Se você acompanha o cenário brasileiro de jogos ou é fã de games de suspense focados em resolução de puzzles, provavelmente já ouviu falar de Enigma do Medo, o jogo desenvolvido por Cellbit em parceria com a equipe da Dumativa. Nós, do Critical Hits, tivemos a oportunidade de experimentar o game e hoje falamos se ele vale ou não a pena.

Em Enigma do Medo, controlamos Mia, acompanhada de seu fiel cachorrinho, Lupi, em uma jornada para encontrar seu pai, Veríssimo. No entanto, essa missão não é tão simples. Para descobrir o paradeiro dele, é necessário explorar a área onde a Ordem investigava os estranhos acontecimentos envolvendo a Família Strach. Conforme avançamos na história, revelamos detalhes sobre o que aconteceu ali, tanto com os Strach quanto com os membros da Ordem Paranormal.
Não vou me aprofundar muito na história porque esse é o tipo de jogo em que a experiência de descobrir os detalhes por conta própria faz toda a diferença. Mas algo que vale destacar é que não é preciso ter acompanhado o RPG de mesa Ordem Paranormal para entender a história do jogo. Apesar de conhecer a premissa da série, ainda não tive a chance de assisti-la, e isso não afetou em nada minha experiência. O jogo faz um ótimo trabalho em apresentar seus personagens e contextualizar os acontecimentos, tornando tudo acessível até para quem está chegando agora nesse universo.

A maior parte da jogabilidade ocorre no controle de Mia, mas há momentos em que Lupi auxilia na resolução de puzzles ou na travessia de áreas inacessíveis. Um dos primeiros exemplos disso acontece logo nos minutos iniciais, quando precisamos usar o cachorro para atravessar um buraco na cerca e destrancar um portão.
Mia conta com diversos itens que ajudam na exploração e no combate. O Kit Médico restaura a vida, caso tomemos dano de um Zumbi de Sangue ou outro inimigo. A Lanterna e a Lanterna UV são úteis para iluminar o caminho e revelar mensagens ocultas. O Pé de Cabra serve para quebrar caixas, portas e atordoar inimigos furtivamente. Além disso, há também uma pistola, usada para eliminar inimigos que detectaram sua presença.
O combate em Enigma do Medo é relativamente simples: podemos eliminar inimigos sorrateiramente ou enfrentá-los usando munição. Fora os encontros contra chefes ou inimigos específicos que não podem ser derrotados diretamente, não há mecânicas muito inovadoras nessa parte. Então, se você esperava combates complexos, pode acabar se decepcionar um pouco.

O que realmente me prendeu no jogo foi a exploração e a forma como os enigmas foram construídos. Antes de o mundo do jogo se abrir completamente, passamos por uma sequência dentro da Mansão, e já ali dá para entender bem como a progressão funciona.
Em cada local, encontramos toca-fitas com registros da Ordem e documentos que trazem informações sobre os Strach e os próprios investigadores. Além de serem ótimos para construir a história, esses registros são essenciais para resolver os puzzles. Prestar atenção nos documentos e gravações é fundamental para avançar no jogo.
Se você ficar travado, pode contar com a ajuda de Agatha e Samuel, que se comunicam pelo rádio. Sempre que encontramos um novo documento ou pista, podemos consultá-los para obter dicas gerais sobre o que fazer a seguir. Esse sistema é muito útil para quem não quer recorrer a um guia, mas também não deseja ficar preso por muito tempo.
O jogo tem dois modos de dificuldade:
- Detetive – não salva os documentos encontrados, exigindo que o jogador registre as informações por conta própria.
- Normal – salva tudo automaticamente no Mapa Mental de Mia, onde podemos revisar pistas e acompanhar nosso progresso.
Escolhi o Modo Normal porque, sinceramente, não sou dos melhores jogadores quando o assunto é puzzle. Nesse modo, também podemos visualizar a planta de cada área e ver quais salas já foram completadas. Se um local estiver marcado em verde, significa que todos os documentos ali já foram encontrados, o que ajuda a evitar que deixemos algo para trás.
O Mapa Mental é um recurso realmente útil para acompanhar a exploração e evitar deixar algo para trás, mas um bug recorrente acontecia toda vez que eu o utilizava. Sempre que eu saía do Mapa Mental e voltava para o jogo, a tela parava de acompanhar Mia, fazendo com que, em muitos momentos, a personagem saísse de cena até que o jogo centralizasse a câmera novamente. O tempo para a tela normalizar variava bastante: às vezes eram apenas alguns segundos, outras vezes eu precisava abrir e fechar o mapa novamente para a tela se reajustar.

Um dos aspectos que mais me impressionou foi a direção de arte. Os cenários 3D são incrivelmente bem trabalhados, e os personagens em pixel art 2D criam um contraste muito bonito. Desde as áreas externas do Perímetro até os interiores do Castelo e da Caverna, tudo foi feito com um nível de detalhe que mostra o carinho colocado no jogo.
Além do visual, a trilha sonora e o design de áudio merecem destaque. O jogo cria uma imersão absurda com seus sons ambientes, os grunhidos dos monstros e a escolha das músicas. Mas a cereja do bolo, sem dúvida, é a dublagem. O elenco conta com alguns dos nomes mais talentosos da dublagem brasileira, e o trabalho foi impecável. Cada personagem tem uma interpretação marcante, o que contribui muito para a imersão, elevando ainda mais a experiência narrativa.
Mas e aí, Enigma do Medo vale a pena?
Enigma do Medo é uma excelente adição ao cenário brasileiro de games, entregando uma experiência imperdível para os fãs de suspense e puzzles. Embora o combate seja simples e sem grandes inovações, o jogo brilha na exploração, nos enigmas e na construção de um universo rico e intrigante.
Além disso, com uma direção de arte caprichada, uma trilha sonora fantástica e uma dublagem impecável, Enigma do Medo mostra que o cenário brasileiro de games pode entregar títulos de altíssima qualidade.