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Reprodução: SEGA

Também não é segredo pra ninguém que Yakuza sempre se destacou pelos seus minigames. Na maioria das vezes, estes minigames resumiam-se à jogos antigos da Sega disponibilizados dentro do próprio Yakuza, quando se jogava em um fliperama dentro do game. Mas o que Like a Dragon: Infinite Wealth faz com os minigames é realmente fora da curva e digno de ovações.

Agora você não tem apenas acesso à alguns minijogos originais nos fliperamas, como também pode “reviver” grandes experiências em atividades secundárias. Por exemplo, em determinado momento do jogo é dito que o grupo de Kasuga precisa ganhar dinheiro e que uma boa alternativa para se levantar capital seria realizando entregas pela ilha. Até ai tudo bem, nada demais parece ser capaz de sair desta premissa. Contudo, ao chegar no local e iniciar a atividade de entrega, você percebe que ela é nada mais nada menos do que uma adaptação de Crazy Taxy dentro Like a Dragon: Infinite Wealth!

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Reprodução: SEGA

Apesar das limitações deste tipo de atividade, a experiência como um todo é muito satisfatória e divertida. Parte disso se dá pelo fato de Like a Dragon: Infinite Wealth abraçar o absurdo e se permitir não se levar tão a sério. Essa mistura balanceada entre momentos verossímeis e de completa galhofa, são o que tornam a maioria dos momentos de Like a Dragon: Infinite Wealth simplesmente inesquecíveis.

O jogo conta com muitas atividades secundárias, mas outra que também merece destaque são as batalhas sujimon. Não é preciso ir muito longe para perceber que ela se inspira em Pokémon, mas em Like a Dragon: Infinite Wealth, ao invés de você botar monstros para brigarem entre si, você coloca pessoas esquisitas e peculiares para trocar socos sob seu comando. Tudo isso de maneira “regulamentada”, e acredite ou não, você pode até mesmo caputar sujimons depois de descer o sarrafos neles e convence-los a te seguir por ai.

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Reprodução: SEGA

Em termos visuais, Like a Dragon: Infinite Wealth também é um espetáculo. O jogo permite que você explore uma pequena parte do Havaí e que possa, inclusive, tomar um refrescante banho de mar. Mas o que mais impressiona mesmo é a disposição e a construção do mapa, que praticamente convida ao jogador a explorar tudo nos mínimos detalhes.

Cada localidade contém itens escondidos, sendo alguns destes comuns e quase sem valor, enquanto outros podem ajuda-lo a melhorar suas armas ou a arrecada um bom dinheiro. Sendo assim, se prepare para explorar o Hawai de cima abaixo, de uma forma muito mais divertida do que qualquer jogo anterior.

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Reprodução: SEGA

Like a Dragon: Infinite Wealth também conta com as tradicionais quests secundárias de sempre, mas bem mais parecidas com as do jogo anterior do que aquelas que ficamos acostumados ao longo da série. Agora, a maioria das quests possui uma sequência e exige uma série de interações antes de enfim recompensar o jogador. Algumas dessas quests são bem chatinhas e possuem muito, mas muito diálogo. Mas, ainda assim, vale a pena conclui-las.

Outro ponto de destaque de Like a Dragon: Infinite Wealth é seu tamanho que beira o absurdo. O game é gigantesco em termos de conteúdo, e se formos considerar a quantidade de atividades secundárias que ele oferece, chegamos a conclusão de ele provavelmente seja o maior jogo da Ryu Ga Gotoku Studio até hoje. O jogo é tão grande, que já escrevi uma tonelada de palavras nesta análise e acredito não ter abordado sequer 10% de tudo que ele tem a oferecer.

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Reprodução: SEGA

O que você precisa saber é o seguinte: Like a Dragon: Infinite Wealth é um jogo incrível, divertido e ousado, que apresenta tudo aquilo que Yakuza nos fez familiar, de maneira nova, remodelada e atualizada. É literalmente a sequência de uma das melhores e mais lendárias séries de todos os tempos, que consegue mostrar novas ideias ao mesmo tempo em que sustenta tudo aquilo que tornou a série um sucesso ao longo dos anos.

Like a Dragon: Infinite Wealth está longe de ser perfeito, não é um jogo que se leva a sério e provavelmente não é o tipo de jogo que possa ser apreciado por todo mundo. Ainda assim, é um dos melhores lançamentos até agora e impressiona pela quantidade de conteúdo – ainda mais se formos considerar a quantidade de projetos paralelos conduzidos pela desenvolvedora ao mesmo tempo.

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Reprodução: SEGA

Se você não sabe se consegue seguir adiante na série após o fim de Yakuza 6, saiba vale a pena dar uma chance. A mistura entre Dragon Quest e Yakuza é tão boa que surpreende e tenho certeza de que Kasuga vai conquistar seu coração mesmo sendo o completo oposto de Kiryu, vai por mim.

Resumo para os preguiçosos

Yakuza Like a Dragon: Infinite Wealth é uma continuação da renomada série Yakuza, seguindo a história de Ichiban Kasuga após a dissolução dos clãs Yakuza no Japão e expandindo a narrativa para novos territórios, incluindo o Havaí. O jogo mantém o estilo “novelão” característico da série, com uma trama repleta de reviravoltas e momentos inesquecíveis. Com uma mudança para um sistema de combate baseado em turnos, o jogo oferece dinâmicas inovadoras, mantendo a essência de Yakuza, mas trazendo novidades como um sistema de ocupações e minigames criativos.

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Este título se destaca por sua narrativa envolvente, que equilibra drama e humor, e por seus visuais impressionantes, explorando o exótico cenário do Havaí com riqueza de detalhes. O retorno inesperado de personagens icônicos, como Kazuma Kiryu, adiciona uma camada de nostalgia e surpresa. No entanto, a experiência é marcada por desafios técnicos e algumas escolhas de design questionáveis, que podem não agradar a todos os fãs da série.

Nota final

90
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  1. Narrativa Atraente: História envolvente com reviravoltas e momentos memoráveis.
  2. Visuais Deslumbrantes: Representação detalhada e viva do Havaí.
  3. Sistema de Combate Inovador: Introdução de combates baseados em turnos com dinâmicas estratégicas.
  4. Personagens Carismáticos: Retorno de personagens amados e introdução de novos.
  5. Minigames Criativos: Atividades secundárias divertidas e variadas, incluindo adaptações de clássicos como Crazy Taxi.
  6. Grande Volume de Conteúdo: Abundância de missões secundárias e atividades exploratórias.

Contras

  1. Algumas Quests Tediosas: Missões secundárias com excesso de diálogo e menos ação.
  2. Tamanho Excessivo: O vasto conteúdo pode ser esmagador e diluir a experiência principal.
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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.