Parte de uma série muito elogiada, mas pouco acessível no ocidente, Front Mission 2: Remake marca a primeira tradução oficial para o inglês que o jogo recebe em sua história. Apostando em uma trama política repleta de traições e combates, o RPG tático traz ideias interessantes e muitos desafios. Mas será que ele compensa a espera necessária para consegui-lo de forma mais acessível?
Em Front Mission 2: Remake acompanhamos a história de Ash Faruk, Thomas Norland e Lisa Stanley, três membros da Oceania Cooperative Union que estão alocados no país conhecido como Alordesh. Em meio a um golpe militar, eles são perseguidos pelo exército local e precisam encontrar um meio de sobreviver no que virou uma grande zona de guerra.
Para conseguir isso, eles contam com a ajuda de alguns aliados pontuais e de Wanzers, os robôs gigantes que marcam a história da franquia. Além de tentar sobreviver, eles precisam entender como a tentativa de golpe aconteceu e tentar evitar que seus líderes acabem sendo bem-sucedidos em suas intenções.
Front Mission 2: Remake tem foco nas batalhas
Toda essa trama se desenrola na forma de pequenas cenas narrativas entremeadas por batalhas táticas, que constituem o centro da experiência do jogo. Controlando robôs gigantes, os jogadores devem escolher quais peças querem usar em cada um deles e decidir a melhor maneira de usá-las em campos de batalha.
A seleção disponível compreende porretes, metralhadoras, lança-foguetes, escudos, lançadores de mísseis e diversas outras opções, cada uma delas dividida em uma grande variedade de equipamentos desbloqueáveis. Também é possível apostar em mochilas para destravar a capacidade de usar itens em meio à batalha e formas de fortalecer quesitos como a resistência ou a mobilidade de suas unidades.
Front Mission 2: Remake traz sistemas bastante complexos e não perde muito tempo ensinando o jogador como lidar com eles. Assim, é uma boa ideia passar algum tempo nos tutoriais do game antes de passar a encarar sua missão principal. No entanto, mesmo que você faça isso, é difícil não se deparar com alguns saltos de dificuldade desde o início da aventura.
Muito disso se deve à maneira um tanto aleatória como o game decide o resultado de confrontos. Quando você escolhe atacar um inimigo com uma arma, isso pode causar danos a seus braços, pernas ou ao tronco — sendo o último o definidor da energia principal de seu oponente.
No entanto, nem sempre há a garantia de que você vai atacar a área que deseja, principalmente quando algumas habilidades não foram desenvolvidas. Com isso, é normal que os turnos do jogo se arrastem bastante e o campo de batalha seja tomado por unidades que tecnicamente estão vivas, mas não podem fazer muito.
Isso porque, na prática, os elementos mais importantes de Front Mission 2: Remake são os braços dos robôs. Sem eles, não é possível fazer nenhum ataque, e uma unidade desprovida de equipamentos não serve para muita coisa além de virar uma isca para atrair a atenção de unidades inimigas.
Graças ao sistema de pontos de honra, com o tempo você consegue destravar habilidades que tornam as coisas um pouco mais fáceis. Elas envolvem desde um aumento no dano básico de seu Wanzer até garantias de que o primeiro ataque de um turno sempre vai focar nas pernas de seu oponente. Sabendo usá-las bem, dá para criar unidades bastante especializadas e muito poderosas nos momentos avançados do jogo.
Uma experiência raiz
Também é preciso ficar atento ao fato de que a inteligência artificial é bastante agressiva, mesmo nas fases iniciais. Dê a ela uma chance e suas unidades vão ficar cercadas e incapazes de atacar enquanto perdem sua vida lentamente a cada turno, causando dano somente nas poucas chances de contra-ataque disponíveis.
Para completar, é preciso ficar atento ao fato de que a maioria das armas do jogo têm restrições de munição. Enquanto isso é legal na hora de exigir que você bole bem suas estratégias de ataque, o sistema também pode causar algumas dores de cabeça. Em mais de uma vez, fui forçado a reiniciar uma batalha que durou mais de uma hora porque cheguei no último turno e não tinha como dar o golpe final em um inimigo.
Mesmo que ele não pudesse fazer nada para me atacar, meus personagens também não tinham como dar o golpe final que encerraria o confronto. Essa é uma prova de que, apesar de ter Remake no nome, Front Mission 2 se mantém uma experiência bastante fiel a suas raízes.
Para o bem e para o mal, isso significa que ele ainda tem alguns problemas de design que não seriam aceitos em jogos mais modernos. Ao mesmo tempo, eles ajudam a preservar a identidade do jogo e forçam você a se adaptar a ele, mesmo que isso seja feito na base da frustração.
Mas e aí, Front Mission 2: Remake vale a pena?
Além de finalmente preencher um buraco que havia ficado na história ocidental da franquia, Front Mission 2: Remake também traz algumas facilidades modernas. Agora é possível acelerar o ritmo das batalhas e da movimentação de seus personagens, bem como escolher uma trilha sonora inédita — que é tão boa quanto a original, que pode ser ligada a qualquer tempo.
No entanto, não espere encontrar aqui outras facilidades de jogos modernos. As batalhas do jogo podem ser brutais, e esse é um game que não dá brecha para quem não está disposto a aprender seus sistemas. Caso você seja um fã de títulos de estratégia por turno e queira ver como eles eram no passado, vale a pena conferir o game. Só se lembre de relaxar e não tentar destruir o controle do Switch nos momentos em que suas partes mais antigas causarem frustração. E se você ainda não jogou o primeiro jogo, não deixe de conferir nosso review de Front Mission 1st: Remake.
Review elaborado com uma cópia do jogo para Nintendo Switch fornecida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Trazendo uma nova história de guerra, Front Mission 2: Remake é um jogo focado em batalhas divertidas, mas que podem ser brutalmente difíceis e frustrantes. Caso você goste do gênero estratégia e procure por uma experiência mais retrô, a experiência é um prato cheio. Só fique atento porque alguns elementos de design podem acabar sendo um pouco frustrantes.
Prós
- Sistema de combates bastante complexo
- Customizar Wanzers pode ser viciante
- Uma história legal, embora não tão boa quanto a do primeiro
Contras
- Picos de dificuldade inexplicáveis
- Muitas telas de loading
- É preciso passar um bom tempo nos tutoriais para entender o game