Indiana Jones é um dos persongens mais populares dos anos 80 e 90, e apesar de já haver pelo menos duas franquias imensas inspiradas nas aventuras dele, a Bethesda, Microsoft e Machine Games se incumbiam da tarefa de criar uma aventura original do arqueólogo mais famoso do mundo em O Grande Círculo. Será que esse jogo vale a pena?
Em Indiana Jones e o Grande Círculo, você controla Indiana Jones numa aventura que começa recriando uma das cenas mais famosas da franquia de filmes dele, mas que após esse prólogo, que não tem nada a ver com o jogo em si, coloca você em direção à Itália Fascista e o Vaticano na tentativa de recuperar um artefato roubado dele, mas esta é apenas uma pequena etapa de uma aventura que vai colocar você ao redor do planeta.
Lá, e nas localidades subsequentes do jogo, você deve conduzir investigações, encontrar aliados e se aventurar por tumbas e por segredos que ficaram longe dos olhares humanos por centenas e mais centenas de anos, resolvendo quebra-cabeças diferentes e enfrentando fascistas e nazistas para sobreviver a essa aventura inteiro.
Por ser um jogo desenvolvido pela Machine Games, a mesma desenvolvedora de Wolfenstein: The New Order e Wolfenstein: The New Colossus, o jogo segue mais ou menos a estrutura de fases que esses jogos apresentam, ou seja, cada uma das regiões do jogo é uma grande fase, ou um pequeno mundo aberto, com diversas atividades espalhadas por ele. Você pode focar-se apenas na missão principal do jogo ou pode explorar por aí e encontrar atividades extras que rendem novos upgrades, tesouros e que ajudam a expandir o mundo dentro do jogo.
Dentro da campanha principal, o que encontramos é um loop onde você recebe uma pista de alguém, deve explorar o mapa para averiguar um ou mais lugares sobre essa pista e depois partir para algum lugar escondido que só pode ser acessado após a resolução de algum puzzle, e que certamente vai trazer mais puzzles dentro de si.
No mapa da Itália, a maior parte da jogabilidade é feita na resolução de puzzles e stealth, com Indiana Jones disfarçado de Padre, mas isso muda um pouco na área seguinte, com a ação dividindo bastante o lugar com a furtividade e a resolução de quebra-cabeças.
Dentro das tumbas, há alguns quebra-cabeças que estão longe de serem triviais (se você já passou pelo de Jesus Cristo você sabe do que eu estou falando, por exemplo) e eu gostei como o jogo acaba forçando você a pensar e a procurar soluções no ambiente, seja com a própria cabela, seja por meio da câmera fotográfica que Indiana obtém após uma hora e pouco de gameplay, seja com dicas que NPCs que eventualmente te acompanham acabam fornecendo.
Além dos puzzles, Indiana Jones e o Grande Círculo conta com um pouco de plataforma também, com o arqueólogo usando o chicote e a agilidade dele para safar-se de situações complicadas. Aqui, é impossível não comparar com jogos como Uncharted e Tomb Raider, e a abordagem da Machine Games foi muito mais realista do que as da Naughty Dog e Square Enix, ou seja, você não vai sair por aí dando piruetas e saltos completamente exagerados, os desafios vão ser bem mais cadenciados, e você precisará administrar uma barra de fôlego que é parte integral desses desafios.
Aqui é importante ressaltar que, surpreendentemente, a Machine Games conseguiu fazer um trabalho muito bom em adaptar as principais características das aventuras de Indiana Jones em primeira pessoa. Há momentos, como quando você se balança pendurado no Chicote, que o jogo fica em terceira pessoa, mas no geral você está controlando do ponto de vista de primeira pessoa e tudo funciona muito bem.
Para completar, precisamos falar sobre o combate do jogo. Indiana Jones e o Grande Círculo possui um combate que, imagino eu, seja desajeitado de propósito para ser parecido com o que acontecia nos filmes de Harrison Ford. Não que isso perdoe o fato de que o combate do jogo ser a característica mais fraca dele, mas é importante ressaltar que o personagem nunca foi um mestre do karatê ou algo do tipo, então as brigas vão ser bem desajeitadas mesmo e você não terá como enfrentar 5 ou 6 adversários ao mesmo tempo como se fosse BJ Blazkowicz de Wolfenstein.
Nas lutas, você pode enfrentar seus adversários tanto no corpo a corpo quanto com armas brancas e armas de fogo. Aqui, é importante ressaltar que dá pra levar o jogo tranquilamente usando apenas os punhos, pedaços de pau e o chicote de Indiana Jones sem precisar apelar para um revólver já que, a menos que você seja reconhecido no meio da cidade, você dificilmente vai enfrentar mais do que um ou dois inimigos ao mesmo tempo.
Além disso, o jogo te incentiva e cria mecanismos de te fazer livrar-se da maioria dos inimigos de forma furtiva, então, quando não há outra opção, geralmente restam poucos adversários para você vencer no mano a mano. Ainda sobre o combate, é importante registrar que a predileção da Machine Games por cachorros é admirável. Se você detestava eles em Wolfesntein, prepare-se para odiá-los aqui também.
Mas no fim das contas, mesmo com um combate desajeitado e que foi feito para não ser a a sua primeira opção, eu gostei do que eles fizeram, não transformando Indiana Jones e o Grande Círculo num Uncharted em primeira pessoa, por exemplo.
Graficamente, Indiana Jones e o Grande Círculo é um belo jogo, com boas cutscenes e animações, principalmente do personagem principal. Há diversos momentos em que realmente parece que voltamos no tempo e estamos vendo Harrison Ford numa nova aventura, já que todos os trejeitos do ator estão ali.
Nesta análise, eu testei o jogo no meu PC (Ryzen 7-5800X, 32GB de Ram DDR4, RTX 2080 Super) e ele não conseguiu rodar o jogo em 2,5k pela falta de Vram da placa de vídeo, apenas em 1080p com qualidade no baixo. No Xbox Series X, o jogo me pareceu mais bonito do que nesse preset no PC, e a versão de Series S é surpreendentemente bonita, ela roda bem melhor do que eu esperava, com apenas alguns momentos onde a resolução baixa atrapalhou em cutscenes com cabelos serrilhados, mas em ação mesmo, o jogo funcionava muito bem.
A trilha sonora do jogo não é nada demais e está ali mais de coadjuvante do que qualquer coisa, mas a dublagem em inglês do jogo é simplesmente perfeita. Troy Baker mais uma vez faz um trabalho de mestre, e consegue encarnar o personagem com maestria, só é uma pena que não seja possível escolher legendas em português e idioma em inglês, algo que faria quem não domina o idioma britânico também poder aproveitar esse excelente trabalho.
Mas e aí, Indiana Jones e o Grande Círculo vale a pena?
Indiana Jones e o Grande Círculo é um dos melhores jogos lançados pela Xbox Game Studios em muito tempo, oferecendo uma aventura sólida, bons conteúdos extras e uma recriação muito bem feita do que seria uma aventura do arqueólogo mais famoso do cinema dentro de um jogo de videogame moderno.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Xbox Series X fornecido pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Indiana Jones e o Grande Círculo é uma aventura original que coloca o icônico arqueólogo em uma jornada global para recuperar um artefato roubado. Desenvolvido pela Machine Games, o jogo mistura exploração, resolução de quebra-cabeças e combate desajeitado propositalmente inspirado nos filmes. A história começa com um prólogo nostálgico, mas logo direciona os jogadores para localidades como a Itália Fascista e o Vaticano. Cada região funciona como um grande mapa aberto, onde é possível seguir a missão principal ou explorar atividades extras para desbloquear upgrades e tesouros. A jogabilidade alterna entre stealth, puzzles desafiadores e momentos de ação moderada, proporcionando uma experiência variada.
Graficamente, o jogo captura o espírito das aventuras clássicas de Indiana Jones, com animações que evocam a performance de Harrison Ford. A trilha sonora é discreta, mas a dublagem de Troy Baker se destaca, trazendo vida ao personagem. Embora o combate seja considerado a parte mais fraca, ele é fiel ao estilo do protagonista, que não é um lutador habilidoso. O jogo aposta em furtividade e exploração como pilares principais, sem transformar a experiência em algo semelhante a Uncharted ou Tomb Raider. Apesar de algumas limitações, como a ausência de legendas em português, O Grande Círculo entrega uma experiência envolvente e respeitosa ao legado do personagem.
Prós
- Boa aventura
- Puzzles desafiadores
- Belos gráficos
- Dublagem e interpretação em inglês excelentes
Contras
- O combate é bem desajeitado e não foi feito para ser usado como recurso primário
- Jogo bastante pesado no PC