Life is Strange: Wavelengths é a DLC de Life is Strange: True Colors, lançada no dia 30 de setembro. O jogo traz Steph Gingrich como protagonista e aborda os acontecimentos anteriores à história principal. A DLC era tão esperada pelos fãs quanto o título original, principalmente pela possibilidade de jogar com Steph e a relação da personagem com Arcadia Bay e nomes como Chloe Price e Rachel Amber, do primeiro jogo da franquia. Porém, será que Life is Strange: Wavelengths supriu as expectativas?
Antes de começar sua jornada, aparecem duas perguntas na tela: Você jogou o primeiro Life is Strange? e Você escolheu salvar Arcadia Bay? As questões já empolgam logo de cara, visto que até hoje, o primeiro game da franquia da Square Enix é considerado um dos melhores (se não o melhor) da série. Então, você embarca na história de Steph um ano antes da chegada de Alex Chen à Haven Springs.
Durante todo o jogo, você ocupa somente o espaço da loja de discos e da cabine da rádio. Embora o cenário fique um pouco diferente a cada estação do ano, o que indica o apego de Steph com o lugar, ainda sim é um pouco incômodo, ainda mais para quem amou a experiência de explorar Haven e as paisagens naturais da cidade. Além disso, a protagonista não tem muito o que fazer a não ser atender ligações e ler anúncios – e mesmo que a interação dela com os ouvintes seja divertida, visto que ela é a “DJ vidente”, a dinâmica lembra bastante a de Killer Frequency, um simulador de rádio onde você atende as pessoas e tenta salvá-las de um serial killer.
A DLC também decepciona quando comparada à Before the Storm, que de modo geral trouxe um conteúdo muito mais rico. Se em Before the Storm você realmente vivenciava a história de Chloe e tinha objetivos para cumprir, escolhas para fazer e troféus para ganhar, em Life is Strange: Wavelengths você apenas… está ali. A vida de Steph é sempre contada através de memórias que nunca aparecem (você só ouve os diálogos, mas não assiste aos momentos) e grande parte das suas tarefas envolvem o seu trabalho na loja e no rádio, o que pareceu um desperdício para uma protagonista tão interessante e querida mesmo antes do lançamento de True Colors.
Com esses pontos em mente, é importante ressaltar também os aspectos positivos. Se em True Colors tivemos a rede social My Block, que não acrescentou muito ao jogo, em Wavelengths ganhamos algo muito mais legal: um aplicativo de namoro, onde você pode deslizar para a direita e para a esquerda, dar match com algumas pretendentes e realmente iniciar uma conversa com essas personas que são apresentadas. A escrita das mensagens não só é muito bem feita, já que inclui gírias e abreviações que um jovem usaria, como também acrescenta o uso de linguagem neutra, o que mostra mais uma vez o quão inclusivo são os títulos da franquia.
As menções ao primeiro Life is Strange também são muito bem-vindas. Além disso, há também a presença de Mikey North, que apareceu em Before the Storm e segue como o melhor amigo de Steph. O foco que o jogo dá à sexualidade da protagonista também é interessante, já que contribui para entender a importância disso na vida de Steph; o quanto “se assumir” mudou a vida dela, o quanto ela é uma inspiração para outros, etc.
Não podemos ignorar, ainda, o “desfecho” dado ao primeiro LiS. Se você escolheu salvar Arcadia Bay, por exemplo, presenciará Steph se lembrando do dia em que Chloe foi morta com um tiro na escola. Ela ouvirá as sirenes da polícia e da ambulância, se recordará da sensação de descobrir a morte da amiga, falará sobre ela e Rachel para Mikey, entre outros diálogos cativantes. Se você queria saber um pouco “mais” do que aconteceu após o primeiro jogo, terá esse gostinho com a DLC de True Colors.
Mas e aí, Life is Strange: Wavelengths vale a pena?
De modo geral, Wavelengths é um título válido para os fãs da franquia e para quem se apaixonou por Steph em True Colors. O jogo tem algumas novidades e apresenta um outro lado da protagonista, mais íntimo, assim como citações a outros personagens já conhecidos do primeiro Life is Strange, o que proporciona um clima nostálgico. Entretanto, a sensação é de que Steph merecia muito mais do que um game que se passa somente em um cenário e não mostra nada do que já não tínhamos visto antes – todas as memórias são reproduzidas através de diálogos, sem nenhuma cena de fato. Gabe, Ryan, Charlotte; nenhum morador de Haven Springs aparece, somente no celular de Steph.
Review elaborado com uma cópia do jogo para PlayStation 4 fornecida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Life is Strange: Wavelengths tem uma boa premissa e um potencial gigante, mas sua execução foi bastante superficial. Parte da experiência dos títulos da franquia é, justamente, mergulhar nas histórias dos personagens, o que nessa DLC foi feito de forma rasa, já que não há nenhuma escolha grande a se fazer ou coisas para se mostrar. Algumas dinâmicas empolgam, há novidades que não foram vistas em True Colors, mas não é nada próximo da densidade do jogo principal – o que é um pouco triste, já que Steph merecia muito mais do que foi apresentado.
Prós
- As menções ao primeiro Life is Strange trazem um sentimento nostálgico
- O aplicativo de namoro da Steph proporciona interações bem divertidas
- Dar uma de “vidente” é interessante
- A inclusão não é só necessária, como também deixa a narrativa da personagem muito mais rica
Contras
- Faltou a experiência pesada e envolvente que os títulos da franquia proporcionam
- O que é interessante na cabine de rádio já foi feito, de um modo bem parecido, em outro game
- Nenhum outro personagem de fato aparece (Mikey North faz uma “ponta” por meio de uma videochamada). Então, se você tinha curiosidade de conhecer a ex de Steph, ou rever Gabe ou Ryan, pode esquecer
- Mesmo sendo uma DLC, ainda sim é curto demais para o tamanho de Steph em True Colors