Fantasian: Neo Dimension – Análise – Vale a Pena – Review

Fantasian: Neo Dimension é o jogo mais recente de Hironobu Sakaguchi, pai da franquia Final Fantasy, e Nobuo Uematsu, compositor da trilha sonora de Final Fantasy I a X. Com a proposta de resgatar conceitos das aventuras clássicas da franquia, esse jogo originalmente lançado em duas partes para o Apple Arcade em 2021 agora finalmente está disponível para PC, PlayStation 5, Nintendo Switch e Xbox Series, mas será que ele vale a pena?

https://youtu.be/AzeCJVAIPjo

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Em Fantasian: Neo Dimension, você controla Leo, um jovem que perdeu a memória e que, no começo do jogo, se encontra no Mundo das Máquinas. Logo após um rápido prólogo, ele acaba voltando ao mundo dos humanos e agora precisa descobrir não só quem ele é, mas o que ele estava fazendo no mundo das máquinas e impedir que elas acabem com o mundo dos humanos, pois em diferentes partes do mundo, uma espécie de “vírus máquina” está infectando e tomando partes do mundo.

E assim começa a aventura de Fantasian, um jogo onde você vai ver basicamente o que seria um Final Fantasy da geração do PS1 sendo criado na década de 2020. Se você esperava um jogo AAA super realista e com sistemas de ponta, sinto muito, mas não é isso o que você vai encontrar aqui. Fantasian é uma espécie de “obrigado” de Sakaguchi aos fãs que acompanharam sua trajetória ao longo das décadas em que ele esteve à frente da antiga SquareSoft, e meio que um “best of” destes momentos.

Em diversos pontos da história nós vemos o humor característico dos primeiros capítulos da franquia Final Fantasy, além de alguns arquétipos de personagens que também vão nos lembrar alguns personagens clássicos, como o próprio Leo, Kina e assim por diante.

Além disso, vemos o retorno das histórias contadas em forma de texto, imagens estáticas e músicas, semelhante ao que Lost Odyssey, exclusivo de Xbox 360 também desenvolvido pela Mistwalker, fez. Nesses momentos, o jogo aproveita para se aprofundar mais na história e revelar detalhes das trajetórias de cada um dos personagens e, combinado à trilha sonora de Nobuo Uematsu são alguns dos momentos mais emocionantes do jogo.

Assim como a história, os sistemas de RPG de Fantasian também são bem clássicos, com você enfrentando batalhas aleatórias, combates por turno e assim por diante, mas Sakaguchi fez algumas modificações em alguns destes sistemas que deixaram o jogo muito mais ágil e de acordo com as necessidades modernas dos fãs.

A primeira grande modificação é o Dimigeon, que é um item que você obtém após a primeira hora de jogo e que serve basicamente para você decidir quando você vai enfrentar os inimigos no jogo. Ele funciona da seguinte forma: ao ser ativado, o Dimigeon “captura” adversários e os envia para uma outra dimensão caso você já tenha derrotado eles pelo menos uma vez no cenário.

Caso contrário, você enfrenta o inimigo normalmente. Conforme você avança pelo mapa, ele vai acumulando monstros, até o momento em que você tem 30 deles. Nesse momento, se o Dimigeon capturar mais algum inimigo, ele transborda e você deve enfrentar todos os adversários de uma vez, mas caso você prefira, você pode enfrentá-los em menor quantidade na hora que preferir.

Dessa forma, você só enfrenta inimigos nas dungeons uma vez nos combates aleatórios, e pode guardá-los para derrotá-los todos de uma vez em frente a um save point ou um lugar de descanso, e assim ganhar toda a experiência de uma vez. Isso ajuda bastante na hora do grind para subir de níveis, que é necessário em alguns pontos chave do jogo, mas como Fantasian tem um sistema de combate divertido, essa necessidade de enfrentar adversários não chegou a me incomodar.

Outra modificação que Fantasian faz em relação aos RPGs que Sakaguchi já desenvolveu é no sistema de combate. A primeira delas é que você pode enfrentar dezenas de inimigos de uma vez só, que vão aparecendo de forma escalonada nos combates (começa com 6, e mais 3 vão aparecendo por turno, por exemplo).

Além disso, o combate funciona por áreas dentro do campo de batalha. Por exemplo, Leo só consegue atingir um adversário por vez em linha reta com o ataque dele, mas depois dele desbloquear uma habilidade, ele consegue atravessar os adversários com um corte em linha reta que pode atingir um ou mais deles. Já Kina, por ser uma usuária de magias, consegue curvar as magias dela, que podem assim atingir vários inimigos e inclusive evitar algum adversário que bloqueie o ataque dela.

Além dos dois, outros persoangens como Cheryl usa ataques por áreas, ou seja, o ataque dela segue o padrão de um círculo, que pode atingir todos os adversários que estiverem dentro da área desse ataque. Com isso, o combate fica bem mais estratégico, e o jogo consegue oferecer muitos desafios variados conforme a campanha dele vai avançando.

Para completar as modificações, Leo e seus amigos possuem um item chamado “Warp Device” que, como o próprio nome sugere, permite a você se teletransportar entre os mapas que você já visitou anteriormente. No jogo, é revelado que você consegue ir para qualquer lugar que Leo se lembra, o que é um problema já que ele é um amnésico, mas que serve para forçar você a ir manualmente a todas as áreas do jogo pelo menos uma vez para desenvolver essa memória.

Aqui, eu gostaria que o jogo tivesse feito mais uma pequena alteração, que seria o fato de poder salvar quando o jogador desejasse, já que você só pode salvar o jogo em pontos de salvamento, uma mecânica que infelizmente prejudica quem está jogando num console e precisa fazer uma pausa, por exemplo, agora imagine no iPhone, se você recebe uma ligação e o jogo acaba fechando sozinho. Até por isso, eu preferi fazer a análise do jogo no Switch, que pode ser colocado em modo suspenso a qualquer instante e não tem chance do jogo fechar sozinho (coisa que já me aconteceu no Xbox e no PS5 mais vezes do que eu gostaria).

Graficamente, Fantasian parece um jogo de transição entre as gerações do PS1 e do PS2 no bom sentido. O jogo combina modelos 3d estilizados com cenários que também são 3D mas que têm a aparência daqueles cenários pré-renderizados da geração do PS1, que vão trocando de ângulo em tempo real conforme você avança neles.

Em alguns momentos, esses cenários parecem borrados em relação à definição dos personagens, quando a câmera se aproxima, e fica parecendo que estamos jogando um jogo de PS1 com aumento interno de resolução, o que dá um certo charme ao jogo, já que a ideia é realmente ser um jogo que apela à nostalgia dessa época.

Neste review, eu joguei o jogo na versão de Nintendo Switch, e ela roda a contento na maior parte do tempo. Há alguns soluços aqui e ali, principalmente nas batalhas do Dimigeon quando novos monstros aparecem no campo de batalha, mas um detalhe que talvez incomode os jogadores dessa plataforma precisa ser ressaltado: os tempos de carregamento nas batalhas é mais longo do que eu gostaria que fosse, principalmente no começo do jogo, quando você não pode decidir quando vai desligar os encontros aleatórios.

Já a trilha sonora de Fantasian: Neo Dimension é simplesmente Nobuo Uematsu fazendo o que ele sempre fez ao longo da carreira dele, alternando entre músicas emocionantes, temas de batalha que deixam a adrenalina do jogador lá em cima e assim por diante. Ficou faltando talvez um tema mais marcante no jogo, além da mixagem ter deixado a música muito baixa em relação às vozes dos personagens e dos ataques (algo que dá pra arrumar no menu) mas o trabalho foi realmente bastante sólido.

Aqui, ainda é importante ressaltar um detalhe: infelizmente Fantasian não tem legendas em português, ou seja, dá pra jogar o jogo apenas em inglês, o que é uma pena de verdade, já que Fantasian é um jogo que eu me diverti demais jogando, mas se o idioma não for um problema para você, realmente recomendo dar uma chance a esse jogo.

Mas e aí, Fantasian: Neo Dimension vale a pena?

Fantasian: Neo Dimension é exatamente o que os fãs que dizem que “Final Fantasy não é mais como antigamente” deveria ser, um jogo feito pelo pai da franquia, com seus clichês e sistemas clássicos aliado a uma trilha sonora matadora feita pelo maior compositor de trilhas da história do videogame.

O jogo não aborda apenas temas bobos, e a história pode te surpreender de vez em quando, sendo um prato cheio para quem é fã de RPGs clássicos principalmente das gerações do SNES e do PS1.

Review elaborado com uma cópia do jogo para Nintendo Switch fornecido pela publisher.