Desenvolvido pela Obsidian Entertainment, Grounded faz parte da primeira leva de jogos então exclusivos do Xbox que estão chegando a mais plataformas. Com a estreia do jogo no Nintendo Switch e no PlayStation 5 (base de nossas impressões), mais jogadores vão poder conferir a aventura que mistura elementos de sobrevivência com uma estrutura de um RPG tradicional.
No melhor estilo “Querida, encolhi as crianças”, o título tem como protagonista um grupo de jovens que acaba encolhido e preso dentro de um jardim doméstico. Se normalmente o ambiente seria algo agradável, se ver do mesmo tamanho de uma formiga e ter que fugir de uma aranha gigante ajuda a modificar para sempre sua impressão sobre o que está morando do lado de fora da sua casa.
Grounded é um survival diferente
Algo que ficou claro desde meus primeiros momentos em Grounded é que ele é um pouco diferente de outros jogos do estilo. Isso porque, embora seja possível passar um tempo coletando recursos, matando criaturas e coletando equipamentos, isso vai restringir bastante usa experiência.
Embora a narrativa do game nem sempre fique clara, é evidente que seus desenvolvedores querem que você a siga sempre que possível. Além de revelar detalhes da história, fazer isso também ajuda a desbloquear mais rapidamente equipamentos e acessar áreas nas quais há recursos avançados.
O quão difícil vai ser cumprir essa tarefa fica a seu cargo, já que Grounded permite configurar servidores (ou aventuras individuais) com ambientes mais agressivos ou nos quais insetos só vão responder se forem provocados. No entanto, mesmo no nível normal (onde alguns adversários são agressivos e outros não), o game traz uma boa dose de desafios.
Isso cria uma experiência que se mistura entre prosseguir com a história principal e momentos nos quais é preciso “puxar o freio” para apostar mais nas mecânicas de construção de itens e bases. O título também traz sistemas de fome e sede, garantindo que é preciso saber gerenciar bem recursos e ficar atento à disponibilidade deles pelo ambiente.
Nesse sentido, ter uma base bem construída é essencial para que você não se veja totalmente desamparado caso acabe morrendo. Como isso significa deixar cair no chão todos os itens que você está carregando (que podem ser recuperados), não é incomum se ver sem comida ou água caso você tenha se esquecido de armazenar um pouco disso.
Como os insetos do jogo mudam de comportamento de dia para noite, mas nunca ficam totalmente parados, criar paredes e barreiras para eles também é bem importante. Aprendi isso a duras penas quando, mais de uma vez no início da aventura, tive que correr atrás de uma formiga que havia acabo de roubar as carnes que deixei cozinhando.
Legal no single player, melhor com outras pessoas
Outro ponto que me chamou atenção em Grounded é o quanto ele começa de forma acelerada, mesmo pra um jogo de survival. Enquanto você vai passar os primeiros momentos coletando recursos básicos de forma um tanto repetitiva, não demora muito para se ver criando armaduras, armas mais poderosas e desbloqueando novas possibilidades nos cenários.
Enquanto é divertido fazer tudo isso sozinho, sinto que o game só revela sua verdadeira natureza no multiplayer. Junto a pelo menos outra pessoa, fica ainda mais divertido explorar os labirintos do jogo, bolar aventuras para invadir um formigueiro ou simplesmente navegar por um bioma — e fugir enquanto seu amigo vira o alvo de um novo inseto gigante desconhecido.
Infelizmente, caso você não tenha um grupo de amigos com o jogo em suas coleções, suas chances de acabar sozinho são grandes. Isso porque não há exatamente um sistema que permite pesquisar por servidores abertos e se juntar a eles. Em outras palavras, é uma boa ideia recorrer a comunidades no Reddit ou no Discord para garantir que sempre haverá uma companhia disponível.
Vale a pena?
Apesar de Grounded ter chegado ao PlayStation 5 com alguns problemas iniciais que atrasaram o início deste review, a versão do console roda muito bem. Minha única reclamação está relacionada à interface de criação de itens, que demorei um pouco para entender e nunca achei realmente bem adaptada para controles.
No entanto, essa é mais uma questão pessoal do que algo objetivamente ruim, então seria injusto afirmar que essa parte do game deveria impactar uma nota final. Fora isso, só tive alguns problemas pontuais com saltos que acabaram fazendo meu personagem ficar preso em algum ponto do cenário, mas era possível resetar sua posição com relativa facilidade.
Entrei em Grounded esperando um jogo de sobrevivência divertido, e acabei saindo jogando um game com elementos de RPG respeitáveis e mecânicas de combate bastante agradáveis. Em geral, o título é mais um exemplo do quanto a Obsidian sabe fazer jogos muito legais, embora nem sempre eles sejam reconhecidos pelo público em geral. Resta esperar que, agora que tem os recursos para isso, ela possa continuar demonstrando seus talentos em mais projetos.
Resumo para os preguiçosos
Grounded é um jogo de sobrevivência que surpreende pela maneira como lidar com elementos de RPG e por sua narrativa. Embora o ritmo da aventura possa ser prejudicado por algum grind, vale a pena investir seu tempo nela. No entanto, as coisas podem ficar um pouco menos divertidas caso você não tenha um grupo de amigos jogando com você.
Prós
- Ambientação divertida e original
- Bons elementos de RPG
- Quantidade generosa de conteúdos
Contras
- Alguns bugs pontuais
- A interface adaptada para controles merecia alguns ajustes
- Momentos de grind que desaceleram a progressão