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Firewatch – Review

No final da década de 90 algumas desenvolvedoras seguiam uma tendência de transformar jogos em verdadeiros “filmes interativos”. Talvez o melhor exemplo dessa época seja o clássico Phantasmagoria, desenvolvido pela Sierra e lançado em 1997. O game possuía cenas interpretadas por atores reais e contava também com alguns modestos efeitos especiais, que na época eram tidos como vindos “diretamente do futuro”. Hoje, o jogo é lembrado pelas cenas de violência intensa e pela sua tosquisse bizarra, mas talvez tenha sido uma das primeiras experiências da industria de jogos em criar jogos focados mais no enredo do que na ação propriamente dita.

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Atualmente vivemos uma fase ótima no que diz respeito a desenvolvimento de jogos. Hoje em dia, com o advento da categoria indie, somos brindados com verdadeiras obras de artes dos mais variados tipos e que abordam uma infinidade de assuntos diferentes, tornando o mercado muito mais competitivo para os estúdios, e muito mais interessante para o consumidor.

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No meio desse fervor todo, em 2014 a Campo Santo resolveu apresentar uma ideia diferente de jogo. Firewatch era um título que prometia te colocar na pele de um ranger americano durante o verão americano do 1989 no estado de Wyoming. Seu objetivo primário prometia ser a manutenção da natureza enquanto permitia que o jogador se aventurasse pelos belos cenários, atento sempre a menor manifestação de fogo ou de qualquer outro tipo de perigo. Desde aquela época o conceito chamou a atenção, bem como os gráficos, mas o produto final acabou saindo diferente do que se planejava.

Antes de mais nada, é preciso mencionar que Firewatch não é para todo mundo. Alguns até não o consideram como um jogo, e talvez ele realmente não seja se você considerar o tipo de game ao qual estamos acostumados. A verdade é que Firewatch esta longe de não ser interessante e acaba por ser uma experiência ímpar para qualquer uma que busque uma história cativante e intensa.

Quem espera algo relacionado a simulação de sobrevivência em um ambiente hostil, quebrará a cara. Eu sei que já faz algum tempo desde que a Campo Santo “mandou a real” sobre Firewatch, mas se você é como eu que evita saber muito sobre o jogo antes do seu lançamento para que a experiência seja a mais pura possível, pode acontecer de você comprar este título pensando que ele é algo totalmente diferente do que é.

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Mas e do que se trata afinal? Bom, nada mais é do que uma história sendo contada. A melhor forma que consegui pensar para descrever a sensação que tive ao jogar Firewatch é de que me senti como se estivesse lendo um livro. Diferentemente de uma série ou filme, as informações vão sendo passadas para o jogador de maneira mais cadenciada, na forma de capítulos curtos como os de um livro mesmo, o que faz com que você sinta-se inclinado a continuar jogando cada vez mais até descobrir realmente o que esta acontecendo.

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Ao jogador, é dada a tarefa de controlar Henry (dublado por Rich Sommer de Mad Men), um cara que parece ser muito gente boa mas que devido aos problemas pessoais acaba tomando decisões não muito inteligentes. Aliás, o prelúdio do jogo não possui ação e nem mesmo imagens, mas me impactou de uma forma que poucos títulos conseguiram.

Em busca de um pouco de paz e de tempo pra organizar as suas ideias, Henry decide aceitar o emprego de Ranger na floresta nacional de Shoshone e passar 3 meses isolado do mundo, não ficando totalmente solitário apenas por que a sua supervisora Delilah o contata constantemente através de um pequeno rádio portátil. O jogador pode escolher como conversar com Delilah e grande parte dos acontecimentos do jogo são baseados no diálogo entre os dois. Com o passar do tempo e dos dias que se seguem, alguns acontecimentos estranhos vão sendo percebidos e um clima de tensão se estabelece. É incrível ver como a Campo Santo conseguiu criar um game que te proporciona uma imersão tão forte, já que em alguns momentos eu realmente me senti na pele de Henry e me senti tão tenso como se estivesse jogando um outro jogo de terror qualquer.

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E é exatamente aqui que o jogo mostra-se diferente do que muitos esperavam. Não espere combates à incêndios ou situações de sobrevivência. O foco do jogo passa a ser o mistério que percola através do enredo. A busca de Henry e Delilah pela verdade e por qualquer explicação lógica que defina o que esta acontecendo. Não se espante inclusive se em determinado momento da sua jogatina você não parar pra se perguntar o que realmente esta acontecendo. Será um maníaco assassino solto pela reserva? Uma experiência bizarra criada pelo governo? Ou sera alguma entidade paranormal que assombra as florestas de Shoshone?

Essa dúvida é que vai te fazer continuar seguindo em frente enquanto explora os belos cenários desta reserva nacional. Aliás, exploração é parte importante de Firewatch já que você terá de percorrer praticamente todo o mapa a pé, guiando-se apenas pelos pontos cardeais e instruções de sua supervisora. Sinta-se livre para perguntar as direções caso esteja perdido ou de tomar alguma rota alternativa caso prefira revisitar alguma localidade.

Outro ponto bacana é que em determinado momento você encontra uma daquelas câmeras descartáveis que eram muito comuns nos anos 80/90. Com ela, você pode registrar algumas belas imagens do cenário do game e após terminá-lo, receber as fotos no seu e-mail ou até mesmo compra-las emolduradas diretamente do site do jogo. Claro que essa funcionalidade não é tão convidativa aqui no Brasil, mas caso você more no exterior, talvez ela torne-se muito mais interessante.

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Os gráficos de Firewatch são incríveis. É sério. Apesar de terem sido concebidos de forma minimalista e cartunesca em alguns momentos, a beleza das localidades do jogo parecem reais e vivas. Existem alguns pequenos bugs aqui e ali, erros de renderização que as vezes acabam até quebrando o ritmo da imersão, mas que provavelmente serão corrigidos muito em breve com algum patch de atualização.

Apesar de eu ter apreciado bastante a experiência, confesso que Firewatch me foi sim, um pouco decepcionante. Me senti surpreendido positivamente pelo que o jogo é, mas senti que ele podia ser ainda mais. Alguns objetos que pareciam oferecer alguma utilidade durante o jogo acabam sendo meramente estéticos e de nenhuma ajuda. Os baús de suprimentos que eu esperava encontrar recheados de itens úteis, acabam na mostrando-se verdadeiras caixas de lenha. Não espere encontrar nada que vá te ajudar dentro de um deles, mas pode ser que você acabe achando alguns itens interessantes e que valham a pena ser conferidos por conterem algumas informações adicionais.

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Em alguns momentos, o game parece ser simples demais ao ponto de me fazer considerar se algo não acabou sendo cortado do projeto inicial por falta de verba ou algo parecido. A própria campanha é muito curto e acaba surpreendendo por terminar de forma tão abrupta. Firewatch tem tudo que precisa para ser chamado de satisfatório, mas nada além disso.

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Resumindo, o game se baseia em te colocar como personagem ativo de uma trama muito bem elaborada, cheia de reviravoltas e que apresenta uma clima tenso e sufocante. Não espere fazer mais nada a não ser andar e apreciar a paisagem. Nada de ação, nem de combate a incêndios ou de coletar recursos para sua sobrevivência. Aqui, o objetivo é te contar uma história e a sua recompensa. Caso você procure algo mais empolgante, talvez Firewatch não seja para o seu gosto.

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Resumo para os preguiçosos

Firewatch é um diferente do que estamos acostumados. Focado no enredo, o jogo surpreende pela história empolgante e pelos belos gráficos mas em alguns momentos peca pelo excesso. Possibilita uma experiência intensa e imersiva, mas demasiadamente curta.

Nota final

75
Saiba mais sobre os nossos métodos de avaliação lendo o nosso Guia de Reviews.

Prós

  • Gráficos impressionantes
  • Alta imersibilidade
  • Cenário vivo e intenso
  • Enredo bem construído e empolgante

Contras

  • A falta de ação pode não agradar alguns jogadores
  • Pouca duração (cerca de 4 horas de campanha)
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João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.