Gex Trilogy – Análise – Vale a Pena – Review

Nos anos 1990, uma das maneiras mais eficientes que muitos estúdios encontraram de se conectar ao público foi através da criação de mascotes carismáticos. No caso da Crystal Dynamics, o escolhido foi Gex, uma lagartixa que se diferenciava por sua capacidade de escalar paredes e pelo humor sarcástico.

Dublado pelo comediante Dana Gould, o personagem estrelou uma aventura 2D e dois jogos 3D de relativo sucesso, antes de ser colocado no baú do estúdio em 1999. Mais de 25 anos depois, os três jogos voltam na forma de uma coletânea preparada pela Limited Run Games. Mas será que valeu a pena acordar a lagartixa desse longo descanso?

Gex Trilogy traz pacote bastante básico

Assim como acontece com outros remasters do passado, a Gex Trilogy tem como objetivo permitir que os jogadores acessem seus títulos da maneira mais próxima ao original. Enquanto ela certamente cumpre seu objetivo, a impressão que fica é que estamos usando mais um pacote de emuladores do que um trabalho realmente caprichado.

Enquanto os três games disponíveis ganharam algumas molduras especiais e podem trabalhar com diferentes formatos de tela, há somente um filtro de imagem disponível. De forma semelhantes, as opções de controle são limitadas, bem como as opções extras oferecidas na galeria.

Analisada como uma retomada do passado, a Gex Trilogy parece não se esforçar para realmente mostrar os motivos pelos quais o lagarto ganhou fãs no passado. Enquanto a entrevista com Dana Gould é interessante, o resto do material extra, como imagens e trailers, não vão muito além do que uma simples procura em um buscador pode render.

Também decepciona o fato de que somente uma versão de cada jogo está disponível. Até mesmo por questões de preservação histórica, seria interessante ver como cada título se comportava no PlayStation, Sega Saturn, 3DO ou PC. O segundo e o terceiro capítulos também ganharam versões para o Game Boy Color, que são bastante diferentes das demais, mas não são consideradas aqui.

Levando em consideração o que a Konami fez com Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection, por exemplo, parece que o trabalho da Limited Run carece de algum carinho. Ela cumpre o propósito de trazer os games de Gex para a geração atual, e não muito mais do que isso — e, no caso do Switch 2, o trabalho até teve que ser retirado das lojas digitais como resultado de problemas de adaptação.

Mas e os games, são legais?

Felizmente, os jogos disponíveis no pacote não são nada ruins, embora seja preciso considerar o contexto em que eles se encaixam. O primeiro Gex é um game de plataforma competente, mas cujos controles podem parecer um pouco sensíveis, mesmo na versão atualizada.

Já os dois games seguintes adotam um esquema 3D no melhor estilo Super Mario 64. Isso significa que cada fase acontece em um ambiente semiaberto (e com muita neblina para compensar as limitações dos consoles da época), que têm diferentes objetivos. Ao cumprir um deles, ganhamos um controle-remoto e somos jogados para fora da fase, para recomece-la novamente em busca de outra missão.

Enquanto Gex: Enter the Gecko e Gex 3: Deep Cover Gecko não são excepcionais, eles funcionam bem e garantem algumas horas de diversão. A maior crítica a eles deve ser feita ao humor do protagonista, que soa bastante datado: se você entender a maioria das piadas, parabéns — você já se aproxima dos 40 anos de idade, como o autor deste review.

Como a coletânea da Limited Run Games se trata essencialmente de uma emulação, ela mantém inclusive os mesmos bugs e exploits do passado. Isso fica mais evidente nos jogos 2D, que costumam ter alguns problemas visuais bem notáveis. Nada que estrague a aventura, mas parece uma oportunidade desperdiçada o estúdio não se atentar a isso na hora de criar o pacote.

Vale a pena?

A Gex Trilogy vale a pena para quem é um fã da série e não quer recorrer à emulação, ou para aqueles que gostam de jogos de plataforma retrô. O pacote disponível peca por ser básico demais, e a falta de mais variações dos games disponíveis o torna uma ferramenta pouco eficiente de preservação. Pelo menos a qualidade dos títulos disponíveis permanece boa, apesar do mesmo não poder ser dito de seu estilo de humor.