Elden Ring: Nightreign marca o inicio de uma nova empreitada polêmica da Fromsoftware, onde eles estão tentando fazer jogos com maior foco no multiplayer. A pergunta que fica é: será que Nightreign faz jus ao legado da empresa? É o que vamos descobrir na análise de hoje.
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O jogo se passa em um universo paralelo onde Lordes da Noite apareceram e distorceram completamente Limgrave, com a “Grande Noite” se iniciando e a única esperança das terras intermédias sendo os campeões lendários que vão enfrentar e tentar repelir a noite e os lordes.
A história é bem básica e serve apenas como pano de fundo para justificar 3 jogadores se juntarem no mapa e descerem a porrada nos lordes da noite. Ainda assim, deixa um gosto amargo na boca, já que a Fromsoftware é conhecida por ter histórias de alto nível e muito bem escritas, enquanto em Nightreign até mesmo a história dos 8 campeões iniciais são bem genéricas.
Antes de começarmos a falar da gameplay, é importante dizer que eu, Valteci Junior, sou um dos maiores fãs que a Fromsoftware tem, amei todos os jogos desde o Demon Souls e é importante dar esse contexto, já que tem muita coisa pra falar sobre Nightreign e esse review está vindo de alguém que queria muito amar esse lançamento.
Gameplay, mecânicas e combate
Elden Ring: Nightreign é quase um Rogue-like que pega elementos dos jogos anteriores da Fromsoftware e mistura com alguns elementos pontuais de jogos Battleroyale, como a névoa que vai fechando o mapa em algum ponto aleatório.
O loop de gameplay é simples: Você começa o primeiro dia explorando os arredores e farmando para repelir a primeira noite, que será um chefe desafiador e é aqui que a grande maioria dos chefes de Dark Souls vão aparecer. Após a primeira noite, você terá um último dia para explorar Limgrave, tentar subir de nível e pegar equipamentos melhores enquanto mata chefes e explora masmorras por aí.
O senso de urgência é gritante e todos os 3 jogadores ficam sob constante pressão por conta do círculo fechando, é preciso planejar bem a rota e de forma eficiente. Decisões sobre o que fazer e o que não fazer vão ser cruciais para fazer com que o time chegue forte na segunda noite.
A segunda noite é bem semelhante com a primeira, onde um chefe aleatório vai aparecer e caso você morra, é game-over na hora e precisa começar tudo de novo. Mas com o chefe derrotado, nós vamos direto para o covil do lorde da noite enfrentar a última ameaça.
Temos 8 lordes da noite no lançamento e todos eles são originais, feitos especialmente para Nightreign. Os lordes são bem difíceis, táticas comuns de jogos anteriores da Fromsoftware de chamar atenção do chefe enquanto os outros 2 jogadores batem não vai funcionar. Os lordes foram pensados para lutar contra 3 pessoas ao mesmo tempo e vão usar de recursos criativos para manter os 3 sob pressão a todo momento.

As batalhas finais contra os lordes é sem dúvida a parte mais legal do jogo, onde é possível identificar aquele DNA da Fromsoftware de forma nítida e quase todas as lutas são bem criativas e divertidas.
Todo o loop de gameplay que falamos aqui tem uma premissa interessante e diverte nas primeira 4-5 horas de jogo. Mas ele sofre do mesmo problema que a maioria dos Rogue-likes medianos tem, que é a repetitividade.
Existem eventos que alteram o mapa, temos 8 classes distintas para escolher e a gameplay varia bastante entre elas. Ainda assim, o jogo cai na mesmice muito rápido e enjoei do loop de 2 dias farmando para enfrentar os lordes antes mesmo de ter matado todos eles.
As dungeons tem pouquíssimas variações entre si e nas primeiras 3 partidas você praticamente vê tudo que existe de dungeon comum e a partir daí o jogo vira um grande repeteco e re-uso de assests pra todo lado. Fromsoftware é conhecida por não ter medo de reutilizar coisas de jogo antigo, mas aqui eles perderam a mão completamente, já que o conceito do jogo é um re-uso do Elden Ring base e ainda por cima as dungeons do jogo são totalmente iguais e repetitivas.
A melhor parte é enfrentar os lordes, mas para fazer isso é preciso passar 45 minutos em uma corrida por recursos onde muita coisa pode acontecer e que vai te frustrar mais vezes do que gostaria. Mesmo sendo bem atencioso e planejando bem a rota, o rng das mudanças do mapa pode te punir severamente e acabar te fazendo perder a run antes mesmo de lutar contra o chefe, e aí é mais 45 minutos pra chegar na parte do jogo que realmente vale a pena.
Lutas contra chefes sempre foram um dos pontos altos da Fromsoftware, mas em jogos antigos como Dark Souls e o próprio Elden Ring base você podia ficar horas enfrentando o mesmo chefe sem parar, já que ao morrer você volta diretamente pra ele. Mas em Nightreign ao morrer é preciso esperar quase 1 hora num gameplay chato para aproveitar isso novamente.
Sinto que a ideia central do jogo até que soa promissora, mas não combina em nada com a fórmula da Fromsoftware. Uma das coisas mais legais de todos os jogos deles é a exploração contemplativa, aproveitar o jogo devagar e no seu tempo. Tirar isso é arrancar uma parte estrutural dessa fórmula e fazer todo o resto que seria legal cair em miséria.
Outro ponto crucial que contribui diretamente para essa insatisfação é que os chefes das 2 primeiras noites são bem repetitivos e com muita reciclagem de inimigos do próprio Elden Ring base, sendo que um dos selling points do jogo era revisitar os chefes de Dark Souls. Mas no lançamento de Nightreign eles são raros e poucos, quem estava esperando se deleitar enfrentando o Rei Sem Nome e outros chefes icônicos diversas vezes, vai se frustrar profundamente.
Uma coisa importantíssima que também afeta diretamente sua percepção com o jogo é que, caso você não tenha amigos e tenha que jogar com pessoas aleatórias, é muito importante que um dos 3 tenha experiência com a Fromsoftware para liderar a equipe, o jogo fica muito frustrante quando os parceiros de equipe estão perdidos.
Nightreign também deveria ter uma opção de entrar um terceiro jogador caso alguém caia no meio da partida, já me aconteceu de uma pessoa simplesmente sair e todo aquele tempo é jogado no lixo, já que 2 pessoas deixa a situação bem complicada para terminar a run.

Apesar dessa lista enorme de reclamações, o jogo ainda tem seus momentos marcantes, mas a diversão vem de 2 fatores que não são mérito próprio do jogo e da ideia central dele. Jogar com amigos é sempre divertido e isso diminui a sensação de repetição, o jogo não tem chat por voz implementado, mas não é difícil entrar Discord e se divertir conversando.
No meu caso durante o tempo de embargo, joguei por cerca de 40 horas, matei todos os lordes diversas vezes e tive sorte de ter muitos amigos que trabalham no meio e também estavam encarregados de jogar para review, isso fez com que a experiência fosse minimamente interessante. E claro, tentei jogar sozinho algumas partidas e tudo que falei de ruim até agora foi multiplicado infinitamente, é sem dúvidas um jogo terrível para quem não tem amigos.
O segundo fator que é legal, mas que também não é mérito de Nightreign é que a base dele é magnifica, Elden Ring é um dos melhores jogos de todos os tempos e é impossível um jogo que tem ele como base ser totalmente ruim. O combate é prazeroso e isso com amigos cria muitos momentos interessantes e de boas risadas, mas isso só existe porque já aproveitou um trabalho bem feito, é tipo o amigo copiando o trabalho nota 10 do outro amigo e os pontos altos desse trabalho não é mérito dele.
Apresentação audiovisual
Já na parte audiovisual, Nightreign é quase o que se espera de um jogo da Fromsoftware, o “quase” é devido a trilha sonora que está abaixo da média do que eles costumam entregar. Não chega a ser ruim, mas tem músicas que não combinam nada com as lutas de chefe, principalmente algumas dos lordes da noite que não tinham nada a ver com o momento de luta intensa.
Na parte gráfica, ele é mais do que vimos em Elden Ring, tem uma direção de arte boa, mas nada que se destaque em relação ao jogo anterior. Com o extra de ser ainda mais repetitivo graficamente do que o Elden Ring original.
Elden Ring: Night Reign tem legendas em português brasileiro e a qualidade está bem melhor do que o fiasco que tivemos no lançamento do original, o que mostra que aprenderam com o erro anterior, algo bem positivo pro time de localização.
Problemas na parte técnica
Por fim, também precisamos falar da parte técnica. Não é novidade para fã antigo da Fromsoftware que todo lançamento sofre com problemas técnicos em todas as plataformas, e aqui parece ser um caso especialmente pior.
A análise foi feita no PS5 base e quedas bruscas de FPS são constantes, além do jogo não segurar os 60 FPS. Travamentos acontecem quando a tela tem muitos inimigos ou o chefe solta muitas partículas no seu ataque, prejudicando ainda mais a experiência.
Outro aspecto técnico que incomoda profundamente é a ausência de Cross-play em pleno 2025 para um jogo desse tipo. Nightreign chega custando R$200 reais e é um absurdo esperar que 3 amigos consigam comprar ele na mesma plataforma para jogar juntos, quando um simples cross-play ajudaria na situação e melhorava as filas para quem for buscar solo.
Mas e aí, Elden Ring: Nightreign vale a pena?
Honestamente, é um jogo extremamente difícil de recomendar, até mesmo para fãs antigos da Fromsoftware. O maior mérito de Nightreign é os lordes da noite, mas todo o resto tem sérios problemas que impactam diretamente na experiência.
Se você tiver mais 2 amigos que já jogaram coisas da Fromsoftware anteriormente, é possível que se divirta com o jogo devido ao fator coop com pessoas que você gosta e a base do jogo ser boa, que é o combate do Elden Ring original, mas são 2 méritos que não são atribuídos ao Nightreign em si e se apoiar neles pra tentar vender um jogo não é uma boa escolha.
A sensação que fica é que se não tivesse o nome da Fromsoftware ao abrir o jogo, ele seria mais um rogue-like completamente esquecível e cheio de problemas de gente que não entende como faz um rogue-like bom e viciante.
No fim, a própria ideia central da concepção de Elden Ring: Night Reign é falha, jogos de loop como rogue-like quebram completamente a magia da fórmula da Fromsoftware e faz desse o jogo mais preguiçoso deles nos últimos 15 anos. Certos momentos chegam a ser tão repetitivos que os comentários que vemos na internet de “parece que juntaram um monte de mod e botaram no jogo” fazem uma injustiça com a comunidade modder de Elden Ring, que já entregou trabalhos mais caprichados do que esse.
Review feito com chaves para Playstation 5 cedidas pela Publisher.
Resumo para os preguiçosos
Elden Ring Nightreign é uma tentativa frustrada da Fromsoftware de fazer algo diferente, o jogo tem poucos méritos e diversos problemas amadores na hora de fazer um bom jogo com foco no multiplayer.
Prós
- Lordes da noite
- Combate
Contras
- Repetitivo
- Variedade nos chefes das primeiras noites
- Runs longas demais
- História ruim
- Diversos problemas com o multiplayer
- Re-uso excessivo de assets
- Queda de FPS e travamentos
- Sem cross-play