Fatal Fury: City of the Wolves é o primeiro capítulo de uma das franquias pioneiras do gênero de luta quase 25 anos e com uma missão e tanto pela frente, já que seu antecessor, Garou: Mark of the Wolves, é considerado por muitos como um dos melhores, senão o melhor jogo de luta já feito. Como esse jogo se sai diante dessa tarefa?
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Em Fatal Fury: City of the Wolves, vemos o retorno de Terry e Rock Howard em South Town atrás de novas aventuras. O jogo conta com 17 personagens no lançamento, incluindo nomes conhecidos de Mark of the Wolves e quatro novos lutadores.
Entre os destaques estão Preecha, uma cientista lutadora de Muay Thai fácil de usar, e Vox Reaper, um personagem focado em pressão com velocidade e ataques difíceis de reagir. Além dos dois, citados, temos ainda dois personagens que caíram de paraquedas dentro da franquia: Cristiano Ronaldo e o DJ Salvatore Ganacci.
Apesar de divertidos mecanicamente, suas aparições não combinam com o estilo visual ou o universo de Fatal Fury, e Ronaldo sequer tem história nos modos single-player, ou seja, era melhor eles terem sido adicionados depois do lançamento e este espaço ter sido preenchidos por personagens que fazem sentido dentro da trama de Fatal Fury, como os companheiros de longa data de Terry, seu irmão Andy Bogard e amigo Joe Higashi.
O jogo possui basicamente dois modos para quem quer jogar sozinho: o modo Arcade e o modo de Episódios de South Town. O primeiro é bastante tradicional, com cada personagem vivendo suas próprias motivações em South Town e enfrentando os adversários enquanto veem seus arcos se desenvolverem.
Aqui, temos personagens enfrentando fantasmas do passado, personagens encontrando pessoas que achavam estar perdidas e assim por diante, em sequências de seis lutas que já começam desafiadoras.
Já o modo Episodes of South Town lembra bastante o modo World Tour de Street Fighter Alpha 3, onde você viaja de local para local da cidade enfrentando outros adversários, subindo o nível do seu personagem e desenvolvendo uma história diferente da história do Arcade mas que também se encaixa bem dentro dos arcos dos personagens do game.
O principal diferencial de City of the Wolves é a ausência de mecânicas como dashes rápidos universais, teletransportes ou ações que ignoram projéteis. Isso faz com que cada personagem tenha formas distintas — e arriscadas — de se aproximar. O foco na “batalha mental” remete aos tempos clássicos da franquia e recompensa jogadores que dominam o espaço e o tempo de reação, porém é importante ressaltar que os danos de contra-golpes parecem um pouco exagerados nesse lançamento.
O novo sistema Rev Meter também traz profundidade estratégica. Ele começa zerado a cada round e enche com bloqueios ou uso de técnicas especiais, como EX moves, Rev Guard (defesa com empurrão) e Rev Blows (ataques com armadura). Ao atingir 100%, o jogador entra em “overheat”, o que o impede de usar esses recursos e o deixa vulnerável à quebra de guarda, semelhante ao que Street Fighter faz, por exemplo, mas como você ainda possui uma chance de continuar lutando antes desta quebra acontecer, ele parece um pouco mais permissivo ao uso e abuso dos bloqueios.
Os Rev Blows, no entanto, parecem meio desbalanceados. Eles são um sistema de ataque parecido com os Drive Impacts de Street Fighter 6, causando um monte de dano e custando pouco especial. Eles ficam disponíveis apenas em uma parte da sua barra de vida durante o combate (da mesma forma como o antigo sistema de Top In de Garou Mark of the Wolves) e só podem ser contra-atacados por outra habilidade Rev Blow do seu adversário, então você terá que fazer o máximo que puder para manter-se nesse estado enquanto o seu adversário vai tentar tirá-lo dele o mais rápido possível.
O jogo conta com rollback netcode, essencial para lutas online modernas. Em geral, as partidas fluem bem, mas em conexões ruins o sistema ainda falha em manter o jogo responsivo — com atrasos perceptíveis e comandos que não registram. O sistema de partidas, replays e modos online é completo, mas a interface de navegação, especialmente nos menus de salas, é confusa e antiquada, destoando do estilo refinado das lutas.
Graficamente, Fatal Fury: City of the Wolves é um belo jogo dentro do estilo que a SNK adotou para seus jogos nos últimos anos. O jogo funciona muito bem sem nenhum tipo de engasgo e possui alguns golpes muito bem animados e cheios de efeitos especiais, mas o jogo está um degrau abaixo dos jogos de primeiro escalão do gênero em termos gráficos.
A trilha sonora do jogo é boa, com algumas músicas muito épicas e bons efeitos sonoros, e apesar de legendas em português não serem tão necessárias num jogo de luta como num RPG por exemplo, elas estão presentes e sem nenhum tipo de erro de localização.
Mas e aí, Fatal Fury: City of the Wolves vale a pena?
Fatal Fury: City of the Wolves é um jogo de luta bastante sólido e que diverte quem dá uma chance para ele, mas respondendo à minha pergunta inicial, não, ele não supera Garou e dificilmente conseguiria fazer isso, mas mesmo não conseguindo, ele ainda é um jogo bem interessante e que vai agradar a veteranos da franquia e jogadores de jogos de luta que procuram por outra alternativa para trocar uns socos aqui e ali, ainda que pertença a uma prateleira abaixo em relação aos seus principais concorrentes.
Elaboramos este review com uma cópia do jogo para PlayStation 5 fornecida pela publisher.
Resumo para os preguiçosos
Em Fatal Fury: City of the Wolves, os eventos retornam para a clássica South Town, com destaque para a presença de personagens como Terry Bogard e Rock Howard, que voltam à cidade em busca de novos desafios. O jogo traz 17 personagens jogáveis no lançamento, incluindo lutadores icônicos de Garou: Mark of the Wolves, quatro novatos e dois convidados do mundo real — Cristiano Ronaldo e Salvatore Ganacci. Cada personagem conta com seu próprio arco narrativo no modo Arcade, explorando temas como reencontros, rivalidades e confrontos com fantasmas do passado.
Além do Arcade, o jogo apresenta o modo Episodes of South Town, uma campanha com progressão de níveis inspirada em RPG, que permite vivenciar narrativas alternativas e mais completas para cada personagem. Nessa jornada, o jogador enfrenta inimigos em diferentes regiões da cidade, desbloqueando novas habilidades e evoluindo atributos enquanto acompanha histórias que expandem a mitologia da série. Ainda que alguns personagens convidados destoem do universo do jogo, os modos single-player oferecem conteúdo narrativo suficiente para engajar tanto veteranos quanto novos jogadores.
Prós
- Bom sistema de luta, bastante divertido
- Faz o básico muito bem
Contras
- Cristiano Ronaldo e Salvatore Ganacci não combinam em nada com o jogo
- O jogo parece uma prateleira abaixo em comparação com os maiores jogos de luta do gênero
- Faz bem o básico, mas só faz o básico