Kirby Air Riders é um daqueles jogos que começam parecendo simples, mas que se torna inesperadamente difícil e profundo quanto mais você insiste em entender suas regras. Mas será que o jogo realmente vale a pena? É o que vamos descobrir na análise de hoje.
A proposta é clara: transformar corrida arcade em um parque de diversões com física peculiar, habilidades copiadas de inimigos e um sistema de impulsos que desafia tudo o que você aprendeu do gênero de jogos de Kart até agora. Isso gera uma experiência que oscila entre caos, momentos de pura habilidade técnica e frustração.
Gameplay completamente diferente do que se espera do gênero de Kart
Kirby Air Riders estrutura-se em dois pilares diferentes. O primeiro é o modo de corrida “tradicional” que coloca você em pistas com atalhos, rampas, seções de planagem e itens que fazem a corrida ficar insana a cada curva.
A diferença crucial deste jogo em relação aos outros do gênero está no controle: a aceleração é automática e o “drift” que freia o kart, para só então explodir em velocidade, exigindo desaprender vícios de outros kart racers. Em vez de derrapar o tempo todo, aqui você gerencia janelas de parada estratégica para arrancar como um foguete. É contra intuitivo nas primeiras voltas, mas a lógica acaba clicando depois de insistir um pouco e tentar entender a mecânica.
Infelizmente, o jogo tem uma curva de aprendizado altíssima e exige dedicação do jogador, o que parece contra intuitivo dado a direção de arte e o personagem que a Nintendo escolheu para ser a estrela, já que Kirby parece ser o mais família e fácil possível, mas o jogo em si é o completo oposto disso. O próprio tutorial do jogo é uma auto escola densa cheia de lições que parece que você tem que fazer um cursinho antes de começar a jogar e se divertir.
Já o segundo pilar do jogo é os desafios na cidade, um modo que deve dividir opiniões. Aqui, você é jogado em um mapa aberto cheio de eventos, peças de melhoria e máquinas alternativas, com alguns minutos para “montar” a sua build antes de uma prova final aleatória. Parece bagunça no início, e de fato é, mas existe método no tumulto. Quando você aprende a ler a cidade com rotas eficientes, spawn de power-ups, ciclos dos eventos, a preparação para a prova derradeira vira um xadrez em tempo real.
Mas de novo, a curva de aprendizado é bizarramente alta ao ponto de tornar difícil justificar a existência desse jogo. Kirby é um personagem extremamente fofinho e convidativo para jogos simples e mais diretos ao ponto, e o que recebemos aqui é um jogo extremamente contra intuitivo que parece que feito apenas para jogadores hardcore conseguirem de fato jogar e aproveitar.
A sensação de velocidade do Kirby Air Riders também é estranha. Não é um “simulador” de intensidade como F-Zero, nem aposta na agressividade nonsense de power-ups. Ele prefere picos, parece devagar demais por alguns segundos e então explode em aceleração quando o boost sai perfeito, ou quando você pega o vácuo na linha certa e quando sua planagem encaixa com uma rampa escondida.
Por outro lado, as pistas são bem feitas e variam bastante entre uma e outra. Elas cumprem seu papel ao misturar amplitude e verticalidade. Saltos que desaguam em corredores estreitos pedem sangue-frio no boost e túneis com correntes de ar exigem planagem precisa. A direção de arte colabora muito nesse sentido, já que tudo é luminoso, convidativo e “simples” nos contornos, típico de Kirby, mas com detalhes suficientes para orientar a pilotagem.
Audiovisual e parte técnica
Já na parte gráfica e visuais podemos dizer que o jogo é bem coeso, mas não necessariamente brilha muito além disso, faz o seu trabalho de forma competente e isso é o suficiente. A interface é colorida sem se tornar muito poluída, mas em momentos de desafios da cidade com vários eventos simultâneos, a tela fica excessivamente carregada e incomoda bastante.
No campo técnico, a performance estável e os loadings curtos deixam o jogo bem fluído, o que é muito importante para esse tipo de jogo. O netcode precisa de partidas consistentes para brilhar; um atraso pequeno já bagunça o timing do boost que depende de frames e sensação. Infelizmente durante o tempo de review é um pouco complicado testar isso de forma consistente, já que poucas partidas online são encontradas e não da pra bater o martelo. Já em partidas locais a experiência é impecável: input imediato e leitura clara.
Mas e aí, Kirby Air Riders pro Switch 2 vale a pena?
Kirby Air Riders definitivamente não é um jogo ruim, mas é difícil justificar a sua existência, principalmente no ano de 2025 onde a Nintendo já lançou outro jogo de Kart de peso. É claro que mecanicamente falando, Kirby é completamente diferente de Mario Kart World, mas é difícil se desprender da sensação de que esse jogo tá meio perdido em seu lançamento, principalmente pela curva de aprendizado bizarramente alta e que vai frustrar a maioria dos jogadores.
Se você busca novidade mecânica, multiplayer caótico e um sandbox de corrida insano, Kirby Air Riders é definitivamente um jogo para você. Mas se você quer uma experiência mais imediata, com derrapagens clássicas e itens que você já entende de olhos fechados, a adaptação será mais lenta. Dê a ele duas ou três sessões de jogatinas honestas; quando a lógica interna encaixar, o “estranho” pode se tornar divertido.
Análise feita com uma chave para Nintendo Switch 2 cedida pela Publisher.
Resumo para os preguiçosos
Kirby Air Riders oferece uma proposta única de corrida com controles contra intuitivos e mecânicas inovadoras. A curva de aprendizado é alta, o que contrasta com a aparência amigável do personagem. O modo de desafios na cidade traz profundidade estratégica, mas pode confundir jogadores casuais. Apesar de técnico e divertido, o jogo parece deslocado frente a opções mais acessíveis do gênero.
Prós
- Mecânicas originais
- Caótico
Contras
- Curva de aprendizado
- Alguns minigames são bem desbalanceados
- Poluição visual
