Dropsy – Review

A sua avó já deve ter lhe dito um milhão de vezes: nunca julgue um livro pela capa. Entretanto, essa característica muitas vezes persiste em residir no âmago da grande maioria das pessoas e mesmo aquele mais bem intencionado, vez ou outra, acaba cometendo o erro de julgar algo ou alguém sem ao menos conhecer direito.

Critical Hits
Receba as melhores ofertas em Games, Informática e Tecnologia no seu celular

Ué, mas por que abordar esse tipo de assunto no começo de uma análise de jogo? Por que é exatamente assim que eu posso começar descrevendo o personagem principal de Dropsy: um cara com um coração enorme, com desejo de fazer o bem, mas que geralmente é mal interpretado por possuir uma aparência um tanto quanto…estranha.

PUBLICIDADE

Dropsy é um jogo que tenta misturar a nostalgia clássica dos jogos point n’ click dos anos 90 com uma série de inovações e ideias mais recentes. O game foi publicado pela Revolver Digital e chamou a atenção justamente por abordar também alguns temas mais sérios como preconceito e afins. Além disso, o jogo acertou em cheio na escolha dos gráficos, já o visual pixelizado realmente te faz sentir como se estivesse jogando um velho game da Lucas Arts em alguns momentos.

YouTube video

Logo no início somos apresentados ao personagem, sem muito rodeio. O protagonista é um palhaço com um baita coração e que a princípio não tem nome. No decorrer do game, o objetivo do protagonista fica bastante claro: fazer outras pessoas felizes.

Escolher um palhaço como protagonista foi uma aposta bastante inteligente dos desenvolvedores. Apesar de muitas vezes a aparência destes personagens não ser das mais agradáveis para algumas pessoas, o objetivo principal de um palhaço e te fazer rir, te divertir e te fazer sentir bem, mesmo que ele de longe acabe parecendo um psicopata americano que se vestia de palhaço para sequestrar pessoas na década de 80.

Mas e como será que um palhaço munido de boa vontade pode conseguir fazer as outras pessoas felizes em um munda tão estranho? Ora, resolvendo quebra cabeças, é claro!

Apesar da jogabilidade se resumir a cliques rápidos com o mouse, o jogo está longe de ser simples e fácil. Alguns puzzles requerem tempo e dedicação do jogador, tanto é que até mesmo os diálogos com os NPC’s não é coisa fácil de se entender. Como os personagens do game não se comunicam através de uma linguagem clara e não existe qualquer tipo de legenda, você deve interpretar o que as pessoas te dizem decifrando uma série de imagens que aparecem dentro dos balões de diálogo. Como se isso não bastasse, o jogo também implementa um sistema de dia e noite que pode alterar drasticamente o que cada personagem quer dizer, já que eles mudam de lugar conforme o dia passa e lhe dizem coisas diferentes também.

Dropsy - Screen 3

Decifrar o que as pessoas querem até que não é difícil, o problema é conseguir fazer o que te pedem. Dropsy não é um dos jogos mais lógicos que existem por ai, o que significa que a maioria dos desafios não fazem muito sentido quando encarados da forma convencional. Por um lado isso acaba sendo legal já que o jogo te obriga a pensar de uma forma diferente para vence-lo, mas em contrapartida isso acaba sendo um tanto quanto chato as vezes. Eu confesso que apesar da “genialidade” dos quebra cabeças apresentados, me senti muito perdido durante a resolução de alguns puzzles, considerando algumas vezes até a recorrer a detonados na internet pra acabar de vez com aquela lamúria.

Algo que chama atenção tambem é que o game nada tem a ver com o horror retratado em alguns trailers liberados em datas anteriores ao seu lançamento. Existem sim algumas cenas um tanto quanto pesadas durante a jogatina – e com pesadas eu quero dizer “psicóticas”, mas talvez o maior horror seja acompanhar a história do protagonista em sua busca pela felicidade, mesmo sabendo que todos os odeiam devido a sua aparência.

Quanto a história, não há muito o que falar. O desenrolar dos fatos podem ter uma interpretação diferente para cada jogador, tanto que alguns encaram toda aquela loucura psicodelica presentes no dia-a-dia do jogo, como produtos da mente afetada do protagonista. De qualquer forma, Dropsy é um jogo divertido, bacana e sombrio que vale a pena ser jogado por qualquer fã que se preze dos antigos point n’ clicks dos anos 90.

João Víctor Sartor
João Víctor Sartorhttp://criticalhits.com.br
João Víctor Sartor é colaborador e sex-symbol do Critical Hits. Admirador das boas histórias, almeja de verdade escrever um livro algum dia. Divide seu tempo entre à leitura, jogatina, trabalho, engenharia e quando sobra tempo, vive.