Eu sempre gostei de explosões e de filmes dos anos 80 com diálogos clichês e muita pancadaria. Quando eu descobri que Just Cause era uma franquia que combinava esses dois mundos, eu imaginei que esse seria exatamente o jogo que eu gostaria de jogar e, sinceramente? Ele é e não é a o mesmo tempo. Confuso? Eu sei, mas eu já explico, só me deixa eu dinamitar mais umas 2 pontes e botar abaixo mais 4 helicópteros antes de começar efetivamente o nosso review.
Em Just Cause 3, você controla Rico Rodriguez, que está de volta ao seu lar, a ilha de Medici. Infelizmente, ela foi tomada pelo General Di Ravello, e a sua missão é liberar o seu lar da opressão desse tirano safado. Parece até que estamos falando de Os Mercenários? É, é basicamente isso o que vamos fazer, nós vamos libertar o nosso país natal do ditador destruindo praticamente toda a infraestrutura que ele construiu no país, afinal de contas, os habitantes de Medici não precisam de energia elétrica quando ela é fornecida por um ditador.
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Enfim, a ideia do jogo é basicamente a descrita acima, explodir coisas, chutar a bunda de um ditador e salvar o mundo. De preferência, da maneira mais exagerada o possível. Para tanto, você conta com bazucas, metralhadoras, helicópteros e assim por diante, além, claro, da sua garra, que é uma ferramenta extremamente útil e que acaba tornando Just Cause 3 numa experiência muito melhor do que seria sem ela.
Para libertar Medici de Di Ravello, sua missão é basicamente explodir coisas. Muitas coisas. Você deve liberar cidades para libertar as províncias, e assim ir enfraquecendo o poder do ditador e aumentando a esfera de controle da resistência. Para isso, você deve chegar numa cidade e explodir uma série de objetivos que são marcados no mapa. Conforme você vai completando esses objetivos, os restantes começam a surgir no mapa, pra você não ficar procurando pelas coisas feito um idiota (como aconteceu comigo na primeira tentativa antes de eu decidir abrir o mapa pra ver se eu achava algo).
Esse trabalho repetitivo de explodir coisas pode ser feito basicamente da forma como você quiser, e, realmente, se for pra chegar na base, tomar a base, e seguir pra próxima, as coisas começam a ficar chatas e monótonas. Aí é que Just Cause 3 realmente brilha, já que você tem muitas manerias de explodir as coisas e a ideia é basicamente essa, fazer, em essência, o mesmo serviço das maneiras mais estapafúrdias o possível.
Apesar dos jogadores, em geral, não terem comprado (ou não pretenderem comprar) Just Cause 3 pela história, vale ressaltar que a história é divertida e há uma boa atuação por trás do inglês macarrônico e exagerado dos dubladores. Parece que estamos de volta a Assassin’s Creed II, com os italianos berrando naquele inglês bizarro deles. É bem divertido.
Algo que eu não gostei muito, apesar da garra, é o fato de que o deslocamento em Just Cause 3, ou é muito rápido, ou você se arrasta pelo mapa. Não há meio termo, aliás, Just Cause 3 é um jogo sem meio termos, mas enfim, ou você consegue um lugar pra acertar a sua garra pra te puxar e ir mais rápido, ou procure um carro, andar a pé é coisa de mané, e você vai acabar perdendo muito tempo correndo de um lado pro outro, já que a ilha de Medici é absurdamente grande.
Uma alternativa de deslocar-se por aí também é a Wingsuit de Rico, onde você plana pelo ar feito uma bala. É muito divertido andar por aí assim, contanto que você tenha um precipício ou uma ponte para se jogar e fazer o uso pleno da Wingsuit, mas cuidado, um descuido e você está estampando o seu rosto na montanha mais próxima.
Além das missões de campanha, o jogo também conta com alguns eventos aleatórios para você cuidar, como membros da resistência sendo sequestrados e coisas do tipo. É legal poder quebrar a monotonia de explodir coisas (como se isso fosse ficar monótono) com esse tipo de missão. Além disso, também há desafios e placares para esses desafios, que variam de “mais tempo usando a Wingsuit” a “maior combo de metralhadora nos inimigos”.
Outro item opcional que o jogo também tem são os colecionáveis. Para encontra-los, você fica brincando de “quente ou frio” com o seu radar. Conforme você chega perto de um colecionável, o radar vai aumentando o sinal dele. Como há vários deles por aí, prepare-se para ficar tateando o cenário, caso você seja daquelas pessoas que se torturam se não têm 100% do jogo concluído.
Algo que me estranhou bastante quando eu comecei a jogar Just Cause 3 foi o sistema de combate do jogo. Não há como aproximar a mira. Ok, a ideia é o combate ser ágil, e mirar é pros fracos, já que os inimigos aguentam apenas meio tapa antes de morrer. Isso já acontecia em Just Cause 2, mas eu imaginei que fosse ser adicionado nessa versão. Que belo engano da minha parte, né?
Graficamente, Just Cause 3 é muito bonito, mas há um pequeno problema com o jogo: as quedas constantes de framerate. Caso você esteja passando por isso, a dica mais rápida para, talvez, resolver o seu problema, é desligar o motion blur do jogo. Tem gente que detesta esse tipo de efeito, então desligue ele para conseguir 60 fps ou algo perto disso sem ficar tateando pelas settings. Curiosamente, eu botei as texturas no mínimo e não consegui 60 fps antes de fazer esse ajuste. E agora elas rodam no High a 60 FPS com esse ajuste (numa GeForce GTX 770).
Mas enfim, voltando aos gráficos, eles são muito bonitos mesmo, e algo muito legal que o jogo tem é que quase tudo é destruível e explosivo, então Just Cause 3 é praticamente uma revolução em si em cenários partindo-se em muitos pedaços e coisas indo abaixo. Uma cena logo do começo do jogo chama a atenção a isso, onde você detona uma ponte que está sendo usada pelo exército inimigo para transportar tropas. A ponte desaba em vários pedaços, tudo em tempo real. Obviamente, isso exige hardware, e é aí que temos um problema.
Tanto no Xbox One quanto no PS4. Just Cause 3 sofre de problemas de performance. O FPS deveria funcionar nos 30 ou bem próximo a isso, mas em ambos os consoles há quedas, principalmente quando há explosões grandes demais na tela ou partes do cenário desabando. O Xbox One acaba tendo um desempenho inferior aqui, mas o PS4 também sofre desses problemas. Quem também está tendo dores de cabeça por causa disso são os usuários de PC que têm placas de vídeo da AMD. A Avalanche e a AMD prometeram que estão trabalhando em drivers para resolver esses problemas, mas por enquanto, quem faz parte do lado vermelho da força vai enfrentar problemas.
A trilha sonora de Just Cause 3 é boa, mas nada demais. A dublagem do jogo em inglês está muito bem feita, e a versão brasileira da dublagem não chega a ser ruim, mas também não é lá grandes coisas, e vai fazer você se sentir dentro de uma novela, ao invés da Itália. Ah, e não tem como deixar o idioma em inglês e as legendas em português, infelizmente.
Review elaborado com uma cópia do jogo para PC fornecida pela Square Enix.
Resumo para os preguiçosos
Just Cause 3 é um jogo com muitas explosões, uma boa história e um desempenho gráfico que dá umas engasgadas, mas que também exige bastante do hardware por causa dessas explosões e das coisas desmoronando pela tela. O jogo é anarquia pura, e, se você quer um sandbox para isso, aqui está ele.
Prós
- Apesar de não ser exatamente o foco, o jogo tem uma bela história
- Belíssimos gráficos
- Explosões, muitas explosões
- Eu já falei que tem explosões e que é divertido causar explosões?
Contras
- As missões são meio repetitivas
- Impossível aproximar a mira, o que torna o combate meio errático
- Problemas de otimização e de desempenho
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