Hi Fi Rush é o mais novo jogo da Tango Gameworks lançado de surpresa durante o Xbox & Bethesda Developer Direct de janeiro. Com uma proposta completamente diferente do que a dos jogos que estamos acostumados sendo lançados pelo estúdio, o jogo traz um visual cartunesco aliado a um jogo de ação e plataforma com combate focado no ritmo. Será que essa combinação funciona?
Em Hi Fi Rush, você controla Chai, um jovem que num dia vai a uma empresa desenvolvedora de peças robóticas para trocar o braço dele por um novo, e que acaba sofrendo um acidente durante essa cirurgia e agora é considerado um defeito pela empresa, que passa a tentar eliminá-lo. Durante esse incidente, ele se alia a um gato e uma jovem, que estão tentando expor essa corporação maligna pois ela secretamente está tentando dominar a sociedade.
O jogo tá longe de ser um jogo com uma história super original, e esse nem é o objetivo de Hi Fi Rush. De cara, o que fica evidente é que é um jogo para ser divertido, aquele tipo de jogo para pegar, esquecer do mundo à volta, passar um tempo jogando, dar umas risadas do que acontece na tela e aproveitar.
As fases de Hi Fi Rush são divididas em partes de plataforma, onde vemos Chai e 808 (a gatinha que acompanha o jogador e que serve como forma de Pepermint, a jovem misteriosa que está ajudando Chai a comunicar-se com ele) interagindo e conversando. As conversas costumam ser bem leves e dá pra ver a personalidade dos personagens logo de cara, com Chai sendo um bobão que faz piadas de tiozão quando possível e Pepermint uma jovem focada na missão dela, e que quer a todo custo fazer as coisas da forma mais discreta possível, ainda que essa não seja lá a ideia de Chai.
Nessas partes, você vai explorar plataformas, pular por lugares, encontrar caminhos e assim por diante. Eu gostaria que o Chai se movesse um pouquinho mais rápido nesses momentos, mas no geral essas partes são bem diretas, e no máximo do máximo você vai parar de andar pelo caminho principal para pegar um item escondido e outro que estão espalhados pelo mapa.
Entre cada uma dessas sessões de exploração, o jogo conta com combates contra os robôs de segurança. Esses combates são bem divertidos, e conforme o jogo vai avançando, a quantidade de habilidades que Chai possui vai aumentando expressivamente. Inicialmente, você só consegue atacar e fugir, mas depois de um tempo habilidades como especiais, uma garra e até aliados temporários, tipo as assistências de Marvel vs Capcom, aparecem para te ajudar a enfrentar os inimigos.
O combate todo de Hi Fi Rush funciona dentro do sistema de ritmo do jogo. Durante o jogo todo, uma música com uma batida definida vai estar tocando, e a ideia do jogo é que você use os ataques dentro desse ritmo. Conforme você aperta os botões, você executa combos diferentes, e por executá-los no tempo certo, o jogo vai te premiar com um golpe extra bem mais forte além de dano extra nos ataques.
Apesar desse sistema de ritmo ser o centro do jogo, se você erra uma nota ou duas, ele não torna seus ataques completamente inúteis, como em outros jogos rítmicos a exemplo de Metal: Hellsinger. Isso deixa o jogo muito mais divertido de se jogar, afinal de contas, não foi uma nem duas lutas em que eu acertei o ritmo de só 50% das notas, e ainda assim desci a porrada nos inimigos. Todos os golpes estão sempre dentro desse ritmo, então o jogo sugere que você use fones de ouvido para jogá-lo e também tente jogar o jogo num ambiente com baixa latência, o que não deve ficar muito bom no cloud, apesar de eu não ter testado o jogo dessa forma.
Além do combate focado no ritmo, há outras atividades dentro do jogo que também funcionam com ele, como abertura de baús, destruição de certos itens, partes dos componentes de plataforma do jogo e assim por diante. Há alguns que realmente são obrigatórios, e aí não tem o que fazer, ou você entra no ritmo, ou você dança, mas o fato do combate de Hi Fi Rush não ser estritamente de ritmo melhora o jogo muito em relação a outros jogos do gênero, e deixa a experiência muito divertida.
Ao final de cada fase, você retorna ao esconderijo de Chai e Pepermint, e aqui você pode conversar com os personagens que estão dentro do local, fazer upgrades (que também podem ser feitos durante as fases) como aumentar sua vida, desbloquear novos combos, ganhar especiais novos e assim por diante e quando estiver pronto, ir para a próxima fase. As fases de Hi Fi Rush duram algo entre 45 minutos a 1 hora, dependendo da quantidade de vezes que você acaba morrendo nelas, o que eu achei um pouquinho longo demais para o meu gosto. Para completar o jogo, você leva algo entre 9 a 11 horas.
Graficamente, Hi Fi Rush é um jogo muito legal. O fato dele funcionar com gráficos perfeitos de um desenho animado dão muita personalidade ao jogo, e é muito legal ver que os gráficos do jogo são exatamente os gráficos da cutscene inicial dele. Tudo é muito bem animado e a fluidez do game no Xbox Series X é impressionante. Ficou realmente muito legal ver como cell shaded fica bem feito num console poderoso.
A trilha sonora de Hi Fi Rush também é muito boa. Por ser um jogo de ritmo, isso já era de se esperar, mas mesmo a parte repetitiva da música enquanto você está avançando por aí é legal, e cada chefe conta com uma música escolhida especialmente para esse momento, sendo algumas feitas pela própria Tango e outras de artistas consagrados como Nine Inch Nails. Além disso, o jogo vem totalmente dublado em português, com uma dublagem excelente também.
Mas e aí, Hi Fi Rush vale a pena?
Hi Fi Rush é até o momento a melhor surpresa de 2023. O jogo é extremamente divertido, daqueles que você pega, joga uma fase e nem vê o tempo passar direito. Com personagens carismáticos, um combate muito gostoso, gráficos e trilha sonora excelentes, eu me sinto como se tivéssemos voltado aos dias da Clover, em que Shinji Mikami não era só conhecido por fazer jogos de Survival Horror, mas também excelentes e divertidos jogos como God Hand e Viewtiful Joe. Um jogasso.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Xbox Series X via Game Pass. Jogo disponível para PC, Xbox Series S e X.
Resumo para os preguiçosos
Hi Fi Rush é até o momento a melhor surpresa de 2023. O jogo é extremamente divertido, daqueles que você pega, joga uma fase e nem vê o tempo passar direito. Com personagens carismáticos, um combate muito gostoso, gráficos e trilha sonora excelentes, eu me sinto como se tivéssemos voltado aos dias da Clover, em que Shinji Mikami não era só conhecido por fazer jogos de Survival Horror, mas também excelentes e divertidos jogos como God Hand e Viewtiful Joe. Um jogasso.
Prós
- Extremamente divertido
- Belos gráficos e trilha sonora
- Bom sistema de combate
- Personagens carismáticos
Contras
- As fases poderiam ser um pouco mais curtas, algumas chegam a levar até uma hora para você concluí-las