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Layers of Fear – Review

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Entro em um quarto pequeno. A minha frente há apenas uma parede branca, iluminada por uma luz fraca. Olho para a esquerda – a cena se repete. Viro para a direita, e vejo mais uma parede, idêntica as outras. Frustrado, resolvo voltar para a porta; só que ela não está mais lá. No lugar dela, há um longo corredor, tão escuro quanto o quarto, com quadros sinistros de ambos os lados e apenas uma porta no final. De lá, posso ouvir o choro distante de uma mulher.

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E só consigo pensar em uma coisa: “Eita caralho”.

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Layers of Fear é um jogo de terror em primeira pessoa desenvolvido pelo estúdio polonês Bloober Team e lançado pela Aspyr Media para PC, Xbox One, e PS4. Nele, você controla um pintor virtuoso que viu sua vida ruir após uma tragedia familiar, levando-o à loucura. De volta à sua mansão, ele tentará recobrar sua sanidade ao finalizar aquela que acredita ser sua obra-prima.

Para ajudá-lo a concluir esta tarefa, o jogador deve explorar a casa em busca de pistas sobre o seu passado. Recados escritos a mão, recortes de jornal, desenhos, e alguns outros objetos, ajudam a recontar a tribulada história da família. Cada corredor e cada cômodo da mansão se reconfiguram a todo momento, transformando-a em um enorme labirinto, e guardam algum desafio para prosseguir na história – como resolver um puzzle simples envolvendo códigos de cadeados, ou apenas olhar para uma determinada parte do cenário.

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A movimentação do personagem se resume a andar pela casa, abrir portas, vasculhar gavetas, e coletar itens. Não há um inventário para gerenciá-los, apesar de alguns deles serem colecionáveis. Mesmo com as mudanças em tempo real do cenário, em nenhum momento eu me senti perdido; o jogo é bem linear, lhe dando dicas sobre como prosseguir, seja pela iluminação, pelos sons, ou trancando as portas que você acabou de passar.

Como em qualquer jogo de terror, tudo está envolto em um ambiente sombrio e amedrontador. Objetos que se destroem sozinhos, quadros que derretem e se deformam (alguns são versões de quadros famosos do pintor espanhol Francisco Goya), luzes que se apagam, bonecas que ganham vida, e até a tradicional “noite de tempestade”, são alguns dos elementos recorrentes que compõem o clima de “mansão mal-assombrada” do jogo. Elementos estes que, por sinal, são muito bem posicionados para atrair sua atenção para que, numa virada de olhar mais desatenta, você corra o risco de borrar suas calças em um belo jumpscare (aquele clássico momento em que você não está prestando atenção e PUTA QUE PARIU MEU DEUS O QUE FOI ISSO).

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É uma pena que estas situações se repitam tanto que eu acabei me acostumando com os sinais que antecediam os sustos. Apesar da primeira hora ser realmente fantástica e te deixar o tempo todo com medo de olhar para trás, isto tirou um pouco do impacto do “terror” do jogo. Mas, de certa forma, acabou me ajudando a pensar melhor no que eu entendi como sendo a verdadeira proposta do game . E ela não é simplesmente te assustar.

Em Layers of Fear, o protagonista passa por um intenso momento de conflito com o seu passado. Cada porta que o jogador abre ou cada corredor escuro que ele evita, é uma decisão que influencia no desenrolar da história (inclusive no final, que possui três versões), e serve como uma metáfora sobre como o próprio pintor encara os seus problemas. A decisão fica nas mãos do jogador: o personagem deve encarar os seus medos – sejam eles um fantasma de uma mulher que chora ou a sua própria obra-prima – ou ignorá-los, como sempre fez consigo e com a sua família?

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Se não houvessem tantos problemas técnicos, Layers of Fears poderia ter sido uma experiência muito mais satisfatória (e assustadora). No Xbox One, a queda de framerate é irritantemente constante, podendo ser vista logo na primeira cena. Abrir gavetas sobrepostas não é uma tarefa fácil, já que a precisão da área necessária para acionar o movimento é muito pequena. E, no meu caso, tive que recomeçar o jogo duas vezes por ter perdido meu save ao voltar para o menu principal, sem nenhum motivo aparente.

Layers of Fear pode não ser tão assustador quanto se espera, mas é, sem dúvidas, um jogo de terror decente. Possui um belo visual e uma ambientação realmente sombria, muito bem suportada por uma excelente edição de som e uma boa trilha sonora. Traz algumas ideias novas ao gênero, como o cenário que se transforma em tempo real, mas peca ao abusar de jumpscares previsíveis, e por ter um desempenho quase imperdoável para um jogo de 2016. A história pode até ser um pouco “rasa”, mas compreender que boa parte da experiência está em poder decidir se o personagem irá, ou não, encarar os seus medos, certamente deixará o jogador pensando em como lidar com seus próprios pesadelos.

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Review elaborado com uma cópia do jogo para Xbox One fornecida pela desenvolvedora.

Resumo para os preguiçosos

Layers of Fear pode não ser tão assustador quanto se espera, mas é, sem dúvidas, um jogo de terror decente. Possui um belo visual e uma ambientação realmente sombria, muito bem suportada por uma excelente edição de som e uma boa trilha sonora. Traz algumas ideias novas ao gênero, como o cenário que se transforma em tempo real, mas peca ao abusar de jumpscares previsíveis, e por ter um desempenho quase imperdoável para um jogo de 2016. A história pode até ser um pouco “rasa”, mas compreender que boa parte da experiência está em poder decidir se o personagem irá, ou não, encarar os seus medos, certamente te deixará pensando em como lidar com seus próprios pesadelos.

Nota final

65
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Ambientação assustadora (luzes, sons e objetos)
  • Cenários que mudam quando você não está olhando criam ótimos sustos
  • Combinação inteligente de gameplay e história

Contras

  • Problemas de desempenho
  • Abuso de jumpscares previsíveis
  • Dublagem monótona
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Diego Melo
Diego Melohttp://criticalhits.com.br
Diego Melo é graduado em jornalismo pela Unesp de Bauru. Gosta de joguinhos eletrônicos desde que se entende por gente. Prefere o PC, mas não deixa de jogar em seu New 3DS, PS3, e Xbox One de vez em quando.