Gears of War: Reloaded é a nova remasterização do clássico de 2006 do Xbox 360, prometendo ser uma versão mais definitiva ainda do que a edição definitiva de 2015, mas será que o jogo ainda vale a pena? É o que vamos descobrir hoje.

Em Gears of War: Reloaded, você controla o sargento (inicialmente soldado) Marcus Fenix, que inicialmente está preso por ignorar ordens militares. Marcus vive num planeta chamado Sera, que foi colonizado pelos humanos e que está em guerra há muitos anos. Tudo começou no Emergency Day, quando os Locust, uma raça alienígena altamente agrassiva, atacaram todas as grandes cidades dos humanos e exterminaram cerca de 1/4 da população do planeta. 17 anos depois, começam os eventos de Gears of War, com Marcus sendo solto da cadeia por Dom Santiago, e recebendo uma nova missão.
Para lançar o contra ataque contra os Locust, a COG (organização militar que lidera a resistência contra os Locust) tem um novo plano: usar uma bomba de luz dentro dos túneis do inimigo e extermina-lo na própria casa. Para tanto, eles precisam usar um ressonador dentro dos tuneis para saber onde a bomba deve ser posicionada, o problema é que o ressonador acabou sendo perdido, e é aí que Marcus entra. Ele e a equipe Delta devem encontrar o ressonador e resgatar sobreviventes, enfrentando ondas e mais ondas de inimigos.
Gears of War: Reloaded é um jogo de tiro em terceira pessoa com mecânicas de cobertura, ou seja, você é fortemente incentivado a abaixar a cabeça, ficar atrás de paredes ou muretas e tentar matar seus inimigos que saírem da segurança da cobertura antes que eles façam isso com você, seja flanqueando os inimgos ou vencendo eles na bala o mais rápido possível. Eu arrisco dizer que, quase 20 anos depois do primeiro jogo da franquia, eu não vi até hoje um jogo que faça isso melhor do que Gears of War e suas continuações. Atirar, esconder-se, correr quando é necessário é extremamente natural e muito bem executado, exceto por um pequeno problema: os ataques corporais.
Uma das características mais definidoras de Gears of War são as metralhadoras com serra elétrica, e uma das coisas mais chatas do jogo, que acontecia em 2006 e ainda acontece hoje, é o fato dos ataques corporais serem uma loteria, ou você acerta a porrada e mata o inimigo, ou ele te acerta e você ataca o vazio, aí quem se ferrou foi você, isso caso você esteja usando uma shotgun ou algo do tipo. Caso você esteja usando a serra elétrica, volta e meia Marcus demora para entender que ele tem que ligar a maldita, e você fica ali tomando porrada do inimigo no ar enquanto ele pensa “ok, talvez fosse bom eu usar a maldita da serra elétrica antes que esse cara me mate”.
Além deste pequeno detalhe, a inteligência artificial dos seus companheiros também deixa um pouco a desejar. Na maior parte do tempo, você está sendo acompanhado por um ou mais dos seus colegas da equipe Delta, e na maior parte das vezes eles estão apenas ali fazendo figuração e não ajudando muito nos enfrentamentos contra os Locusts. Você provavelmente vai matar mais de 90% dos soldados inimigos, e tudo bem, um jogo de tiro onde você não precisa atirar tanto não teria graça, mas houve mais de um momento em que eu tive que sair procurando pelo cenário algum inimigo que tenha sobrado e os meus colegas não tenham matado para poder prosseguir para a próxima área, quebrando um pouco o ritmo do jogo.
Para completar a sessão de reclamações, ainda há um pequeno detalhe: o acabamento do jogo. Gears of War original e sua Ultimate Edition pareciam jogos mais bem acabados do que Reloaded. Houve mais de um momento em que eu tive que recarregar um checkpoint para o jogo entender que deveria começar a próxima parte da missão por ter ficado preso em alguma falha de verificação, além da música de combate continuar tocando por bem mais tempo do que o tiroteio durou.
Fora esses pequenos detalhes, o combate de Gears of War continua excelente e muito prazeroso. Algo que eu não lembrava, e lembrei jogando novamente o jogo, foi o fato dos momentos de ação variarem bastante durante a campanha. Mais de uma vez você tem que fazer tarefas que não envolvem atirar em tudo que parece um réptil e se move pela tela, e isso é muito bom, já que Gears of War: Reloaded não sofre daquele problema de ser os mesmos 30 minutos de jogo pelas próximas 8 ou 10 horas.
As partes em que você enfrenta os malditos dos Kryll, por exemplo, são uma ótima quebra no gameplay, e que mostram como a Epic Games estava investida em criar uma experiência única para a época, e realmente ajudam a te dar a sensação de que, apesar de ser uma montanha de músculos com uma metralhadora, sim, você é vulnerável.
Infelizmente durante o meu review eu não consegui testar o modo multiplayer do jogo. Eu tentei pegar partidas mas o lobby nunca fechava, mas se a Microsoft entregar a mesma qualidade de partidas de 2006 e 2015, fãs dos tiroteios clássicos de Gears of War vão se divertir bastante com esse jogo.
No mais, Gears of War: Reloaded é o mesmo jogo que vimos em 2006 e em 2015, mas com novos gráficos e rodando dentro da Unreal Engine 5. A performance do jogo é impecável, e apesar da resolução e framerate aumentados, a Microsoft não tentou dar nova cara ao estilo de arte que a gente viu lá em 2006, e o resultado ficou bem legal, pois o que vemos aqui são novos sistemas de iluminação, sombra etc dentro daquele jogo.
A trilha sonora de Gears of War: Reloaded continua ótima e o jogo tem uma dublagem excelente também. Para completar, o jogo conta com legendas em português para que quem não tem domínio do idioma inglês entenda tudo o que está acontecendo na campanha.
Mas e aí, Gears of War: Reloaded vale a pena?
Gears of War: Reloaded segue um clássico extremamente divertido e que mostra como fazer um bom jogo de tiro em terceira pessoa. Eu torço para que esse esforço da Microsoft de criar uma versão mais definitiva do que a versão definitiva de 2015 não pare aqui e que os outros jogos jogos da trilogia original recebam o mesmo tratamento, pois a era de ouro de Gears precisa ser jogada por mais gente.
Review elaborado com uma cópia do jogo para o Xbox Series S fornecida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Gears of War: Reloaded é uma remasterização que mantém a essência do clássico de 2006, trazendo gráficos atualizados na Unreal Engine 5 e desempenho impecável, sem alterar o estilo visual original. A jogabilidade em terceira pessoa com mecânicas de cobertura continua sendo o ponto mais forte, entregando combates intensos e variados. Porém, alguns problemas persistem desde a primeira versão, como a inconsistência dos ataques corporais, a inteligência artificial limitada dos companheiros de equipe e falhas ocasionais no acabamento, que podem quebrar o ritmo da campanha.
Apesar dessas falhas, a experiência geral continua extremamente divertida e mostra por que Gears of War se consolidou como um dos melhores jogos de tiro em terceira pessoa. O enredo de Marcus Fenix e da equipe Delta ainda prende a atenção, a trilha sonora e a dublagem mantêm o padrão elevado e o game oferece legendas em português. No fim, Reloaded é um relançamento sólido que preserva o espírito da franquia e deve agradar tanto veteranos quanto novos jogadores, reforçando a importância da trilogia original.
Prós
- Excelente combate
- Ótimo ritmo de campanha
- Boa remasterização gráfica
Contras
- Problemas de Inteligência Artifical dos companheiros
- Problemas de acabamento no jogo (bugs de progressão)