Han Solo: Uma História Star Wars foi oficialmente revelo em meados de 2013 e desde o seu anúncio, o filme sempre dividiu bastante o público. Enquanto alguns fãs estavam empolgados com a oportunidade de explorar o passado de um dos personagens mais icônicos da franquia, outros tinham receio que essa revisita ao malandro mais amado da galáxia poderia justamente trazer resposta e explicações desnecessários, que faziam parte do charme de Han na trilogia principal. Infelizmente, esse segundo grupo de fãs estava mais correto.
Além dessa polêmica, a própria produção do filme também foi bastante conturbada. Em 2017, com as gravações a todo vapor a Lucasfilm decidiu substituir a dupla de diretores Phil Lord e Christopher Miller por Ron Howard, que em menos de um ano precisou regravar quase 80% do filme. Essa pressa demasiada e clara mão de diversos executivos da Disney teve um preço bem alto.
Em grande parte das mais de 2 horas de projeção Han Solo: Uma História Star Wars simplesmente não tem alma. Todo o seu primeiro ato é extremamente corrido e embora visualmente tenham cenas de ação interessantes, o filme não deixa espaço para o público tentar entender o que está acontecendo. Sabemos que a maioria das pessoas que estão assistindo conhecem o Han Solo, porém durante quase todo o começo do longa, o roteiro praticamente depressa qualquer tipo de construção um pouco mais aprofundada do personagem, levando Han de um lugar para outro sem se quer entendermos a sua real motivação.
Quando finalmente o filme resolve desacelerar, pedindo um pouco mais da atuação dos seus atores, surpreendentemente é o momento em que o longa mais brilha. A missão de Alden Ehrenreich em reviver o malandro mais amado da galáxia não era fácil e mesmo com as polêmicas sobre a sua atuação durante as gravações, o ator consegue entregar um trabalho digno. Claro que fica longe de ser perfeito, mas em diversos momentos conseguimos enxergar em Ehrenreich aquela arrogância e malandragem tão característica do personagem eternizado por Harrison Ford.
Como interesse amoroso de Han temos Emilia Clarke vivendo a personagem Qi’Ra, outro ponto forte do filme. Clarke consegue usar muito bem o passado misterioso da sua personagem para entregar uma atuação que rivaliza com o próprio Han. Qi’Ra é sempre acompanhada por uma sensível dualidade entre tentar proteger o seu amado, ao mesmo tempo em que busca os seus próprios interesses. Nesse mesmo núcleo também vale destacar as atuações de Woody Harrelson e Paul Bettany, mesmo com pouco espaço de tela, ambos consegue usar sua experiência para tornar os seus respectivos personagens mais interessantes.
A esperada atuação de Donald Glover como Lando Calrissian não chega a ser surpreendente, mas também não atrapalha, embora o roteiro seja fraco, Glover consegue compensar isso com o seu infinito carisma. Mas quem verdadeiramente chama a atenção nesse núcleo é a androide L3-37, seguindo a tradição de androides mais sarcásticos, a L3-37 é uma das personagens que mais tem personalidade na trama, conseguindo trazer um humor muito inteligente ao mesmo tempo em que abordar um tema um pouco mais pesado.
Entretanto, mesmo com boas atuações, Han Solo: Uma História Star Wars peca justamente naquilo que mais temíamos, explicar o que não precisava ser explicado. Crescemos ouvindo Han se vangloriar por ter feito o Percurso de Kessel em menos de 12 parsecs e quando finalmente vemos esse momento em tela, a sensação é de que simplesmente não precisamos. Assim, mesmo que a cena seja uma das melhores sequências de ação do filme, ela nunca será da forma como cada fã imaginava.
O mesmo ocorre com o primeiro encontro de Han com Chewie, na após que fez Han ganhar a Millennium Falcon, na explicação do motivo do seu sobrenome ser Solo e em todas as outras fan services do filme. São explicações demasiadamente didáticas para perguntas que o seu charme eram justamente não sabermos uma resposta concreta.
Se compararmos a Rogue One, já que ambas as obras se propõem a preencher lacunas do universo Star Wars, Han Solo não tem muito a acrescentar. A direção de Ron Howard não se destaca, os momentos grandiosos são esquecíveis e a tentativa de abordagem de temas mais pesados é rasa. Em relação à trilha sonora, John Powell consegue trazer bons remixes dos temas clássicos da franquia, já a fotografia de Bradford Young não tem muitas apostas, com uma câmera geralmente fixa e simples.
No fim, Han Solo – Uma História Star Wars até que é um filme divertido, com boas cenas de ação e principalmente ótimas atuações, nós fazendo revisitar o universo que tanto amamos. Mas infelizmente, ele se limita isso. Com um roteiro corrido, que carece de desenvolvimento de personagem e a todo o momento parece querer entregar respostas desnecessárias. O longa está recheado de elementos de Star Wars, mas ao não conseguir encontrar sua própria identidade parece ser o filme mais distante da franquia.
Resumo para os preguiçosos
Confirmando aquilo que muitos fãs já temiam, Han Solo – Uma História Star Wars realmente é filme desnecessário. Mesmo com uma excelente atuação de todo o elenco e em especial Alden Ehrenreich, que nada medida do possível conseguiu entregar um bom Han Solo. O longa tem um roteiro fraco, que carece de desenvolvimento de personagem e busca dar explicações didáticas a perguntas que não precisávamos de respostas. Uma aventura divertida, mas pouco marcante.
Prós
- Atuação de todo elenco principal está excelente
- A grande cena de ação do filme é bem emocionante
- L3-37 é uma das melhores androides já apresentadas na franquia
Contras
- Respostas desnecessárias
- Uso de fan services sem nenhum proposito
- Primeiro ato extremamente corrido e confuso
- A confirmação de que esse era um filme desnecessário