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House of Cards – 4ª Temporada – Review

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Atenção: alguns spoilers sobre a terceira temporada e comentários sobre detalhes da quarta temporada, apesar da última ser brevemente citada (sem grandes revelações)

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House of Cards é uma das séries mais comentadas da atualidade, seja aqui no Brasil (graças a todo o recente interesse da população do país pelos rumos políticos do mesmo) seja lá fora. A série, que começou de maneira brilhante e também teve uma bela segunda temporada, acabou apresentando um pouco de fadiga no seu terceiro ano, com um final de temporada bem inferior ao miolo dela. Será que o quarto ano de House of Cards consegue frear essa tendência de queda ou a série esta começando a mostrar que seus dias melhores ficaram para trás?

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A resposta simples para essa pergunta é: sim e não ao mesmo tempo. Por um lado, House of Cards voltou a ter seus momentos de genialidade e de surpresa para o público. Eu realmente não sei o que deu na cabeça dos escritores na temporada passada, mas pareceu que Frank Underwood tinha decidido que ia parar de usar a cabeça para usar só os músculos. Talvez tenha sido de propósito, mas a ideia de um personagem manipulador e que pegava todo mundo de surpresa acabou dando lugar a um personagem bruto e extremamente direto.

O resultado disso foi que a qualidade da temporada em si não foi tao boa quanto a das anteriores, e, dentro da série, que os Underwood deixaram de ser um só, com Claire dizendo que estava deixando Francis. Fora isso, no lado político, Heather Dunbar parecia ser uma oponente que colocaria a candidatura de Francis à presidência dos EUA em sério risco. Como o personagem conseguiria dar a volta por cima tanto do lado pessoal quanto do lado político? E o que essa temporada tenta apresentar.

Para começar, o ponto principal a perceber sobre essa temporada, é que ela não é sobre Francis, e sim sobre Claire. A personagem interpretada por Robin Wright, assume os holofotes e não decepciona. Finalmente conhecemos mais detalhes sobre o passado de Claire e sua relação com a própria família, e esse é um arco bem trabalhado dentro da temporada. Além disso, a personagem, agora separada de Underwood, tem seus próprios objetivos para cumprir, algo que ela faz exatamente da forma como os Underwood estão acostumados a fazer, não convencendo o público de que eles são os melhores, mas puxando o tapete de possíveis obstáculos que apareçam na frente deles. A atuação de Robin Wright é simplesmente espetacular nessa temporada, seja nos momentos de manipulação, seja nos diálogos, seja nos momentos difíceis, a atriz simplesmente rouba a cena e é, de longe, a melhor personagem dessa temporada. Não fosse ela, essa temporada certamente não seria metade do que foi.

Já do lado de Francis, temos o enfrentamento de Heather Dunbar pelas primárias do Partido Democrata (no sistema de partidos dos EUA, primeiro você vence a eleição dentro do partido para ser nomeado à disputa e depois concorre à presidência, como está ocorrendo agora nos EUA) e depois contra o candidato republicano, o prefeito de Nova York, Will Conway. Em ambos os momentos, Francis usa toda a sua astúcia e truques sujos para combater os adversários, e ele realmente vai precisar deles.

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No lado dos personagens secundários, poucas coisas acontecem, diferente de outras temporadas. Há um ou dois momentos em que as histórias de personagens como Meechum, Remy, Jackie e Doug são mais exploradas, mas a temporada é mesmo sobre os Underwood. Uma nova personagem que entrou na série nessa temporada é Leann Harvey, interpretada por Neve Campbell (a Sydney, do Pânico), e que tem um pouco mais de destaque. Ela é uma espécie de Doug Stamper da Claire, e cumpre bem seu papel, apesar de não fazer nada de extraordinário durante a temporada.

Algo que é bom notar é que, em nenhum momento da série, os Underwood apelam para o povo. Para eles, a questão nunca é ser o mais amado, e sim os únicos. Não se pode confiar nas urnas, é muito melhor ter certeza de que o adversário vai cair em desgraça, seja pelos próprios erros, seja pela indução deles. E que, no fim das contas, a disputa pela presidência nunca é a respeito do que é melhor para o povo, ou para o globo, e, sim, para manter-se no poder. Parece com algum lugar que conhecemos por essas terras? Pois é, dava para ficar fazendo paralelos com o nosso país durante o resto do século, mas voltemos à série.

Além dos arcos dos Underwood, a série só explora mesmo, nessa temporada, mais uma grande história, que é a investigação de Lucas Goodwin (e depois Tom Hammerschmidt) sobre os crimes e conspirações de Underwood. Esse é um dos pontos principais da série, que acaba gerando consequências benéficas e maléficas ao mesmo tempo para os protagonistas, e que se desenvolve com algumas reviravoltas bem interessantes. Eu não gostei tanto assim de como esse arco se encerrou na temporada, para falar a verdade (me pareceu forçado demais), mas obviamente a temporada acabou num grande cliffhanger que nos deixou sem uma resposta definitiva sobre se Underwood vai ou não pagar pelos próprios crimes.

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House of Cards
House of Cards

Por falar em forçado, há também um subplot que ficou extremamente forçado nessa temporada, e que eu gostaria de comentar mais a fundo aqui, então, prepare-se para os spoilers:

Spoilers começam aqui

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O que vocês acharam sobre a ideia de Claire Underwood como a vice presidente? Eu sinceramente achei extremamente forçada na ideia da série. Ok, foi mais um golpe de mestre dos Underwood dentro do cenário político da série, mas, assim como o plano do America Works (uma verdadeira afronta a qualquer pessoa que entende um pouco mais de economia), me parece extremamente improvável de acontecer no mundo real. No fim das contas, essa ideia me pareceu até tirada de algo equivalente àquelas novelas dentro de hospitais, onde volta e meia alguém ganha um transplante de cérebro.

Fim dos spoilers

Resumo para os preguiçosos

House of Cards conseguiu recuperar-se bem da fraca terceira temporada. É verdade que alguns dos golpes dos Underwood acabam parecendo bem forçados e totalmente improváveis de acontecerem no mundo real, mas ainda assim, a série provou que tem fôlego para continuar por um bom tempo ainda. O destaque dessa temporada, de longe, vai para Robin Wright e sua personagem. Claire Underwood é fundamental para o sucesso da temporada. Ela simplesmente roubou a cena.

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Nota final

80
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Claire Underwood
  • Francis finalmente volta a usar a astúcia ao invés dos músculos
  • Os Conway como adversários
  • A investigação de Goodwin e Hammerschimitd

Contras

  • Apesar de boa, a temporada ainda assim não conseguiu capturar a magia dos dois primeiros anos da série
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Eric Arraché
Eric Arrachéhttp://criticalhits.com.br
Eric Arraché Gonçalves é o Fundador e Editor do Critical Hits. Desde pequeno sempre quis trabalhar numa revista sobre videogames. Conforme o tempo foi passando, resolveu atualizar esse sonho para um website e, após vencer alguns medos interiores, finalmente correu atrás do sonho.